Se somadas, as aparições do Pinguim no filme “Batman” (2022) somam menos de seis minutos. Mas, ao dispensar cartola e monóculo e dar ares de Al Capone ao vilão, a performance de Colin Farrel se destacou. E, agora, ganha fôlego extra em “Pinguim”, minissérie que estreia amanhã na HBO e está também no catálogo do streaming Max. Criada por Lauren LeFranc, a obra tem produção executiva de Matt Reeves, diretor do último filme do Homem-Morcego, cuja sequência chega em 2026.
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Por enquanto, teremos oito episódios em que Farrell (irreconhecível debaixo de próteses e maquiagem) assume a persona de gângster em busca do controle do crime em Gotham City. E, apesar do propalado objetivo de “humanizar o Pinguim”, ele segue um vilão implacável, daqueles que atiram antes e não se arrependem depois.
Batman (vivido por Robert Pattinson no longa de Reeves) nem aparece na série. O foco permanece em Farrell, que, além de protagonista, é um dos produtores-executivos de “Pinguim”. O ator irlandês diz que, em comparação com o filme, a série lhe trouxe a oportunidade de ir além na construção do criminoso.
— No filme, ele era só um empresário de uma boate. Eu sabia que ele era tímido, e parecia estar no controle da situação, mais do que realmente estava — disse o ator, em coletiva de imprensa por vídeo.
Sonho e poder
Em chamada de vídeo com o GLOBO, Matt Reeves acrescentou:
— Uma das coisas emocionantes em fazer o Pinguim foi poder olhar para quem é Oz (apelido de Oswald Cobblepot, nome “real” do Pinguim). Achei que seria interessante fazer uma história clássica de gângster, o lado sombrio do sonho americano. É uma pesquisa profunda sobre como esse cara (o Pinguim) acumula poder.
Fica claro na série que, apesar de toda a truculência aparente, Pinguim é um sujeito absolutamente inseguro. O jogo da fragilidade e da força bruta, diz Reeves, foi pensado para dar sabor agridoce ao roteiro.
— Pela minha experiência, agressividade busca compensar vulnerabilidade. A masculinidade tóxica vem de uma tremenda sensação de insegurança — conclui o produtor.
Para Farrell, a chave para todo sofrimento vivido por Oz (que inclui traumas da infância e a busca por pertencimento) pode ser notado na conturbada relação que ele mantém com sua mãe. As questões maternais e afetivas, diz o ator, foram a tônica construir a figura vacilante do seriado.
Enquanto lida com suas questões pessoais, o Pinguin topa com a impetuosa Sofia Falcone (Milioti), antagonista que deseja tomar as rédeas do crime de Gotham após a morte do pai mafioso. A moça acaba de voltar de uma estada no Asilo Arkham, célebre sanatório das histórias de Batman. Outro elemento interessante é Victor (Feliz), aliado de primeira hora de Oz após ser flagrado tentando roubar seu carro, ainda no comecinho do seriado. Da tensão do momento do flagra, brota uma cooperação entre ambos.
— A chegada de Sofia e Victor dá a oportunidade entrar na psicologia de Oz — disse Farrell.
A verdadeira estrela do seriado, porém, é a imponente maquiagem usada por Farrell na pele do Pinguim. Caracterizado, o ator aparece coberto de uma pele irregular, cheia de cicatrizes, além de um feioso dente de ouro. O andar ganha um ritmo irregular, e a silhueta corpulenta ajuda a criar a sensação de que Oz está sempre um tanto fora do prumo.
— A primeira vez que vi (o visual do personagem) foi em uma ilustração no computador do escritório do Matt Reeves, em Londres. Naquela imagem já havia tristeza e violência — disse o ator. — A jornada inteira foi divertida, de experimentação. Caminhei pela trilha traçada por (intérpretes anteriores do Pinguim) Burgess Meredith (1907-1997) e Danny Devito, que são figuras a que cresci assistindo.
A inspiração para a maquiagem, diz o criador Mike Marino, veio das páginas dos quadrinhos em que o Pinguim surgiu.
— Eu já tinha feito maquiagem no Collin e sabia como o rosto dele poderia se mover. O trabalho era fazer esse homem bonito, um dos maiores atores que conhecemos, parecer uma pessoa intimidante, louca, perigosa — afirma Mike. — Por outro lado, a atuação de Colin é realmente charmosa. Aqui nós dois vivemos uma colaboração, quase como Batman e Robin.
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