Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo e agências internacionais — Moscou

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 25/09/2024 - 16:07

"Rússia alerta sobre resposta nuclear em meio a tensões com a Ucrânia"

Putin alertou que a Rússia consideraria resposta nuclear a ataques aéreos, em meio a pedidos da Ucrânia por armas ocidentais. Mudanças na doutrina nuclear russa visam responder a novas ameaças. Conversas sobre uso de armas intensificaram-se, envolvendo potências como EUA, Reino Unido e Irã. Suspensão do Tratado Novo Start e aumento dos gastos com armas nucleares também são destacados.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertou o Ocidente nesta quarta-feira que seu país poderia usar armas nucleares se fosse atacado com mísseis convencionais, e que Moscou consideraria qualquer agressão apoiada por uma potência nuclear como um ataque conjunto. A decisão do mandatário russo de alterar a doutrina nuclear oficial do país foi feita enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido avaliam permitir que a Ucrânia utilize armas ocidentais para atacar a Rússia, um pedido que vem sendo feito há meses pelo líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Ao abrir uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, Putin disse que as mudanças são uma resposta à rápida mudança do cenário global, que gerou novas ameaças e riscos para o país. O presidente afirmou que Moscou também se reserva o direito de usar armas nucleares se o seu aliado, a Bielorrússia, for alvo de agressão, inclusive por meio de armas convencionais. As declarações desta quarta-feira se seguem ao aviso de Putin aos EUA e outros aliados da Otan de que permitir que a Ucrânia use armas ocidentais de longo alcance para ataques ao território russo significaria que a Rússia e a aliança militar estão em guerra.

— Consideraremos esta possibilidade se recebermos informações confiáveis de um lançamento massivo de meios de ataque aeroespaciais — declarou o presidente.

As conversas sobre o assunto ganharam impulso no início do mês, quando os EUA anunciaram novas sanções contra o Irã e acusaram a República Islâmica de fornecer mísseis à Rússia para serem usados na Ucrânia. As sanções também foram adotadas pelos governos francês, alemão e britânico. Na ocasião, Teerã negou o envolvimento e disse considerar “o fornecimento de assistência militar às partes envolvidas no conflito — que leva ao aumento de baixas humanas, destruição de infraestrutura e distanciamento das negociações — como desumano”.

Em maio, a administração Biden deu permissão à Ucrânia para usar armas dos EUA em ataques transfronteiriços mais curtos contra locais russos usados em uma ofensiva contra a cidade ucraniana de Kharkiv. Desde então, autoridades americanas permitiram que o Exército ucraniano realizasse esse tipo de ataque mais curto em outros locais ao longo da fronteira. À Sky News, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse no início do mês que a Casa Branca leva em conta fatores complexos ao tomar essas decisões, mas que a possibilidade de dar mais liberdade à Ucrânia está aberta.

— Adaptamos e ajustamos cada passo ao longo do caminho, e continuaremos [fazendo isso], então não descartamos isso neste momento — disse ele, acrescentando que Washington está comprometido a fornecer à Ucrânia “o que ela precisar e quando precisar” para enfrentar de maneira mais eficaz a Rússia.

A versão revisada do documento detalha em maior profundidade as condições para o uso de armas nucleares, observando que elas poderiam ser usadas em caso de um ataque aéreo em massa envolvendo aeronaves, mísseis de cruzeiro ou drones, disse ele. Segundo estimativas do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), os Estados Unidos teriam cerca de 3,7 mil ogivas, e a Rússia, quase 4,5 mil.

Potências internacionais aumentam gastos em armas nucleares; investimento em todo o mundo aumentou US$ 10,8 bilhões em 2023 em relação ao ano anterior — Foto: SIPRI/Editoria de Arte
Potências internacionais aumentam gastos em armas nucleares; investimento em todo o mundo aumentou US$ 10,8 bilhões em 2023 em relação ao ano anterior — Foto: SIPRI/Editoria de Arte

Há pouco mais de dois anos, em janeiro de 2022, EUA, França, Reino Unido, Rússia e China concordaram que “uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada”, conforme expressaram num comunicado conjunto. Um mês depois, o Exército russo invadiu a Ucrânia e quebrou qualquer consenso sobre o uso desse tipo de armas. Em março, às vésperas da eleição na Rússia, Putin afirmou que as armas nucleares do país são mais modernas e avançadas que as dos EUA, destacando que seu arsenal sempre está “preparado” para a guerra.

— Tivemos um tabu sobre as armas nucleares durante 75 anos [após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki], mas agora elas estão tão normalizadas no debate que, numa crise, os líderes podem se sentir obrigados a recorrer a elas — alertou Matt Korda, pesquisador de armas atômicas do Sipri, ao El País.

Em fevereiro de 2023 a Rússia suspendeu, de maneira unilateral, o Tratado sobre Redução de Armas Estratégicas (Novo Start), criado em 2010 para trocar dados com os EUA sobre suas forças nucleares duas vezes ao ano. Washington manteve sua parte do acordo ao revelar as cifras no primeiro semestre de 2023, mas desde então deixou de fazê-lo. O mesmo fez Londres, um dos maiores aliados dos americanos. Segundo a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican, sua sigla em inglês), os gastos com armas nucleares em todo o mundo aumentaram US$ 10,8 bilhões em 2023 (R$ 59 bilhões) em relação ao ano anterior. (Com AFP, New York Times e El País)

Mais recente Próxima Exército de Israel sinaliza plano de invasão terrestre do Líbano enquanto EUA e França buscam solução diplomática para a crise

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Criminalista é advogada de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank no caso de racismo sofrido por Títi, de 11 anos

Juliana Souza fala sobre luta por equidade após reconhecimento na ONU e condenação histórica por racismo no caso Títi Gagliasso

Estará Galípolo preparado para o que dele se espera? Será capaz de resistir à obsessão com que o Planalto tentará tutorá-lo no exercício do cargo?

Captação líquida, ou seja, já descontando os resgates, cresce 100% entre janeiro e julho. Entenda as diferenças entre VGBL e PGBL e se vale a pena investir

Investimento em planos de previdência privada dobra este ano, e aportes chegam a R$ 36 bi

Coordenadores brasileiros de grupo de trabalho do G20 apontam desafios para obter consenso, mas mantêm otimismo

G20: Brasil tenta superar divergências sobre comércio e investimento

O programa de compartilhamento de bicicletas recompensa os usuários que ajudam a redistribuir as bicicletas por Nova York. Alguns ciclistas descobriram como transformar isso em lucro.

Ciclistas ganham até R$ 30 mil por mês em esquema com bicicletas compartilhadas em Nova York; entenda

No ano que vem, a maioria das datas comemorativas nacionais vai ocorrer em dias úteis, e próxima aos finais de semana, possibilitando o tão aguardado 'feriadão'

Quantos feriados serão 'emendados' em 2025? Veja calendário

Vegano, Hamilton revelou perder até quatro quilos em menos de duas horas de corrida, em que peso influi na velocidade; competidores conciliam exercícios com testes específicos, dieta e hidratação

'Resistência extrema' e Senna pioneiro: por que Fórmula 1 exige tanto do corpo e como pilotos se preparam

Evento será realizado no dia 2 de outubro e contará com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva

Seminário no Rio discutirá como enfrentar a crise global do clima