Um dia poderei ser quem eu quiser ser
Sentei-me novamente numa aula.
Desta vez em São Torcato, em Guimarães. Uma aula, ou melhor, um Clube de Ativismo. Opcional, para os alunos que quiserem do 5º e 6° ano.
O objetivo? Capacitar os alunos para o exercício de Ativismo e Cidadania Ativa e promover a defesa e educação para os direitos humanos.
Como surgiu? Criado por iniciativa dos alunos, onde eles são os protagonistas.
Cheguei antes da hora e os alunos juntavam-se. Faziam conversa comigo, sobre as aulas, sobre os seus gostos, sobre a escola, cheios de interesse. Fizeram imensas perguntas sobre quem sou, porque estou ali e juntaram-se à minha volta e da Mentora Teach For Portugal, a Débora. Eu achei que estavam à espera que os viessem buscar.
Mas não.
Por opção, passam todas as tardes de 2ª feira no Clube de Ativismo, onde podem ter um espaço de opinião e de crescimento.
Começamos por ler cada um um poema da autoria da Débora sobre empoderamento. Sobre ser quem quero ser, sobre estar vivo, ter ambições e mudar a minha realidade. Lemos, e refletimos sobre o que queria dizer cada verso. O que significa “ser verdadeiramente eu”? “Ter voz e ser escutado”? “Ser dono do meu futuro”?
A participação era contínua. Discutiam, complementavam-se. Respeitando o espaço para falar de cada um.
Depois, aumentando o grau de dificuldade, role-plays sobre escuta ativa. Sobre o significado de estar a olhar para o telemóvel enquanto digo “sim, estou a ouvir-te”. Ou sobre o significado de estar a falar por cima da pessoa que está a contar algo que lhe é importante.
Os alunos perceberam que nessas situações “não me sinto ouvido, não sinto que a minha opinião importe, não sinto que seja importante para essa pessoa.”
Ao mesmo tempo, para otimizar a comunicação entre todos, a Mentora Débora tem com os alunos um código de gestos com significados diferentes para maximizar a comunicação não verbal, minimizando as interrupções. Os alunos sabem de cor os gestos e seus significados, o que permite máxima fluidez da aula. Deles fazem parte o gesto do lama silencioso, para pedir silêncio; os dedos cruzados, para ir à casa de banho; ou as palavras “trabalhar” e “ler” em língua gestual portuguesa; mas também o soltar um “Ouça tudo” e a sala automaticamente responder “…com minisom!", sabendo que a partir desse momento é importante escutarem com atenção, utilizando o seu aparelho auditivo imaginário.
Neste dia, ouvimos ainda a música “I have a voice” feita por alunos do Broadway Kids Against Bullying (https://youtu.be/cRB4e_aEces) e pensámos na nossa voz. Como a usamos, onde? Como usamos o nosso silêncio como forma de usar a voz? Como posso usá-la para os meus objetivos?
Aqui o espaço é dos alunos, de respeito, e de elevada participação, reflexão, percebendo o seu papel. O tom de voz na aula foi sempre de conversa, sem nunca levantar a voz, conversando de igual para igual.
Aqui os alunos de 10 anos e 11 anos refletem sobre temas que apenas agora eu tenho oportunidade de fazer. E o coração fica cheio com os adultos que eles se poderão tornar.
O poema que lemos, da autoria da Mentora Débora, merece ser partilhado:
Era uma vez… Repetem-me isso constantemente,
Nas histórias que me tentam contar,
Para tentar que num conto de fadas seja crente;
E onde eu possa conquistar o meu ‘’E viveram felizes para sempre’’.
Quero ser dono do meu próprio futuro,
Onde eu possa ser verdadeiramente eu.
Sei que o meu sucesso tem de ser conquistado;
Não quero ser mais um número no sistema,
Quero ter voz e ser escutado.
Tenho ideias, sonhos e ambições;
Acredito que consigo transformar a minha realidade,
E que um dia conseguirei encontrar na educação a minha felicidade.
Para mim, estar vivo é isto.
E não me conformo quando duvidam das minhas capacidades e interesse em aprender.
É assim que eu sou, e se puxarem por mim,
Um dia poderei ser quem eu quiser ser.
Esta é mais uma parceria com a Câmara Municipal de Guimarães que apoia e acompanha o trabalho no terreno, e alavancada pelo Diretor da Escola, Alberto, que é também ele Teach For Portugal na visão para a educação e um elemento potenciador do impacto no terreno.
Participação Cívica • Gestão de Projetos • Cultura Organizacional • Educação Não-Formal & Capacitação
2 aPor um mundo onde todxs possamos ser quem quisermos ser! Que privilégio poder fazer parte desse caminho, com uma organização tão potencialmente transformadora e criadora de sentido de possibilidade e de oportunidades como a Teach For Portugal ! Obrigada Pedro, serás sempre bem vindo à nossa casa 💙🧡
Supporting impact-driven leaders worldwide to connect, learn, and collaborate, enhancing their reach and amplifying their influence to drive systemic change
2 aGrowing the future citizens that will shape our collective future and help create a more equitable world!