Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo e agências internacionais — Washington

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 26/09/2024 - 15:42

Republicanos criticam visita de Zelensky: Guerra na Ucrânia divide EUA

Republicanos acusam democratas de politizar visita de Zelensky à Casa Branca. Guerra na Ucrânia divide EUA. Zelensky busca apoio militar para enfrentar avanço russo e cenários pós-eleição. Biden promete ajuda, Trump critica e ameaça congelar conflito. Kamala destaca apoio à Ucrânia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou à Casa Branca nesta quinta-feira para apresentar ao presidente dos EUA, Joe Biden, e à vice (e candidata à Presidência), Kamala Harris, o que acredita ser o “plano de vitória” definitivo para derrotar a Rússia. Contudo, a 40 dias da eleição presidencial no país, a visita foi chamada de eleitoreira pela oposição republicana, apesar do ucraniano também incluir um encontro com Donald Trump em sua agenda.

Com ofensivas russas avançando a passos largos no leste, Zelensky cobra mais pressa de seus aliados no fornecimento de armas e equipamentos militares, além da permissão para atingir alvos russos distantes da fronteira. Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, na quarta-feira, disse que Moscou planejava atacar suas usinas nucleares e criticou uma proposta de paz, defendida por China e Brasil, que quer iniciar negociações entre Kiev e Moscou para um cessar-fogo.

Antes do encontro, a Casa Branca anunciou, em comunicado, a liberação de quase US$ 8 bilhões em ajuda militar, incluindo através de sistemas de defesa Patriot, usados para conter os ataques aéreos russos, além de munições e treinamento para manejar os caças F-16, cujo uso foi autorizado por Washington.

“Por quase três anos, os Estados Unidos reuniram o mundo para ficar ao lado do povo da Ucrânia enquanto defende sua liberdade da agressão russa, e tem sido uma das principais prioridades da minha administração fornecer à Ucrânia o apoio de que ela precisa para prevalecer”, diz Biden, em comunicado. “Nesse período, a Ucrânia venceu a batalha de Kiev, recuperou mais da metade do território que a Rússia tomou no início da guerra e protegeu sua soberania e independência. Mas há mais trabalho a ser feito.”

Diante dos jornalistas e ao lado de Zelensky, na Casa Branca, Biden reiterou que, para ele, "a Rússia não vencerá".

— A Ucrânia vencerá e continuaremos a apoiá-la em cada passo do caminho — afirmou o presidente americano, antes de as portas serem fechadas para o início da reunião.

Presidente dos EUA, Joe Biden (D), recebe o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca — Foto: SAUL LOEB / AFP
Presidente dos EUA, Joe Biden (D), recebe o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca — Foto: SAUL LOEB / AFP

Em declarações ao lado de Zelensky, Kamala Harris reiterou o apoio à Ucrânia, e aproveitou para criticar indiretamente seu rival em novembro, Donald Trump, que sinalizou ser favorável a uma solução rápida para o conflito, possivelmente com o congelamento das linhas de frente atuais.

— Alguns em meu país forçariam a Ucrânia a abrir mão de grandes partes de seu território soberano, que exigiriam que a Ucrânia aceitasse a neutralidade e exigiriam que a Ucrânia renunciasse às relações de segurança com outras nações — disse Kamala. — Essas propostas são as mesmas de Putin, e sejamos claros, elas não são propostas de paz, Em vez disso, são propostas de rendição, o que é perigoso e inaceitável.

Segundo a imprensa americana, o líder da Ucrânia apresentou a Biden e a Kamala o que considera ser um “plano de vitória” para derrotar as forças russas, no momento em que a guerra se aproxima de mil dias. Contudo, aponta o Wall Street Journal, a proposta não traz grande novidades e se pauta pela pressão sobre Biden para que libere o uso de armas ocidentais em ataques mais profundos em território russo, algo que a Casa Branca não parece disposta a fazer em curto prazo.

Mais do que buscar mais apoio a seus esforços de guerra, Zelensky também chega à capital americana em busca de sinais sobre o futuro: mais especificamente, sobre o que acontecerá após a eleição presidencial de novembro. E as perspectivas, assim como o resultado da disputa entre Kamala e Trump, estão longe de serem claras.

Zelensky participa da Assembleia Geral da ONU, em Nova York — Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
Zelensky participa da Assembleia Geral da ONU, em Nova York — Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP

O campo republicano está cada vez mais avesso a manter a bilionária ajuda militar a Kiev, e Trump tem repetido que, caso seja eleito, vai colocar um ponto final à guerra antes mesmo de ser empossado. Para Zelensky e seus assessores, as falas acendem sinais de alerta para o risco de o ex-presidente aceitar os argumentos do líder russo, Vladimir Putin, para congelar o conflito nas atuais linhas antes de dar início a negociações de paz.

— Qualquer acordo, o pior acordo, teria sido melhor do que o que temos agora. Se eles [Ucrânia] tivessem feito um acordo ruim, teria sido muito melhor. Eles teriam concedido um pouco, e todo mundo estaria vivendo e cada prédio seria construído e cada torre envelheceria por mais 2.000 anos — disse Trump, em discurso de campanha na Carolina do Norte, na quarta-feira. — Que acordo podemos fazer? Está tudo demolido. As pessoas estão mortas. O país está em escombros.

Além de criticar Biden por fornecer bilhões em ajuda a Kiev, “como nenhum país viu antes”, Trump também expressou descontentamento com alguns comentários de Zelensky à revista New Yorker, nos quais chamou o vice republicano, J.D. Vance, de “radical demais” e afirmou que o ex-presidente “não sabe realmente como parar a guerra”.

— É algo sobre o qual precisamos ter uma conversa rápida de por que o presidente da Ucrânia está em nosso país e faz pequenas insinuações desagradáveis ​​em relação ao seu presidente favorito, eu — disse Trump na Carolina do Norte. Um dia antes, na Geórgia, disse que Zelensky era o “maior vendedor do mundo”, uma vez que, segundo ele, toda vez que vai aos EUA volta à Ucrânia com “US$ 100 bilhões”.

Enquanto o líder ucraniano estava na Casa Branca, Trump publicou em sua rede social, o Truth Social, uma mensagem de Zelensky com um pedido de encontro com o republicano — no texto, ele diz que sempre se refere “com grande respeito” sobre Trump e argumenta que os dois “precisam se esforçar para entender um ao outro e permanecer em contato próximo”. No começo da noite, o ex-presidente confirmou que receberá Zelensky na Trump Tower, em Nova York, na sexta-feira, sem revelar a pauta do encontro, tampouco se ele ocorrerá em clima amistoso.

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E), assina munições de artilharia em visita a fábrica de armas em Scranton, no estado da Pensilvânia — Foto: Serviço de Imprensa da Presidência da Ucrânia / AFP
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (E), assina munições de artilharia em visita a fábrica de armas em Scranton, no estado da Pensilvânia — Foto: Serviço de Imprensa da Presidência da Ucrânia / AFP

Antes de ir à Casa Branca, Zelensky esteve no Capitólio, mas as principais lideranças republicanas não se esforçaram para recebê-lo, incluindo o presidente da Câmara, Mike Johnson.

Na quarta-feira, Johnson, defendeu a remoção da embaixadora ucraniana nos EUA por causa de uma visita de Zelensky no domingo a uma fábrica de armas na Pensilvânia, um dos sete estados que devem decidir as eleições de novembro. Na ocasião, o presidente da Ucrânia estava acompanhado por vários políticos democratas e chegou a assinar munições de artilharia, algo que, para o deputado, teve claro intuito eleitoral.

“A visita foi claramente um evento de campanha partidária projetado para ajudar os democratas e é claramente uma interferência eleitoral”, escreveu Johnson em uma carta a Zelensky, na qual defendeu a saída da embaixadora Oksana Markarova. Kiev ainda não respondeu, e o Exército afirmou, em nota à Associated Press, que não houve irregularidade e que é comum visitas do tipo contarem com a presença de políticos locais. A Casa Branca disse que a visita foi iniciativa dos próprios ucranianos, rejeitando a versão de que teria sido um ato político.

Mais recente Próxima Presidente palestino pede fim do envio de armas para Israel, que anuncia novo pacote de US$ 8,7 bilhões em ajuda militar dos EUA

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Criminalista é advogada de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank no caso de racismo sofrido por Títi, de 11 anos

Juliana Souza fala sobre luta por equidade após reconhecimento na ONU e condenação histórica por racismo no caso Títi Gagliasso

Estará Galípolo preparado para o que dele se espera? Será capaz de resistir à obsessão com que o Planalto tentará tutorá-lo no exercício do cargo?

Captação líquida, ou seja, já descontando os resgates, cresce 100% entre janeiro e julho. Entenda as diferenças entre VGBL e PGBL e se vale a pena investir

Investimento em planos de previdência privada dobra este ano, e aportes chegam a R$ 36 bi

Coordenadores brasileiros de grupo de trabalho do G20 apontam desafios para obter consenso, mas mantêm otimismo

G20: Brasil tenta superar divergências sobre comércio e investimento

O programa de compartilhamento de bicicletas recompensa os usuários que ajudam a redistribuir as bicicletas por Nova York. Alguns ciclistas descobriram como transformar isso em lucro.

Ciclistas ganham até R$ 30 mil por mês em esquema com bicicletas compartilhadas em Nova York; entenda

No ano que vem, a maioria das datas comemorativas nacionais vai ocorrer em dias úteis, e próxima aos finais de semana, possibilitando o tão aguardado 'feriadão'

Quantos feriados serão 'emendados' em 2025? Veja calendário

Vegano, Hamilton revelou perder até quatro quilos em menos de duas horas de corrida, em que peso influi na velocidade; competidores conciliam exercícios com testes específicos, dieta e hidratação

'Resistência extrema' e Senna pioneiro: por que Fórmula 1 exige tanto do corpo e como pilotos se preparam

Evento será realizado no dia 2 de outubro e contará com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva

Seminário no Rio discutirá como enfrentar a crise global do clima