Viver o câncer
PUBLICIDADE

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 20/07/2024 - 15:48

Importância dos Cuidados Paliativos no Tratamento do Câncer

Cresce a importância dos cuidados paliativos no tratamento do câncer desde o diagnóstico, não apenas em casos terminais. Essa abordagem multidisciplinar visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e familiares, sendo essencial para enfrentar desafios físicos, emocionais e sociais. Estudos mostram que a integração precoce dos cuidados paliativos aumenta a qualidade de vida, reduz hospitalizações e até mesmo a taxa de mortalidade. Uma nova política nacional no Brasil, a Política Nacional de Cuidados Paliativos, reforça a importância desse suporte, que ainda enfrenta estigma e resistência, mas busca desmistificar sua percepção.

É consenso entre especialistas que o número de casos câncer está crescendo. Os fatores por trás dessa tendência incluem o envelhecimento da população e mudanças no estilo de vida que contribuem para o desenvolvimento de tumores. No Brasil, por exemplo, O Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Ministério da Saúde aponta para 704 mil casos novos de câncer por ano, no Brasil, até 2025.

À medida que mais pessoas desenvolvem a doença, também aumenta o número de pacientes em tratamento. Nesse campo, uma conduta vem ganhando cada vez mais espaço: os cuidados paliativos.

— Cuidado paliativo é uma abordagem multidisciplinar fundamental em oncologia. A atuação dos profissionais vai se concentrar em melhorar a qualidade de vida não só do paciente, mas também de seus familiares — diz Cristiane Bergerot, líder nacional de especialidade equipe multidisciplinar da Oncoclínicas.

E engana-se que acha que essa abordagem multidisciplinar é indicada apenas para pacientes em estado terminal, para os quais não há mais opção de tratamento.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO são categóricos em dizer que os cuidados paliativos devem ser incluídos no tratamento do câncer desde o diagnóstico, para tanto melhorar sua qualidade de vida quanto aumentar a probabilidade de sobrevida.

— O ideal seria que todo paciente com diagnóstico de câncer fosse acompanhado por uma equipe de cuidado paliativo. Mas essa não é a realidade que vemos hoje. A maioria das pessoas acaba sendo encaminhada para essa equipe quando a doença já está mais avançada — explica a médica Débora de Barros Abdala, da Fiore Tratamento Paliativo.

Segundo Abdala, integrar os cuidados paliativos ao tratamento do câncer, desde o início, facilita a aderência do paciente porque ao controlar os efeitos colaterais desconfortáveis, o paciente terá não só mais qualidade de vida, mas também disposição para seguir o tratamento.

— Estudos mostram que os pacientes que são acompanhados também por essa equipe têm um controle maior de sintomas, apresentam mais bem-estar e vivem mais. Isso vale até para aqueles que não têm possibilidade de cura — pontua Abdala.

Suporte necessário

Os cuidados paliativos abordam não apenas sintomas físicos, ajudando no controle da dor, náusea, fadiga e falta de ar, por exemplo, como também sintomas emocionais e sociais.

— A gente sabe que o diagnóstico, o tratamento e até mesmo o prognóstico do câncer são extremamente desafiadores e a equipe de cuidados paliativos tem condição de oferecer esse suporte psicológico emocional tanto para o paciente como para os familiares para que os ajude a lidar com o medo, a ansiedade, a depressão — pontua Bergerot.

Estudos mostram que cuidados paliativos conseguem reduzir a taxa de hospitalização e até mesmo a taxa de mortes em UTI. Um dos trabalhos mais recentes sobre o assunto foi realizado no Brasil, liderado por Bergerot e apresentado no último Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), o maior evento sobre câncer do mundo.

No estudo, os pesquisadores avaliaram 80 pacientes, com mais de 65 anos e com câncer metastático, de todo o país. Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu a assistência usual, no qual caso o paciente em tratamento oncológico só é encaminhado para algum especialista, como psicólogo ou nutricionista, quando apresenta alguma demanda ao seu oncologista. Já o segundo grupo era o da intervenção.

Todos os pacientes desses grupos tinham os resultados de sua avaliação geriátrica conectados a profissionais de saúde que atendessem suas necessidades específicas, por meio da telessaúde. Por exemplo, aqueles com algum sintoma emocional ou dificuldade para enfrentar a doença eram encaminhados para psicólogos. Havia também atendimento psiquiátrico, nutricional, entre outros, durante 12 semanas.

— A gente observou que os pacientes que participaram dessa intervenção tiveram melhora da qualidade de vida, da funcionalidade, dos sintomas emocionais, das questões nutricionais e, curiosamente, optaram por estratégias de enfrentamento da doença mais assertivas, ou seja, que os ajudava de fato a enfrentar a questão do prognóstico. Além disso, eles tinham melhor entendimento acerca de seu prognóstico — explica a pesquisadora.

Outro estudo, realizado nos Estados Unidos e também apresentado no Asco, mostrou que o cuidado paliativo precoce via telemedicina equivale ao cuidado paliativo feito de forma presencial. A descoberta pode ajudar a ampliar ainda mais o acesso dos pacientes a esse tipo de abordagem, em especial em um país continental como o Brasil, onde a maioria dos serviços está concentrada nas regiões Sul e Sudeste.


Nova política

O tema está tão em evidência que esse ano, foi criada uma política nacional toda dedicada a ele. Em maio, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, instituiu a Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)

Com a medida, o SUS passará a atuar em ações para alívio da dor, do sofrimento e outros sintomas em pessoas que enfrentam doenças ou outras condições de saúde que ameaçam ou limitam a continuidade da vida, como o câncer. A portaria prevê que esse atendimento também deve ser estendido a familiares e cuidadores.

No que diz respeito à família, por exemplo, a equipe multidisciplinar de cuidados paliativos oferece suporte tanto a enfrentar doença como o luto, de forma a tornar essa fase um pouco mais tranquila e menos traumática.

Apesar de todos os benefícios proporcionados por essa abordagem, há ainda muito estigma no seu entorno.

— A recepção dos pacientes e da família sobre a adoção de cuidados paliativos está melhorando, mas ainda vemos resistência. O maior problema é que o termo paliativo é usado de forma inadequada há muito tempo. A gente tenta desmistificar essa percepção para que as famílias entendam que o cuidado paliativo é uma abordagem que foca no paciente, não na doença, indepentende de ter tratamento ou não e da fase desse tratamento — conclui Abdala.

Mais recente Próxima Como a obesidade aumenta o risco de câncer? Especialistas falam dos 3 mecanismos diferentes
Mais do Globo

Espaço reúne ainda teatro, centro cultural, café e vasta programação cultural: envie sua pergunta para Eugênia, que tira dúvidas sobre a programação carioca

Mirante do Parque Glória Maria, em Santa Teresa, reabre ao público na sexta; saiba o que fazer por lá

Festa com Céu na Terra, aula aberta de Luiz Antônio Simas, Samba da Volta e peça no MAR terão entrega dos tradicionais saquinhos com guloseimas para as crianças

Dia de Cosme e Damião: eventos celebram a data com distribuição de doces, cortejo e samba

Programação entre 26 de setembro e 2 de outubro tem ainda festival de blues, feira medieval e apresentação de carimbó

De paredão musical a cerveja e piscina: confira os eventos gratuitos da semana no Rio

Pedidos de impeachment de Moraes e elogios a Elon Musk marcam atividade de brasileiros na plataforma durante suspensão da rede no país, indica FGV Comunicação Rio

Com bloqueio, X sofre queda de 73% em interações sobre política e vira  'bolha' bolsonarista, aponta estudo

Artistas e produtores musicais debatem uso e abuso do recurso, vilão da vez nas redes sociais

O que é Auto-Tune? Entenda a ferramenta digital usada pelo rap e até por Mariah Carey no Rock in Rio (e por que ela não é playback)

'Operação Prato', nova produção da Globo dirigida por Ivan Mizanzuk, reúne relatos dos moradores de Colares que afirmam terem tido o sangue sugado por luzes no céu: 'A gente ia ficando dormente'

Podcast investiga fenômeno do chupa-chupa, que aterrorizou o Pará nos anos 1970 e levou ao envolvimento da FAB

Discurso no rubro-negro é de que nenhuma competição será priorizada

Onze pontos atrás do líder, Flamengo mantém confiança no título do Brasileirão e não pretende priorizar Copa do Brasil

Número representa 0,05% da população carcerária brasileiro, que soma 645 mil detentos

Em meio a recorde de queimadas, Brasil tem apenas 374 pessoas presas por crimes ambientais

Estado gerido por Helder Barbalho (MDB) concentrou 17,5% dos focos de calor do país neste ano

Entrevista: governo deve atuar na Amazônia como 'agiu em favor do Rio Grande do Sul', diz governador do Pará

Levantamento do GLOBO localizou 44 notas fiscais de 6 mil litros de querosene de aviação que custaram R$ 47,6 mil aos cofres da Casa Legislativa entre junho de 2023 e agosto de 2024

Atos de campanha e show de Safadão: verba pública banca viagens de helicóptero de Elmar, candidato ao comando da Câmara