Olimpíadas 2024: 'Você sempre foi mais que uma medalha', posta namorada para Rafaela Silva após derrotas em Paris

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Eleudis, que também é judoca, afirmou ter sorte de ter em casa Rafaela, a quem chamou de "diamante bruto". A esportista destacou amar a namorada pelo ser humano que ela é, não por suas premiações.

"Eu não sei nem o que escrever pra você. Vi toda sua preparação para esse dia então sei que está doendo e muito, mas eu sempre vou estar aqui para te lembrar que você sempre foi mais que uma medalha e tem seu legado. O que você já fez pelo o esporte é extraordinário e para poucos. Você é e sempre será diferenciada. Tenho muita sorte em ter um diamante bruto como você em casa", escreveu ela. "Seguimos juntas para o próximo desafio".

Esta segunda-feira (29) foi um dia ruim para o judô do Brasil. Dois candidatos ao pódio, Rafaela Silva (57kg), campeã olímpica na Rio-2016 e nome forte para a conquista do ouro, e Daniel Cargnin (73kg), bronze em Tóquio-2020, não corresponderam às expetativas. Rafaela, que se machucou na semifinal, caiu na disputa pelo bronze, após quase cinco minutos de golden score. E Cargnin foi derrotado logo na estreia. Ambos choraram muito após as eliminações.

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— Eu não sei o que é mais difícil. Chegar e tomar um iponn ou perder da maneira que foi — disse Rafaela, logo após a derrota por punição para a japonesa Haruka Funakubo, na disputa pelo bronze.

O combate de Rafaela terminou após análise de vídeo da arbitragem, momento em que as duas atletas já tinham duas punições cada, e uma terceira definiria a medalha.

Os juízes constataram que a brasileira fez um movimento ilegal e foi penalizada, de maneira decisiva, e Funakubo levou a medalha. Para esse movimento, quando o atleta apoia a cabeça no tatame, a punição é de desclassificação automática.

Rafaela contou que sentiu o joelho esquerdo na semifinal contra a sul-coreana Huh Mi-mir e que "depois não conseguiu fazer mais nada".

Nesta luta, ela perdeu por waza-ari, após imobilização por 10 segundos, também no golden score. Rafaela nunca ganhou de Huh: essa foi a quinta derrota. A adversária é a terceira colocada no ranking mundial, e a brasileira, a quarta.

— Tenho dificuldade de lutar com essa atleta da Coreia. E logo na primeira entrada, eu desequilibrei e caí no chão. Tentei avisar a treinadora porque senti meu joelho. E depois não consegui fazer mais nada — lamentou Rafaela, aos prantos . — É a perna do meu principal golpe, que é o ultimata. E estava com bastante dor. É uma lesão bem chata e o médico já tinha me falado que uma das principais coisas desta lesão é a falta de confiança.

Rafaela, que já sabia que poderia pegá-la na semifinal, treinou várias estratégias para a luta, mas não deu certo. A brasileira começou agressiva, porém teve dificuldade para encaixar os golpes e se antecipar. Viralizou a corridinha de Huh, no início da luta, fugindo do combate e que, curiosamente, não lhe causou punição.

A brasileira havia estreado com vitória contra a turcomenistã Maysa Pardayeva, por ippon, com chave de braço na primeira luta. Nas quartas, ela superou a georgiana Eteri Liparteliani, com dois waza-ari (ippon).

Rafaela, campeã olímpica na Rio-2016, voltou a disputar os Jogos Olímpicos após ter cumprido suspensão por doping. Por este motivo, no ciclo passado, perdeu a chance de ir a Tóquio-2020.

Também teve de devolver as medalhas de ouro do Pan-Americano de Lima-2019 e os bronzes individual e por equipes do Mundial do Japão do mesmo ano. Ela havia prometido a si mesma voltar ao pódio continental, mundial e olímpico. Tinha conseguido o ouro no Mundial, em 2022, e o ouro nos Jogos Pan-americanos Santiago-2023. Faltou a cereja do bolo.

Ela disse, no entanto, que essa não será a sua despedida de Jogos Olímpicos e que quer disputar os Jogos de Los Angeles, em 2028. Ela terá 36 anos.

— Não vou encerrar aqui hoje. Tenho o objetivo de ir até Los Angeles. Então eu queria essa medalha, abdiquei do Campeonato Mundial esse ano, focada nessa medalha olímpica. Treinei, estudei, foquei no meu trabalho, nas minhas adversárias. Mas sabia que é uma competição dura, é uma Olimpíada.

Mais cedo, Daniel Cargnin, medalhista de bronze em Tóquio-2020, foi surpreendido na estreia por Akil Gjakova, do Kosovo, por ippon (dois waza-ari) e não avançou ao bloco final. Em seu país, Gjakova tem mandado de prisão por violência doméstica.

– É um dos poucos atletas no cenário inteiro que eu ainda não tinha vencido. O que me deixa mais triste é minha família estar aqui. Uma das coisas que meu técnico falou e que eu também sinto é que não devo nada para ninguém. Desde mais novo, todo mundo desacreditava. Quando medalhei em Tóquio, todo mundo começou a falar 'era uma esperança' e tudo mais. Não vou deixar me abalar – disse a judoca.