O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada pela Abraji e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhados nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
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Comprova Explica

Investigado por: 2024-07-30

Entenda a diferença entre Brasil e EUA na tributação do imposto sobre herança

  • Comprova Explica
Comprova Explica
Brasil e Estados Unidos têm sistemas de cobrança de imposto sobre herança diferentes. Aqui, o recolhimento é estadual, por meio do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). A alíquota é variável em cada unidade da federação e pode chegar a 8%. Já nos Estados Unidos, existem dois impostos, um federal e outro estadual, com percentual que pode chegar a 40%, mas em casos raros.

Conteúdo analisado: Publicações em redes sociais desinformam ao fazer comparações entre a cobrança de imposto sobre herança no Brasil e nos Estados Unidos. Em um dos posts, o deputado federal Gustavo Gayer (PL) afirma que Lula “decidiu” que o imposto sobre herança no Brasil poderia chegar a 40%.

Comprova Explica: Uma declaração do presidente Lula (PT) durante discurso na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Buri (SP), em que ele comparou a cobrança de impostos sobre herança no Brasil com as regras dos Estados Unidos, repercutiu e levou à divulgação de conteúdos enganosos sobre o assunto. Por este motivo, a seção Comprova Explica esclarece como funciona o recolhimento deste tipo de tributo nos dois países, as diferenças nos sistemas e o contexto da fala do presidente.

Lula tratou sobre o assunto durante discurso no dia 23 de julho, na cerimônia de comemoração dos dez anos do campus Lagoa do Sino, da UFSCar. Conforme divulgado pelo Ministério da Educação, o campus foi fundado em 2014, após o escritor Raduan Nassar doar o terreno de sua fazenda. Lula contou a história da doação do terreno por Nassar e usou o exemplo para argumentar que nos Estados Unidos mais pessoas tomam decisões deste tipo do que no Brasil.

“Nos Estados Unidos, quando uma pessoa tem herança e ela morre, 40% da herança é paga de imposto. Uma fazenda dessa, se fosse vendida para os herdeiros, 40% era de imposto. Nos Estados Unidos, como o imposto é caro, você tem muitos empresários que fazem doação de patrimônio para universidade, para institutos, para laboratórios, para fundações”, disse o presidente.

No discurso, Lula argumentou que, no Brasil, isso não acontece porque o imposto cobrado é baixo. “Aqui, no Brasil, você não tem ninguém que faça doação, porque o imposto sobre herança é nada. É só 4%”, disse.

No entanto, o presidente apresentou apenas parte das informações sobre a cobrança do imposto sobre herança nos dois países. É verdade que nos Estados Unidos há possibilidade de imposto sobre herança chegar a 40%, mas os casos são raros. Já no Brasil, o recolhimento deste tipo de tributo é feito pelos estados e varia em cada unidade da federação, podendo chegar a 8%. Especialistas consultados pela reportagem destacaram que, levando em consideração os custos com taxas de cartório e advogados, o percentual de despesa geral na transmissão de herança pode ser ainda maior.

Como funciona a legislação sobre heranças no Brasil?

No Brasil, o imposto sucessório é estadual. A alíquota do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) pode chegar a até 8% sobre o valor do patrimônio, conforme teto estabelecido pelo Senado Federal.

“Como se trata de um imposto regulamentado por legislação de competência estadual, alguns estados adotam uma cobrança progressiva do ITCMD, como é o caso do Ceará, ao passo que outros possuem alíquota fixa”, explicou a advogada Patrícia Ciriaco, presidente da Comissão de Direito das Sucessões da Ordem dos Advogados do Brasil do Ceará (OAB/CE).

As alíquotas fixas são adotadas em dez estados brasileiros. São eles: Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Roraima e São Paulo. Nessas localidades, a alíquota independe do valor do patrimônio.

Advogado especialista em Direito das Sucessões e conselheiro da OAB de Goiás, Cícero Goulart afirma que o imposto brasileiro incide sobre o quinhão hereditário, ou seja, sobre a parcela do patrimônio que cada herdeiro recebe. Segundo Goulart, de acordo com o Código Civil Brasileiro, a herança se transmite a partir do momento do falecimento da pessoa e esta medida é formalizada em seguida por processo de inventário judicial ou extrajudicial (em cartório).

O Brasil tem faixas de isenção do pagamento do imposto que variam de estado para estado. A tributação só incidirá sobre o patrimônio acima da faixa estabelecida, que chega no máximo a R$ 75 mil.

A reforma tributária, discutida e aprovada no Congresso Nacional, determina a obrigatoriedade da cobrança do ITCMD de forma progressiva, ou seja, proporcionalmente ao montante da herança. O tema ainda deve ser regulamentado em nova lei.

Um dos vídeos analisados para produção deste Comprova Explica reproduz publicação de Gustavo Gayer, em que o parlamentar usa de forma descontextualizada a declaração de Lula para afirmar que o presidente pretende taxar as heranças em 40%. No discurso, o presidente não está tratando sobre o aumento do imposto. A reportagem entrou em contato com o deputado, mas não houve retorno até a publicação.

Como funciona a legislação sobre heranças nos EUA?

Ciriaco destaca que, nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, o imposto sobre herança pode ser cobrado tanto no âmbito federal, por meio do Estate Tax (que incide sobre o valor total do patrimônio do falecido), quanto estadual, pelo Inheritance Tax (sobre o valor da herança recebida por cada herdeiro).

A advogada explica que o Inheritance Tax é exigido em seis estados americanos: Kentucky, Maryland, Iowa, Nebraska, Nova Jersey e Pensilvânia. Já o Estate Tax, diz Ciriaco, que se aplica ao patrimônio deixado pelo falecido e não à transmissão da herança, é vigente em doze estados e no Distrito de Columbia, com alíquotas progressivas variando de 18% (para patrimônios de até US$ 10 mil) a 40% (acima de US$ 1 milhão).

Ou seja, os impostos podem ter alíquotas de até 40%, dependendo do valor da herança. No entanto, as regras do imposto federal sobre espólio definem uma isenção para patrimônios de até US$ 13,61 milhões. “A alíquota sobre heranças nos Estados Unidos raramente é de 40%, já que a taxa federal varia de 18% a 40% para aqueles que não se encaixam na alta isenção de cerca de U$ 13 milhões”, afirmou Ciriaco. Reportagem do Estadão também mostrou os casos em que o imposto é cobrado no nível mais alto.

Diferença entre os dois países na prática

De acordo com Ciriaco, comparar apenas as alíquotas dos dois países não é suficiente para a análise. “Embora no Brasil a alíquota máxima do ITCMD seja atualmente de 8%, o processo de inventário envolve custos adicionais, como taxas judiciais, emolumentos cartorários, honorários de advogados, etc, que representam um ônus significativo para as famílias brasileiras na transferência de bens para os herdeiros”, afirmou. Segundo ela, os estadunidenses frequentemente pagam menos impostos em comparação com os brasileiros.

Goulart faz análise semelhante sobre o assunto e aponta o nível de aumento do custo. “A despesa sobre herança no Brasil pode chegar a 37% a 40% (levando em consideração taxas de cartórios e outras despesas)”, disse o advogado.

Fontes consultadas: A equipe buscou informações na Constituição e em publicações de veículos parceiros. Também entrevistamos os advogados especialistas em Direito das Sucessões Patrícia Ciriaco e Cícero Goulart.

Por que o Comprova explicou este assunto: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições. Quando detecta nesse monitoramento um tema que está gerando muitas dúvidas e desinformação, o Comprova Explica. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: A seção Comprova Explica já mostrou as principais informações necessárias para não cair em desinformação na eleição de 2024. No âmbito da política, checagens do projeto já demonstraram que vídeo engana ao afirmar que prisão de Nego Di seria resultado de perseguição e que vídeo em que Lula diz querer roubar cachorro de criança é sátira.

 

Este Comprova Explica contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

 

Política

Investigado por: 2024-07-30

Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica a Bolsonaro em entrevista

  • Falso
Falso
Post que afirma que a skatista Rayssa Leal teria dedicado sua medalha olímpica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante entrevista cedida ao canal CazéTV é falso. A atleta não fez nenhuma menção ao político na conversa, disponível no YouTube.

Conteúdo investigado: Uma postagem traz uma foto da atleta Rayssa Leal durante a final de skate street nas Olimpíadas de Paris 2024 ao lado de uma foto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O autor da postagem adicionou a seguinte legenda: “Rayssa Leal em entrevista para a CazéTV: ‘Essa medalha eu dedico ao nosso Capitão Jair Bolsonaro. Eu desejo muito que em 2028 eu ganhe o ouro e que ele volte a ser presidente’”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso post segundo o qual a skatista Rayssa Leal teria dedicado, durante entrevista ao canal CazéTV, a medalha de bronze que ganhou nas Olimpíadas de Paris ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Como é possível verificar na gravação original, disponível no YouTube, ela não fez nenhuma menção ao político.

Após a conquista da medalha, a atleta, de 16 anos, conversou com a repórter Day Natale e o humorista Diogo Defante, da CazéTV. Entre outros pontos, ela falou sobre o nervosismo que sentiu antes das provas e destacou como o apoio da equipe e da torcida foi crucial para sua conquista. Em nenhum momento Rayssa dedicou a medalha a Bolsonaro ou a qualquer pessoa. Ela tampouco desejou que Bolsonaro volte a ser presidente em 2028, diferentemente do que diz o conteúdo falso. Após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele está inelegível até 2030.

Além de não ter observado questões políticas na entrevista, o Comprova não encontrou declarações de Rayssa relacionadas a Bolsonaro em nenhum outro momento de sua carreira como atleta.

A reportagem tentou contato com o autor do post, que não respondeu até a publicação deste texto. Após Estadão Verifica e Lupa terem publicado investigações sobre a postagem, o perfil publicou uma piada, dizendo-se orgulhoso do post com desinformação.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 30 de julho, a publicação checada pelo Comprova no X tinha 624 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Localizamos no YouTube a transmissão em que a entrevista foi realizada e assistimos ao vídeo completo. Também procuramos no Google por declarações da skatista que mencionasse eleições ou o ex-presidente.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Como informado acima, Estadão Verifica e Lupa verificaram o mesmo conteúdo sobre Rayssa. Post semelhante, mas das Olimpíadas de Tóquio, em 2021, dizendo que a trilha sonora usada pela ginasta Rebeca Andrade seria uma homenagem a Bolsonaro, também foi classificado pelo Comprova como falso.

 

Esta verificação contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-07-29

Malu Mader e TV Globo não receberam recursos da Lei Rouanet para novela

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao afirmar que a atriz Malu Mader ou a Globo estariam recebendo recursos da Lei Rouanet para a produção da novela “Renascer”. Consultas no portal de visualização do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura mostraram que não há benefícios direcionados para a artista ou a atração e, consultada pela reportagem, a Globo afirmou não utilizar recursos da lei em suas obras. O texto tem o objetivo de apoiar um boicote à obra, mas notícias recentes apontam que a aparição da atriz tem feito sucesso com o público.

Conteúdo investigado: Publicação afirma que recursos da Lei Rouanet estariam sendo utilizados para a produção da novela “Renascer”, citando a participação da atriz Malu Mader para convocar um boicote. O vídeo mostra a atriz declarando apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, em seguida, promovendo a obra da TV Globo.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É enganoso o post segundo o qual a atriz Malu Mader ou a novela “Renascer”, da Globo, teria recebido apoio da Lei Rouanet. O conteúdo usa dois vídeos: um de 2022 em que a artista apoia Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então candidato à presidência — o conteúdo fora postado nas redes do político —, e outro em que ela fala sobre a estreia na atração – a reportagem não conseguiu encontrar a origem desta gravação.

Pesquisas no portal de visualização do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Versalic) mostram que nem a atração, nem a atriz, cujo nome é Maria de Lourdes da Silveira Mäder, está sendo beneficiada pela lei. Além disso, para a TV, a lei permite o financiamento apenas de obras de caráter não comercial. Procurada pelo Comprova, a TV Globo informou que não utiliza recursos da Rouanet em suas obras.

O post pede que os seguidores boicotem a artista, mas Malu Mader vem fazendo sucesso na atração global. Segundo a Contigo!, a Globo ampliou a participação da atriz, que inicialmente seria de cinco capítulos, “após o retorno provocar uma comoção no público noveleiro e também causar um impacto positivo no Ibope”.

A reportagem tentou contato com a responsável pela publicação investigada, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 26 de julho, o post contava com mais de 200 mil visualizações, além de 11 mil curtidas e 2 mil comentários.

Fontes que consultamos: Plataforma Versalic, assessoria de imprensa da Globo e reportagens sobre a estreia de Malu Mader na novela.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outras peças de desinformação sobre a Lei Rouanet. Mostrou, por exemplo, ser sátira o vídeo no qual o ator Bemvindo Serqueira diz importar alimentos com recursos do incentivo destinado à cultura, e enganoso o post que insinuou que Zeca Pagodinho teria recebido dinheiro por meio da lei.

 

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-07-29

Ministério do Esporte não é o responsável por uniforme do Brasil nas Olimpíadas

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao afirmar que o uniforme dos atletas brasileiros nas Olimpíadas de Paris está relacionado a mudanças na gestão do Ministério do Esporte (Mesp), que envolveu a saída da medalhista Ana Moser, substituída pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA). Na verdade, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) é o responsável por fornecer os uniformes e é uma entidade não governamental. O modelo usado neste ano foi criado pela empresa Riachuelo, em parceria com o COB. A confecção das vestimentas começou em 2020 e contou com mais de 500 profissionais.

Conteúdo investigado: Vídeo em que homem critica o uniforme usado pelos atletas brasileiros na cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris e diz que isso é consequência da mudança no comando do Ministério do Esporte, durante o governo Lula (PT). “O Brasil está passando vergonha na França. Os uniformes da equipe olímpica estão um desastre, perdendo feio para uniformes produzidos pelas outras nações”, afirma o autor da publicação.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Publicação engana ao dizer que o uniforme usado pelos atletas brasileiros na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris tem relação com a substituição da medalhista olímpica de vôlei Ana Moser pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA) no comando do Ministério do Esporte (Mesp). Oficializada em setembro de 2023, a medida envolveu meses de negociação, sendo promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em busca de mais apoio no Congresso Nacional.

Desde que foi anunciada, a vestimenta dos atletas é criticada nas redes sociais, com comentários alegando falta de criatividade e comparações com as roupas de outras delegações. Ao contrário do que o autor do vídeo diz, o Ministério do Esporte não tem envolvimento com o uniforme.

A pasta destacou que cabe ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), uma entidade não governamental, prover as roupas de viagens, desfile, cerimônia de abertura e dia a dia na Vila Olímpica para todos os atletas brasileiros.

“É falsa a informação que o Ministério do Esporte seja responsável por confeccionar e fornecer kits de uniforme e equipamentos para a delegação brasileira”, declarou a pasta em comunicado publicado no dia 22 de julho.

As vestimentas deste ano foram criadas pela Riachuelo, em parceria com o COB. Como informado pela empresa, a produção contou com 500 profissionais e começou em 2020, cerca de três anos antes das mudanças no comando do Ministério. O processo para a criação da linha é longo e envolve muitas etapas, como briefing técnico, estudo de materiais, aprovações, modelagem e execução, informou a Riachuelo em comunicado.

Em nota enviada ao Comprova, o COB afirmou ser o responsável, com seus patrocinadores, pelos diferentes tipos de uniformes: Riachuelo pelas vestimentas de viagem; Riachuelo e Havaianas por roupas usadas na Cerimônia de Abertura; e Peak para os uniformes de pódio, Vila e treino. “O Ministério do Esporte não tem envolvimento nessa questão”, reforçou o órgão.

O autor do vídeo foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da verificação.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 26 de julho, o post contabilizava mais de 509 mil visualizações, 16,6 mil curtidas e 1,2 mil comentários.

Fontes que consultamos: Procuramos por reportagens sobre o tema e entramos em contato com o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro.

Uniforme brasileiro foi alvo de críticas na internet

Parte das críticas sobre o uniforme produzido para a delegação brasileira sugere que o traje seria muito simples, comum e até conservador. Responsável pela concepção das peças, a Riachuelo, patrocinadora do COB e marca de moda oficial do Time Brasil, em 2024, disse que as vestimentas exploram a fauna e a flora do país e ilustram a força da biodiversidade brasileira.

Segundo a marca, as cores das camisetas fazem alusão à bandeira do Brasil, com as tonalidades de verde, azul e amarelo presentes na maioria das peças. Já as jaquetas jeans foram confeccionadas por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, cidade no semiárido do Rio Grande do Norte.

Como mostrou o g1, o trabalho foi feito artesanalmente, peça por peça, pelas trabalhadoras locais. Segundo informou a Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Dantas à reportagem, o trabalho contou com 80 trabalhadoras da cidade, que usaram lápis, agulha, goma e máquinas de costura. O trabalho envolveu inicialmente 18 profissionais, mas aumentou devido à demanda.

Foram, ao todo, mais de 2,4 mil peças confeccionadas e entregues em cerca de cinco meses, sendo o último lote em abril.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Aos Fatos, Lupa e UOL já verificaram outras peças de desinformação sobre os uniformes utilizados pelos atletas brasileiros nas Olimpíadas. O Comprova também já fez outras checagens que envolvem o governo federal e mostrou ser sátira a montagem em que Lula diz querer roubar cachorro de criança e enganosa a afirmação de que todos os profissionais autônomos terão de pagar 26,5% de alíquota após a reforma tributária.

 

Esta verificação contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-07-26

Vídeo engana ao afirmar que prisão de Nego Di seria resultado de perseguição política

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao sugerir que o influenciador e comediante Nego Di foi preso após criticar o governo Lula (PT). A prisão do ex-BBB foi resultado de uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, iniciada em 2022, por acusações de estelionato.

Conteúdo investigado: Vídeo em que homem chama o governo Lula de ditadura e sugere perseguição estatal contra o influenciador Nego Di. No post, ele afirma que Monark estava certo quando alertou o comediante sobre suposta perseguição em uma conversa no X.

Onde foi publicado: TikTok e YouTube.

Conclusão do Comprova: Postagem engana ao afirmar que o influenciador Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, foi preso porque estaria sendo perseguido por críticas ao governo Lula (PT) no durante as enchentes no Rio Grande do Sul.

Não há indício de que a prisão do comediante tenha sido efetuada por razões políticas. O influenciador foi preso em 14 de julho em operação deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que investiga crime de estelionato praticado contra 370 pessoas. As autoridades apuram o caso desde 2022, portanto antes da posse de Lula na presidência.

O comediante também foi alvo da operação Rifa$, deflagrada em 12 de julho pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre. O ex-BBB e a esposa, Gabriela Sousa, são acusados de lavagem de cerca de R$ 2 milhões com rifas virtuais ilegais e fraudes nas redes sociais.

O vídeo verificado, publicado pelo youtuber Ricardo Albuquerque, conhecido como Peter Turguniev, revela que Monark, também influenciador digital, teria alertado Nego Di sobre uma possível “perseguição”. No vídeo, Peter apresenta um print do X, no qual o ex-podcaster aconselha o humorista a comprar bitcoins e estar preparado para deixar o país. Em resposta, Nego Di descartou os conselhos e afirmou que existe “um abismo” entre as atitudes e falas dos dois.

O diálogo ocorreu entre os dias 14 e 15 de maio, logo após o Tribunal de Justiça (TJ) determinar que Nego Di deveria apagar publicações com informações falsas sobre as enchentes. Ele chegou a postar, por exemplo, um vídeo antigo de uma pessoa morta em outra tragédia como se tivesse sido gravado no RS. A Justiça ordenou a exclusão imediata das postagens e proibiu o influenciador de reiterar as afirmações falsas, sob pena de multa de R$ 100 mil.

Após a resposta do comediante, Monark repostou comentário de um seguidor que concordou com o alerta feito à Nego Di e afirmou que o influenciador “ainda acredita que se pode ser livre e não sofrer as consequências”.

Ao contrário do que alega o vídeo verificado, todas as denúncias foram realizadas em âmbito estadual, por meio da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio Grande do Sul, sem participação de órgãos federais.

Sobre a prisão de Nego Di, o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Fernando Sodré, negou em entrevista à CNN que a detenção tenha sido motivada por perseguição política. Ele destacou que as investigações começaram em 2022, antes mesmo de Lula tomar posse e de qualquer manifestação político-partidária feita por Nego Di. Ainda segundo Sodré, a investigação foi concluída em 2023, antes das enchentes.

O investigador aponta também que as provas do caso são técnicas e que, para a polícia, não há dúvida de que o influenciador tenha entrado em processo indevido e ilícito.

Em resposta ao Comprova, a defesa de Nego Di afirmou que a prisão de Anderson Bonetti, apontado como sócio do influenciador, realizada no dia 22 de julho é “decisiva para o esclarecimento dos fatos e comprovação da inocência do criador de conteúdo digital”. As advogadas Tatiana Borsa e Camila Kersch reforçaram ainda que o processo tramita em segredo de Justiça e, por esse motivo, a defesa irá se manifestar em momento oportuno.

A reportagem também entrou em contato com o autor do vídeo, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 26 de julho, a publicação checada pelo Comprova no TikTok tinha 33 mil visualizações. Já no Youtube, de onde o corte foi retirado, o vídeo passava de 85,3 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Localizamos no YouTube a publicação do vídeo original, a partir do qual foi feito o recorte. Também usamos como fonte uma reportagem publicada pela CNN. Para reunir informações sobre as denúncias contra o Nego Di consultamos o site da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio Grande do Sul e entramos em contato com a assessoria do influencer.

Acusações contra Nego Di

Nego Di foi preso em 14 de julho em uma residência na praia de Jurerê, em Florianópolis (SC), na Operação 300+, derivada de uma investigação que durou mais de um ano. Nesse período, foram analisados documentos, 370 ocorrências e seus anexos, centenas de laudas de dados bancários e 73 vídeos..

O sócio do ex-BBB, Anderson Bonetti, também é investigado. Em março de 2022, os dois criaram a loja virtual “Tadizuera”, vinculada à imagem do influenciador, na qual seriam vendidos produtos como televisores, ares- condicionados e celulares, abaixo do preço de mercado. Segundo as investigações, os itens, no entanto, nunca foram entregues aos compradores. O site foi suspenso por decisão judicial em junho de 2022, e o prejuízo ocasionado pela fraude é de cerca de R$ 5 milhões.

Em outra investigação do MPRS, Nego Di e sua esposa são suspeitos de fraude e lavagem de dinheiro. Segundo o órgão, o casal arrecadou cerca de R$ 2 milhões com a promoção de rifas virtuais ilegais. Os prêmios, que seriam valores em dinheiro e bens de alto valor, também não teriam sido entregues.

Na operação Rifa$, deflagrada em 12 de julho, em Santa Catarina, o MP apreendeu dois veículos de luxo, munição e arma de uso exclusivo das Forças Armadas sem registro. Gabriela foi presa em flagrante por porte ilegal do armamento, mas foi solta após pagar fiança de R$ 14 mil.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Durante o período das enchentes no Rio Grande do Sul, o humorista foi uma das figuras públicas que disseminou desinformação sobre a atuação dos governos federal e estadual. O Aos Fatos mostrou ser falso um boato amplamente divulgado por Nego Di de que o governo do RS estaria barrando jet-skis e barcos de voluntários. O Comprova já mostrou ser enganoso que todos os profissionais autônomos serão obrigados a pagar 26,5% em impostos com a reforma tributária e que a Europa estaria barrando importações do Brasil.

 

Esta verificação contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-07-23

É montagem vídeo em que Lula diz querer roubar cachorro de criança

  • Sátira
Sátira
É uma sátira o vídeo em que o presidente Lula (PT) diz para uma garotinha que gostaria de roubar o cachorrinho dela e sair correndo. Um perfil de conteúdos de humor fez uma montagem a partir de um vídeo postado pelo presidente em maio, quando ele visitou desabrigados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, e ali conversou com uma menina que estava com o animal. Sobre a gravação, foi inserido, no post investigado aqui, áudio de entrevista dele ao podcast PodPah em 2021, quando Lula disse que, quando pequeno, tinha vontade de comer maçãs argentinas que via na feira e, para tal, pensava em roubá-las e sair correndo.

Conteúdo investigado: Vídeo mostra Lula conversando com uma menina enquanto segura um filhote de cachorro. Ele diz que tem vontade de “roubar e sair correndo”. O autor do vídeo colocou como título a frase “Queria roubar o cachorro da criança” acompanhada de um emoji chorando.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É satírico vídeo viral no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece segurando um cachorro e falando: “Tinha vontade de roubar e sair correndo”. A postagem é uma montagem feita a partir de um vídeo de Lula sobreposto por um áudio extraído de uma entrevista ao podcast PodPah, em 2 de dezembro de 2021.

O vídeo original foi postado na conta oficial do presidente, no X, em 15 de maio de 2024. É possível ouvir a conversa entre Lula, que segura um filhote de cachorro, uma mulher e uma garotinha. Ele diz, originalmente: “Estava onde? Estava onde a madame?”, referindo-se ao cão.

A mídia original foi feita durante uma visita do presidente aos desabrigados pelas enchentes na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul (RS), em maio deste ano. Durante a visita a um abrigo para 1.500 pessoas, montado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Campus São Leopoldo (RS), ele anunciou um pacote de medidas para a reconstrução do estado. Uma matéria da Agência Brasil detalha que aquela era a terceira ida do presidente ao RS desde o início da crise climática.

É possível perceber, no post investigado, que há falta de coordenação entre a fala e a forma como Lula movimenta a boca. A cadência da voz e as palavras utilizadas na live do Podpah são semelhantes àquelas ouvidas no início do vídeo checado e é possível perceber um corte na fala logo após “tinha vontade de roubar”. Na entrevista, Lula diz “uma maçã” após essa frase, mas essa parte foi suprimida na peça viral, dando a entender que ele se referia ao cachorro da criança. O vídeo editado foi compartilhado em outras duas publicações, uma no YouTube e outra no Instagram.

Já a declaração de Lula, na qual ele afirma que “tinha vontade de roubar e sair correndo”, foi retirada de contexto. A versão sem cortes pode ser identificada na live do Podpah. A partir do minuto 1:22:26, ele diz: “Eu tinha vontade de comer uma maçã, naquele tempo tinha umas maçãs argentinas na feira. Eu tinha vontade de roubar uma maçã. Roubar e sair correndo e comer. Eu não roubava com medo da minha mãe.” O presidente fez essa declaração para exemplificar a criação que recebeu, ao responder à pergunta de um dos apresentadores sobre por que, quando foi preso em 2018, ele não escolheu ir para outro país para escapar da prisão.

A reportagem entrou em contato com o autor da postagem, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Sátira, para o Comprova, é o meme, paródia ou imitação publicada com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros ou quando circulam por outros meios sem a identificação de conteúdo humorístico feita pelo autor.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 22 de julho, a publicação no TikTok tinha 3,2 milhões de visualizações e 88 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Localizamos no X, a partir de busca no Google, a postagem com o vídeo original e a comparamos com o conteúdo da peça investigada. Também no Google pesquisamos por: “Tinha vontade de roubar e sair correndo – Lula”, e chegamos até outro meme que usava um recorte do vídeo do PodPah. Para encontrar o link da entrevista no YouTube, foi feita uma pesquisa reversa a partir de um print do vídeo citado anteriormente. Assistimos o conteúdo e identificamos o trecho do áudio que foi inserido na mídia falsa.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outras duas publicações que distorcem ou enganam sobre falas de Lula. Uma delas investigou um vídeo com recortes de discursos do presidente e a outra verificou uma publicação que tira de contexto uma fala sobre “universidade ser para ricos”. O UOL Confere checou que Lula não disse em entrevista que “roubou” R$ 1,2 trilhão em seu governo. O Aos Fatos identificou que um vídeo foi editado para fazer crer que ele apoia roubo de celular como meio de sobrevivência.

 

Esta verificação contou com a participação de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

Política

Investigado por: 2024-07-22

Haddad não citou taxas e impostos em entrevista a Marília Gabriela; vídeo teve áudio editado

  • Sátira
Sátira
Vídeo em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, responde a perguntas de Marília Gabriela com referências a taxas e impostos é sátira. Na entrevista original, de 2013, ele era prefeito de São Paulo e conversou com a jornalista sobre temas políticos e relacionados à cidade.

Conteúdo investigado: Vídeo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com a jornalista Marília Gabriela, no programa “De Frente com Gabi”, do SBT. Nas respostas à entrevistadora, Haddad sempre menciona temas ligados a aumento de taxas e impostos. Na legenda, o autor do post usou emojis com risada.

Onde foi publicado: Instagram.

Conclusão do Comprova: É satírico o vídeo viral em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, responde a perguntas da jornalista Marília Gabriela com referências à cobrança de taxas e impostos. A postagem insere áudio em um trecho da entrevista de Haddad ao programa “De Frente com Gabi”, em 2013. Na época ele era prefeito de São Paulo.

A publicação altera o momento em que Marília faz um “jogo rápido”, quadro conhecido de seu programa, em que o entrevistado responde às perguntas sucintamente. Nesta montagem, o áudio, em tom satírico e com características de uso de inteligência artificial (sonoridade eletrônica na voz e falta de coordenação entre o áudio e a forma como a pessoa movimenta a boca), muda as perguntas de Marília e as respostas de Haddad.

Ao contrário do que mostra na peça viral, na entrevista real, Marília inicia o “jogo rápido” com Haddad com uma pergunta sobre o mensalão. Ela ainda pergunta ao então prefeito sobre Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski e escolas públicas e privadas.

Na peça de desinformação, foram atribuídas à jornalista, por exemplo, as perguntas “um filme?”, “um momento no futebol?” e “um animal?”. As respostas de Haddad foram alteradas, respectivamente, para “o cobrador de impostos”, “cobrança de falta” e “leão”, esta última em referência ao imposto de renda. Nos comentários, parte dos internautas faz outras piadas sobre o assunto, como “um desenho: Bob Esponja Calça Taxada”, mas também há críticas ao ministro.

O episódio original da entrevista com Haddad está disponível no YouTube, dividido em quatro partes, sendo o “jogo rápido”, a última. Quando concedeu a entrevista ao SBT, Haddad estava nos primeiros meses à frente da Prefeitura de São Paulo. Na oportunidade, ele tratou de outros temas como estragos provocados pelas chuvas de verão, trânsito e política.

Ministro é alvo de memes nas redes sociais

Desde o início de julho, Haddad tem sido alvo de memes nas redes sociais com o intuito de criticar suas decisões à frente do Ministério da Fazenda (aqui, aqui e aqui). Apelidos como “taxad”, “zé do taxão” e “o taxador do futuro” são usados pelos internautas para se referir ao ministro. O contexto é de sanção de taxa de compras internacionais de até US$ 50 e debate de regulamentação da reforma tributária.

Mesmo com a repercussão, o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, minimizou o impacto dos memes e disse que Haddad está fortalecido e será conhecido por ações como ampliar isenção do Imposto de Renda e o cashback, medida para devolver imposto aos mais pobres, que está previsto na reforma tributária.

A reportagem entrou em contato com o autor da postagem, mas não houve retorno até a publicação.

Sátiras, para o Comprova, é o meme, paródia ou imitação publicada com intuito de fazer humor. O Comprova verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros ou quando circulam por outros meios sem a identificação de conteúdo humorístico feita pelo autor.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 19 de julho, a publicação tinha 39,4 mil curtidas e 2,2 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: Assistimos no YouTube a entrevista original de Haddad a Marília Gabriela e comparamos as perguntas e respostas que constam na publicação. Também pesquisamos reportagens publicadas recentemente que mostram o contexto da onda de memes relacionadas ao ministro.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já mostrou que post engana ao afirmar que atentados contra Trump e Bolsonaro foram forjados. Outras checagens também demonstraram ser falso que Lula tenha sido vaiado em evento e aconselhado por Janja a deixar microfone e que presos que aparecem em vídeo não são ex-membros da Suprema Corte de El Salvador.

Política

Investigado por: 2024-07-19

Europa não está “barrando importações do Brasil”; post distorce fala de embaixador

  • Enganoso
Enganoso
Post engana ao afirmar que Europa está “barrando importações do Brasil”. A postagem distorce e tira de contexto a fala do embaixador brasileiro Pedro Miguel da Costa e Silva citada em reportagem do jornal britânico Financial Times. À publicação, o diplomata alegou que os dados da União Europeia (UE) identificaram erroneamente áreas de desmatamento no Brasil. Uma nova regulamentação da UE proíbe importação de produtos produzidos ilegalmente em terras desmatadas após 31 de dezembro de 2020, mas ela só entrará em vigor a partir de 30 de dezembro de 2024.

Conteúdo investigado: Post afirma que a Europa está barrando importações do Brasil provenientes de áreas de desmatamento. O embaixador do Brasil na Europa, Pedro Miguel da Costa e Silva, teria respondido que “os dados de desmatamento estão errados”. A publicação diz ainda que esses mesmos dados eram usados para acusar o governo Bolsonaro de desmatar a Amazônia.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que a Europa “está barrando importações do Brasil”. A nova regulamentação de produtos livres de desmatamento será aplicada a partir de 30 de dezembro deste ano. A publicação distorce matéria do Financial Times, publicada em 16 de julho de 2024, que relata o pedido de países como Brasil, Austrália e Colômbia para que o novo regime seja adiado. Os governos alegam que a União Europeia (UE) está utilizando dados imprecisos para identificar áreas desmatadas. Para eles, a decisão pode levar ao banimento injusto de produtos a partir do ano que vem.

O post cita que o governo brasileiro “mandou um: ‘espera, os dados de desmatamento estão errados. Não foi desflorestado tanto assim, muita coisa que era identificado como floresta na verdade não era floresta’”. Esse trecho distorce a fala de Pedro Miguel da Costa e Silva, embaixador do Brasil junto à União Europeia, publicada pelo Financial Times. A declaração do diplomata à UE diz que “o nosso setor privado tem documentado múltiplos casos de plantações de cacau e café, bem como de plantações de árvores cultivadas comercialmente, que são erradamente identificadas como florestas”.

Diferente da fala original, o tuíte desinforma ao sugerir que o embaixador teria minimizado o desmatamento na Amazônia, a fim de contornar a possível proibição dos produtos. O trecho dá a entender que o governo brasileiro decidiu rever os próprios dados, quando, na realidade, contestou o compilado apresentado pela UE, assim como outros países. No caso da Austrália, a reportagem do Financial Times explica que há divergência na definição de área florestada adotada pelo país e pela UE, o que pode ser observado em dois mapas sobrepostos.

O tuíte também acusa o governo de usar “esses mesmos dados para afirmar que o governo Bolsonaro estava desmatando toda a Amazônia”. De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), durante a gestão de Jair Bolsonaro, entre 2019 e 2022, o desmatamento da Amazônia teve a pior marca já registrada e chegou aos 35.193 km² devastados – área que supera o tamanho de estados como Sergipe e Alagoas. Segundo o Instituto, o primeiro bimestre de 2024 fechou com a menor derrubada da floresta dos últimos seis anos, desde 2018.

O conflito com a UE gira em torno da definição do que é considerado área de desmatamento. Os países membros do bloco possuem diferentes critérios para definir essas áreas, o que dificulta a aplicação da lei. A UE adota a definição da Food and Agriculture Organization (FAO), uma agência da ONU que atua no combate à fome. Para ela, desmatamento é “a conversão de florestas em outro uso da terra, independentemente de ser induzida pelo homem ou não”. Estão inclusas as áreas de floresta convertidas em agricultura, pastagem, reservatórios de água, mineração e áreas urbanas.

Já o Projeto Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Imazon classificam o desmatamento como o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal. Ao Projeto Comprova, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, explicou que o governo usa dados do PRODES para monitorar o desmatamento. A pasta não soube informar, porém, a fonte dos dados do “setor privado”, que o embaixador menciona.

O Regulamento sobre Produtos Livres de Desmatamento da UE (EUDR) visa proibir a importação de produtos produzidos ilegalmente, em terras desmatadas após 31 de dezembro de 2020 ou que não são rastreáveis. Países como Áustria, Grécia e Finlândia pediram para a UE reconsiderar o cronograma de aplicação da nova regulamentação. Brasil, Austrália e Colômbia se juntaram aos EUA para pedir à UE que adie a legislação. Outros três países, incluindo o Canadá, reclamaram dos mapas de desmatamento adotados.

Para o Comprova, enganoso é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações, que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova entrou em contato com o autor do tuíte através do e-mail, mas não houve retorno até a conclusão deste conteúdo.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia (19), o post somava mais de 253 mil visualizações e cerca de 7 mil curtidas.

Fontes que consultamos: Procuramos a reportagem original do Financial Times, cujo print aparece no tuíte verificado aqui. Dados da União Europeia foram consultados no site Observatório da UE sobre desflorestação e degradação florestal. Dados do Brasil constam em reportagens do Imazon.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já publicou outras verificações relacionadas a desmatamento e Amazônia. Foi mostrado, por exemplo, que a retirada de gado de áreas rurais tem a ver com desmatamento ilegal, não com suposta venda da Amazônia, ao contrário do que acusava post. Em novembro do ano passado, também foram divulgados dados dos governos mais recentes apontando que o desmatamento na Amazônia cai, mas queimadas crescem.

Política

Investigado por: 2024-07-19

Vídeo enganoso sugere imposto de 26,5% sobre todo autônomo; reforma tributária cria exceções

  • Enganoso
Enganoso
Vídeo engana ao dizer que todos os profissionais autônomos terão que pagar alíquota de 26,5% sobre o faturamento após a implementação da reforma tributária. O Ministério da Fazenda e especialistas afirmam que a maioria dos profissionais podem ser incluídos na categoria microempreendedor individual (MEI) e no Simples Nacional, cujas taxas são menores, ou definidos como nanoempreendedor, regime no qual não há cobrança.

Conteúdo investigado: Vídeo com a legenda “Este conteúdo contém ironia! Mais uma tragédia para o brasileiro, estão taxando tudo, mas o que mais me irrita é ver gente que ainda continua defendendo”, em que homem alega que todos os profissionais autônomos pagarão 26,5% do faturamento em tributos, após a implementação da reforma tributária, e quem não pagar será condenado pelo Estado por sonegar impostos.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: Vídeo engana ao afirmar que todos os profissionais autônomos serão obrigados a pagar 26,5% do faturamento em impostos com a reforma tributária, aprovada em dezembro de 2023, após 30 anos de discussão, e em fase de regulamentação no Congresso Nacional.

O autor da publicação sugere que essa alíquota recairá, principalmente, sobre motoristas de aplicativo e outras profissões como pintor e pedreiro. “Não estou acreditando que você ainda não agradeceu seu amigo petista”, critica, de forma irônica.

No vídeo, o homem alega que a inclusão de profissionais autônomos no pagamento da alíquota está descrita no artigo 21 da reforma tributária. Ele se refere ao texto do Projeto de Lei Complementar (PLC) 68/2024, texto da regulamentação da reforma tributária aprovado na Câmara e que tramita no Senado. A norma detalha a implementação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que reúne ICMS e ISS, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), referente a PIS/Cofins e IPI. Juntos, eles formarão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

O artigo 21 do PLC diz, no entanto, que quem está sujeito ao regime regular do IBS e da CBS é o contribuinte que não realizar a opção pelo Simples Nacional ou pelo microempreendedor individual (MEI), e não todos os profissionais autônomos.

O Ministério da Fazenda disse ao Comprova que os trabalhadores autônomos podem optar pelo Simples Nacional e pelo MEI. Nesses casos, a incidência de tributo é menor.

Além disso, o governo federal criou uma nova categoria na reforma tributária, a dos nanoempreendedores, que são trabalhadores informais com renda anual de até R$ 40,5 mil, o equivalente a R$ 3.375 por mês, e metade do MEI, que é de R$ 81 mil. Especialistas em tributação ouvidos pelo Comprova também afirmaram que o vídeo distorce informações a respeito da alíquota sobre os trabalhadores informais.

Procurado pela reportagem, o autor do vídeo disse que não se referia a todos os profissionais autônomos e que nos comentários explicou que a alíquota depende de profissões que são ou não regulamentadas.

Para o Comprova, enganoso é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 17 de julho, o vídeo somava 552,2 mil visualizações, 57, 5 mil curtidas, e quase 2,5 mil comentários.

Fontes que consultamos: Buscamos a íntegra do PLC 68/2024, bem como reportagens a respeito da reforma tributária. Consultamos o Ministério da Fazenda e as professoras de direito tributário Bianca Xavier, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Santuzza Pereira, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que também atua como procuradora no estado.

Diferença entre Simples Nacional, MEI e nanoempreendedor

Segundo o Ministério da Fazenda, o profissional que optar pelo MEI, por exemplo, terá que pagar R$ 3,00 de tributo ao mês. No caso dos demais profissionais, a cobrança será feita com base nos documentos fiscais por eles emitidos, sendo que no caso do Simples Nacional é aplicável a alíquota desse regime de acordo com a receita bruta em 12 meses.

Os que são optantes do MEI ou do Simples já seguem as regras desses regimes, que permanecerão as mesmas. Os trabalhadores autônomos de outras categorias estão sujeitos ao ISS, cuja alíquota varia de município para município e pode chegar a 5%. O ISS, no entanto, é um tributo cumulativo, de forma que o valor do imposto não gera crédito para o contratante, se tornando custo e sendo transferido para o preço do serviço.

A professora Santuzza Pereira explica que a proposta legislativa sugere que os nanoempreendedores sejam isentos dos impostos sobre o consumo, como o IBS, nas esferas estadual e municipal, e a CBS, do governo federal, a menos que optem por contribuir com esses tributos.

“Essa opção de isenção permite que os nanoempreendedores mantenham a simplicidade em suas obrigações tributárias e reduzam seus custos operacionais, enquanto ainda lhes oferece a flexibilidade de escolher entre permanecer no regime do Simples ou migrar para o regime baseado no IVA”, afirma. “Tal estrutura busca apoiar esses pequenos empresários ao minimizar a carga tributária enquanto facilita a entrada no mercado formal”, afirma.

Quem deve pagar a taxa de 26,5%

Na mesma linha, a professora Bianca Xavier diz que a maioria dos autônomos está sujeita ao ICMS e ao ISS, e que nem todos vão ser obrigados a pagar o tributo. Nanoempreendedor, até R$ 40,5 mil, está fora da regra de pagamento, assim como o MEI ou o Simples. Concordo que será difícil sonegar porque teremos um sistema de apuração de tributos informatizado”, salienta.

Segundo ela, estarão sujeitos às taxas aqueles motoristas de aplicativo, por exemplo, que não estiverem no MEI, Simples ou que não se enquadrem como nanoempreendedor.

No modelo atual da cobrança de impostos no Brasil, profissionais autônomos não inscritos no MEI pagam o ICMS, quando vendem mercadorias, ou o ISS, quando prestam serviços. A carga tributária varia de acordo com estado ou município. Quem vende no Rio de Janeiro, por exemplo, está sujeito a alíquota média de 22% de ICMS, a depender do produto e dos créditos, e o prestador de serviços deve pagar R$ 113,70 ao mês.

Reportagem publicada pelo jornal O Globo, no início de julho de 2024, mostra que as mudanças previstas com a reforma devem incentivar a adesão de motoristas de aplicativos à formalização como microempreendedores ou pequenos empresários, na avaliação de integrantes do governo.

Projeto está em fase de regulação no Congresso Nacional

O Projeto de Lei 68/2024 foi aprovado na Câmara dos Deputados e encaminhado ao Senado Federal. Caso seja alterado pelo Senado, terá que retornar à Câmara. Após a aprovação, o projeto vai para sanção presidencial para ser posteriormente publicado. Ele passa a valer para a CBS integralmente a partir 2027; e parcialmente para o IBS, que irá substituir o ICMS e o ISS percentualmente a cada ano, até desaparecer em 2033.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outras peças de desinformação sobre a reforma tributária e mostrou que um vídeo engana ao dizer que o projeto é inconstitucional e que um secretário do governo não confirmou que haverá cobrança de novo imposto sobre o Pix.

Política

Investigado por: 2024-07-19

Vídeo com dublagem falsa engana ao dizer que Trump enviou mensagem para Bolsonaro após atentado

  • Falso
Falso
É falso vídeo dublado do ex-presidente Donald Trump com uma mensagem a Jair Bolsonaro (PL) após sofrer um atentado em 13 de julho. O vídeo original, gravado em 2022, é uma mensagem de apoio do republicano ao ex-presidente brasileiro que estava em campanha pela reeleição.

Conteúdo investigado: Vídeo gravado pelo ex-presidente Donald Trump com mensagem para Jair Bolsonaro (PL). No conteúdo, a fala do republicano é sobreposta por uma suposta tradução em português.

Onde foi publicado: TikTok e WhatsApp.

Conclusão do Comprova: O ex-presidente e candidato à presidência dos Estados Unidos Donald Trump não enviou um vídeo para Jair Bolsonaro (PL) após o atentado de 13 de julho afirmando que “tentaram fazer comigo a mesma coisa que fizeram contigo”. A gravação de Trump, na verdade, foi feita em 2022 e se trata de uma declaração de apoio à reeleição do brasileiro, que, na época, publicou a mensagem em suas redes sociais.

No vídeo, é possível ouvir uma fala do Republicano sobreposta por um áudio em português com voz robótica que seria a tradução. No entanto, o conteúdo dessa tradução é inventado e não corresponde ao que Trump diz.

No vídeo original, o ex-presidente americano afirma: “Povo do Brasil, vocês têm uma grande oportunidade de reeleger um líder fantástico, um homem fantástico, um dos maiores presidentes que qualquer país do mundo poderia ter, Presidente Bolsonaro. Ele fez um trabalho absolutamente incrível com a economia no país de vocês. Ele é respeitado por todos em todo o mundo. Portanto, apoio fortemente o presidente Bolsonaro. Ele será seu líder por, eu espero, muito tempo. Ele está levando seu país a um grande patamar. E mais uma vez, o seu país é agora respeitado por causa dele em todo o mundo. Então saiam de casa e votem em Bolsonaro.”

O texto da tradução mentirosa, no entanto, diz outra coisa. “Bolsonaro, meu amigo, tentaram fazer comigo a mesma coisa que fizeram contigo”, “Eles estão por toda parte, mas isso não vai ficar assim” e “Tentaram me matar. A indignação tomou conta de mim. Este não foi apenas um ataque contra a minha vida, mas uma afronta direta à nossa democracia e aos valores que defendemos”, são alguns dos trechos.

A sobreposição atrapalha o entendimento do áudio original. No entanto, é possível observar que, embora a falsa tradução comece com “Bolsonaro, meu amigo”, Trump não fala o nome do ex-presidente no início do áudio. Também é possível identificar que o estadunidense fala o nome de Bolsonaro três vezes na fala original, mas isso não ocorre na faixa sobreposta.

O Comprova tentou falar com dois dos perfis encontrados com trechos do vídeo com dublagem falsa, mas não teve retorno.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O vídeo foi reproduzido por outras contas e teve até o dia 16 de julho 286 mil visualizações. No entanto, pouco depois, as publicações foram apagadas.

Fontes que consultamos: Reportagens sobre o conteúdo e a publicação original do vídeo.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema:

A Folha de S. Paulo, a Reuters, o Estadão Verifica e Fato ou Fake, do G1, também verificaram o conteúdo.

O Comprova já checou outros conteúdos que distorcem ou tiram vídeos de contexto e mostrou ser enganoso que membros da Suprema Corte de El Salvador foram presos e falso que Lula (PT) tenha sido vaiado em evento e aconselhado por Janja a deixar microfone.