Cinco reclusos fugiram, este sábado, por volta das 10h00, do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, prisão com um nível de segurança alto que fica em Alcoentre.

Ao longo da noite de sábado, decorreram buscas da Polícia Judiciária dentro da própria prisão, segundo a RTP. O objetivo era o de recolher informações como os registos de visitas e das chamadas telefónicas dos fugitivos, que continuam em parte incerta. Segundo a CNN Portugal, os agentes da PJ também terão feito uma reconstituição da fuga.

Em conferência de imprensa na manhã de domingo, o diretor da PJ Luís Neves alertou para o “grau de perigosidade” dos reclusos evadidos e avisou a população para, caso se cruzem com os fugitivos, recorrerem ao 112. “O fator vida humana pode estar em causa”, afirmou.

O Diretor dos Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa Gonçalves, admitiu que houve uma “falha de segurança grave” e que a investigação interna está a decorrer. Imagens das câmaras de segurança captaram a fuga dos cinco homens, mas o alerta só foi dado 40 minutos depois.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda na mesma conferência, o Secretário-geral Adjunto do Sistema de Segurança Interna, Manuel Vieira, avançou que a Europol e a Interpol receberam “todos os dados relativos à identidade dos indivíduos em causa” e que foram feitos contactos com as autoridades fronteiriças espanholas. Também os aeroportos foram informados pela PSP. O fecho das fronteiras terrestres, contudo, não foi equacionado.

A mulher de um dos evadidos — conhecido por Fábio “Cigano” — reagiu este domingo nas suas redes sociais ao caso. Segundo o Correio da Manhã, pediu para não ser contactada e lembrou que as famílias “sofrem com estas situações”. “Tenham mais noção das informações que passam para o exterior/imprensa”, acrescentou.

Uma escada, um carro à espera e uma câmara de vigilância desligada. Como cinco reclusos saíram de Vale de Judeus durante a manhã

A notícia de que os cinco homens tinham escapado de Vale de Judeus foi avançada no sábado pelo Correio da Manhã, que citava Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional da Guarda Prisional. Em nota enviada às redações, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) confirmou mais tarde a fuga.

Entre os reclusos, estão dois portugueses, um argentino, um georgiano e um inglês. Na nota, a DGRSP indica quais são os reclusos em fuga:

  • Fernando Ribeiro Ferreira — 61 anos, condenado a 25 anos pelos crimes de tráfico de estupefacientes, associação criminosa, furto, roubo e rapto;
  • Rodolf José Lohrmann — 59 anos, condenado a 18 anos e 10 meses pelos crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais;
  • Mark Cameron Roscaleer — 39 anos, condenado a 9 anos, pelos crimes de sequestro e roubo;
  • Shergili Farjiani — 40 anos, condenado a 7 anos, pelos crimes de furto, violência depois da subtração e falsificação de documentos;
  • Fábio Fernandes Santos Loureiro — 33 anos, condenado a 25 anos, pelos crimes de tráfico de menor quantidade, associação criminosa, extorsão, branqueamento de capitais, injuria, furto qualificado, resistência e coação sobre funcionário e condução sem habilitação legal.

Publicada nas redes sociais da Sindicato Nacional da Guarda Prisional, a fotografia mostra idades diferentes àquelas que estão na nota da DGRSP.

Fábio Fernandes Santos Loureiro é também conhecido como ‘Fábio Cigano’. A CNN Portugal refere que liderava um gangue e que se dedicava ao tráfico de droga no Algarve.

De acordo com a DGRSP, através de consulta das câmaras de vigilância, é “possível informar que a evasão se deu com ajuda externa através do lançamento de uma escada que permitiu aos reclusos escalarem” o muro — que tem seis metros — “e acederem ao exterior”. O Correio da Manhã apurou que os reclusos tinha um carro à sua espera no exterior da prisão — um Mercedes preto de pequenas dimensões.

4 fotos

O Expresso apurou, junto a um guarda prisional, que, durante o momento da fuga, os cinco reclusos estavam sem “acompanhamento do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional”. Uma fonte ligada à investigação avançou ainda ao semanário que “os reclusos estavam sozinhos no pátio e uma das câmaras estava desligada, porque o guarda que estava encarregue da vigilância abriu a porta, foi processar as visitas e cuidar de outras tarefas burocráticas”. Apesar disso, há imagens da fuga captadas por pelo menos uma das câmaras.

Já a DGRSP, indica que, “conforme ao protocolado foram feitas imediatamente as comunicações devidas aos órgãos de polícia criminal com vista à recaptura dos evadidos e internamente foi aberto processo de inquérito a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado por Magistrado do Ministério Público”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não se “quis pronunciar sobre o caso em concreto” quando foi questionado sobre o assunto, durante a tarde de sábado, mas garantiu que está a “acompanhar as informações”. “Espero que as que vierem sejam boas”, sinalizou, ressalvando, porém, que é uma “situação que é sempre indesejável” e que espera que se resolva “o mais rapidamente possível”.