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Vilão: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Villainc.svg|thumb|180px|[[Estereótipo]] clássico para vilões utilizado em muitos [[desenho animado|desenhos animados]], onde, notavelmente, a [[expressão facial]] evidencia [[mal]]ignidade.]]
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'''Vilão''' ([[Latim medieval|do latim medieval]] "''villanu-''") inicialmente era na época da [[Idade Média]] um tipo de [[Servidão|servo]] intimo do [[Senhoria|senhor feudal]], com menos [[Dever|deveres]] e maiores [[Privilégio social|privilégios pessoais]] e econômicos, uma [[Pessoa (filosofia)|pessoa]] que não pertencia à [[nobreza]] feudal e que habitava [[Espaço urbano|urbanamente]] em [[vila]]s. Servo era o trabalhador [[Feudalismo|feudal]] e, havia vários graus de servidão. Devido a tal distanciamento dos outros servos que faziam o [[trabalho (economia)|trabalho]] mais duro do [[feudo]], tanto nas terras do senhor feudal como nas [[arrendamento|arrendadas]] ([[Vassalagem]]), os vilões perdiam simpatia, assim virando um termo com sentido [[pejorativo]].<ref>{{citar livro |ultimo1=Ledur |primeiro1=Paulo Flávio |autorlink1= |ultimo2=Sampaio |primeiro2=Paulo |autorlink2=Sampaulo |numero-autores=2 |data= |ano=2000 |anooriginal=1993 |capitulo= Pecado nº1 - Mexendo no sentido das palavras |urlcapitulo=http://books.google.com.br/books?id=sQcuaNtw74QC&pg=PA23&lpg=PA23&dq=vil%C3%A3o+termo+pejorativo&source=bl&ots=Mcc8E_T_es&sig=MFxA5amTRlq7zfh6SwpQOK1Rie0&hl=pt-BR&sa=X&ei=HiH4T4bwKYTiqgHOy4iLCQ&ved=0CFUQ6AEwAQ#v=onepage&q=vil%C3%A3o%20termo%20pejorativo&f=false |titulo=Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem. |url= |volume= |edicao=8 |local=Porto Alegre |editora=AGE |isbn=9788585627140 }}</ref>


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'''[[Vila Olímpia|Vilão]]''' era, na [[Idade Média]], uma [[pessoa]] que não pertencia à [[nobreza]] [[feudal]], e que habitava [[zona urbana|urbanamente]] em [[vila]]s. Devemos lembrar que, o [[trabalhador]] do [[feudo]] recebia o nome de servo, e que havia naquele, então, vários graus de [[servidão]]; os vilões eram aqueles servos mais próximos do [[senhor feudal]], pelo qual recebiam maiores [[Privilégio social|privilégios pessoais]] e econômicos e tinham menos [[dever]]es. Devido a tal distanciamento dos outros servos, que faziam o [[trabalho (economia)|trabalho]] mais duro do feudo, tanto nas terras do senhor feudal como nas [[arrendamento|arrendadas]], os vilões perdiam simpatia, pelo que o próprio termo ganhou sentido pejorativo.<ref>{{citar livro |ultimo1=Ledur |primeiro1=Paulo Flávio |autorlink1= |ultimo2=Sampaio |primeiro2=Paulo |autorlink2=Sampaulo |numero-autores=2 |data= |ano=2000 |anooriginal=1993 |capitulo= Pecado nº1 - Mexendo no sentido das palavras |urlcapitulo=http://books.google.com.br/books?id=sQcuaNtw74QC&pg=PA23&lpg=PA23&dq=vil%C3%A3o+termo+pejorativo&source=bl&ots=Mcc8E_T_es&sig=MFxA5amTRlq7zfh6SwpQOK1Rie0&hl=pt-BR&sa=X&ei=HiH4T4bwKYTiqgHOy4iLCQ&ved=0CFUQ6AEwAQ#v=onepage&q=vil%C3%A3o%20termo%20pejorativo&f=false |titulo=Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem. |url= |volume= |edicao=8 |local=Porto Alegre |editora=AGE |isbn=9788585627140 }}</ref>

Modernamente, o termo "vilão" virou um [[personagem modelo]], sendo usado para se referir a alguém que pratica atos indignos. No [[Região Autónoma da Madeira|arquipélago da Madeira]], o [[termo]] continua sendo usado para descrever as pessoas não pertencentes às [[classe social|classes sociais]] mais altas e que habitam as [[zona rural|zonas mais rurais]].


== Etimologia ==
== Etimologia ==
A palavra "vilão" refere-se ao habitante de uma [[vila]]. Poderá ter origem na palavra [[latim|latina]] "''villanus''", referindo-se a alguém ligado a uma ''[[Vila (Roma Antiga)|villa]]'' - uma grande [[quinta (propriedade)|quinta]] ou [[plantação]] [[agrícola]], no [[Império Romano]] - significando, portanto, um [[camponês]]. Na [[Idade Média]], o termo passou a equivaler a um não [[nobreza|nobre]].<ref>{{citar web |url=http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=15968 |título=Perguntas da língua portuguesa |acessodata=7 de julho de 2012 |publicado=Ciber dúvidas }}</ref> Significando alguém não nobre, o termo "vilão" passou, modernamente, a ser usado para se referir a alguém que pratica atos não nobres ou indignos, como o [[roubo]], o [[homicídio]] ou a [[violação]]. Os camponeses medievais eram os maiores alvos. Na [[Península Ibérica]] e [[Península Itálica|Itálica]], os vilões eram descendentes de antigos proprietários romanos.<ref>{{citar web |url=http://www.elitecampinas.com.br/gabaritos/unesp/2010/ELITE_Resolve_unesp2010_2f-dia2.pdf |título=Resolve |acessodata=7 de julho de 2012 |publicado=Elite Campinas }}</ref>
A palavra "vilão" refere-se ao habitante de uma [[vila]], com origem na palavra [[latim|latina]] "''villanu''", referindo-se a alguém ligado a uma ''[[Vila (Roma Antiga)|villa]]<ref name=":0">{{Citar web|url=https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-nome-do-habitante-de-uma-vila/16073|titulo=O nome do habitante de uma vila - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa|acessodata=2024-03-18|website=Ciberdúvidas - Instituto Universitário de Lisboa (Iscte)}}</ref>'' - uma grande [[quinta (propriedade)|quinta]] ou [[plantação]] [[Agricultura|agrícola]], no [[Império Romano]] - significando, portanto, um [[camponês]]. Na [[Idade Média]], o termo passou a equivaler a um não [[nobreza|nobre]],<ref>{{citar web |url=http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=15968 |título=Perguntas da língua portuguesa |acessodata=7 de julho de 2012 |publicado=Ciber dúvidas }}</ref> e pessoa grosseira.''<ref name=":0" />'' Significando alguém não nobre, o termo "vilão" passou, modernamente, a ser usado para se referir a alguém que pratica atos não nobres ou indignos, como o [[roubo]], o [[homicídio]] ou a [[violação]]. Os camponeses medievais eram os maiores alvos. Na [[Península Ibérica]] e [[Península Itálica|Itálica]], os vilões eram descendentes de antigos proprietários romanos.<ref>{{citar web |url=http://www.elitecampinas.com.br/gabaritos/unesp/2010/ELITE_Resolve_unesp2010_2f-dia2.pdf |título=Resolve |acessodata=7 de julho de 2012 |publicado=Elite Campinas }}</ref>


== Idade Média ==
== Idade Média ==
Na época do [[feudalismo]], o vilão era um descendente de camponeses livres, e, assim, poderia deixar o [[feudo]] se o quisesse. Tal como os servos, os vilões deviam, aos senhores, o pagamento da [[Talha (tributo)|talha]] e a [[corveia]].<ref name="feudalismo" />
Na época do [[feudalismo]], o vilão era um descendente de camponeses livres, e, assim, poderia deixar o [[feudo]] se o quisesse. Tal como os servos, os vilões deviam, aos senhores, o pagamento da [[Talha (tributo)|talha]] e a [[corveia]].<ref name="feudalismo" />


No [[Portugal]] medieval, o termo "vilão" referia-se a um cidadão de uma [[cidade]], [[vila]] ou [[concelho]], não pertencendo à nobreza. Os vilões com condições econômicas e sociais mais elevadas ascendiam a [[Cavaleiro-vilão|cavaleiros-vilões]], sendo obrigados a possuir armas e [[cavalo]]s, para combater como [[cavalaria medieval|cavaleiros]] na [[hoste]] do [[Rei]].<ref name="feudalismo">{{citar web |url=http://www.nemed.he.com.br/lab/2007_rogerio_tostes.pdf |título=PENÍNSULA IBÉRICA E SOCIABILIDADES POLÍTICAS:
No [[Portugal]] medieval, o termo "vilão" referia-se a um cidadão de uma [[cidade]], [[vila]] ou [[concelho]], não pertencendo à nobreza. Os vilões com condições econômicas e sociais mais elevadas ascendiam a [[Cavaleiro-vilão|cavaleiros-vilões]], sendo obrigados a possuir armas e [[cavalo]]s, para combater como [[cavalaria medieval|cavaleiros]] na [[hoste]] do [[Rei]].<ref name="feudalismo">{{citar web|url=http://www.nemed.he.com.br/lab/2007_rogerio_tostes.pdf|título=Península Ibérica e sociabilidades políticas: poderes simbólico e político na nobreza entre os séculos XII-XIV|data=2007|acessodata=7 de julho de 2012|autor=Rogerio Ribeiro Tostes}}</ref>
poderes simbólico e político na nobreza entre os séculos XII-XIV |acessodata=7 de julho de 2012 |autor=Rogerio Ribeiro Tostes }}</ref>
== Narratologia ==
== Narratologia ==
Em [[narratologia]] e nos estudos de [[literatura]] e [[roteiro]], um vilão é a encarnação do [[mal]] em relatos históricos e trabalhos de [[ficção]]. Cumprem o papel de [[antagonista]] ante o [[herói]]/[[protagonista]].
Em [[narratologia]] e nos estudos de [[literatura]] e [[roteiro]], um vilão é a encarnação do [[mal]] em relatos históricos e trabalhos de [[ficção]]. Cumprem o papel de [[antagonista]] ante o [[herói]]/[[protagonista]].

Edição atual tal como às 22h01min de 8 de maio de 2024

 Nota: Este artigo é sobre Vilão. Para álbum musical, veja Vilã (álbum).
Estereótipo clássico para vilões utilizado em muitos desenhos animados, onde, notavelmente, a expressão facial evidencia malignidade.

Vilão (do latim medieval "villanu-") inicialmente era na época da Idade Média um tipo de servo intimo do senhor feudal, com menos deveres e maiores privilégios pessoais e econômicos, uma pessoa que não pertencia à nobreza feudal e que habitava urbanamente em vilas. Servo era o trabalhador feudal e, havia vários graus de servidão. Devido a tal distanciamento dos outros servos que faziam o trabalho mais duro do feudo, tanto nas terras do senhor feudal como nas arrendadas (Vassalagem), os vilões perdiam simpatia, assim virando um termo com sentido pejorativo.[1]

Modernamente, o termo "vilão" virou um personagem modelo (arquétipo), sendo usado para se referir a alguém que pratica atos malignos ou indignos em proveito próprio (geralmente por ambição ou vingança). No arquipélago da Madeira, o termo continua sendo usado para descrever as pessoas não pertencentes às classes sociais mais altas e que habitam as zonas mais rurais.

A palavra "vilão" refere-se ao habitante de uma vila, com origem na palavra latina "villanu", referindo-se a alguém ligado a uma villa[2] - uma grande quinta ou plantação agrícola, no Império Romano - significando, portanto, um camponês. Na Idade Média, o termo passou a equivaler a um não nobre,[3] e pessoa grosseira.[2] Significando alguém não nobre, o termo "vilão" passou, modernamente, a ser usado para se referir a alguém que pratica atos não nobres ou indignos, como o roubo, o homicídio ou a violação. Os camponeses medievais eram os maiores alvos. Na Península Ibérica e Itálica, os vilões eram descendentes de antigos proprietários romanos.[4]

Na época do feudalismo, o vilão era um descendente de camponeses livres, e, assim, poderia deixar o feudo se o quisesse. Tal como os servos, os vilões deviam, aos senhores, o pagamento da talha e a corveia.[5]

No Portugal medieval, o termo "vilão" referia-se a um cidadão de uma cidade, vila ou concelho, não pertencendo à nobreza. Os vilões com condições econômicas e sociais mais elevadas ascendiam a cavaleiros-vilões, sendo obrigados a possuir armas e cavalos, para combater como cavaleiros na hoste do Rei.[5]

Em narratologia e nos estudos de literatura e roteiro, um vilão é a encarnação do mal em relatos históricos e trabalhos de ficção. Cumprem o papel de antagonista ante o herói/protagonista.

Geralmente, é uma figura ardilosa, que utiliza suas habilidades com o intuito de prejudicar alguém ou conseguir algo que deseja de formas escusas. Muitas vezes com planos, que são aplicados ao longo da trama, prejudicando normalmente o protagonista, mas ao término, é de praxe que para ter um final aceitável aos olhos do público, o vilão tem seu plano arruinado de forma heroica pelo personagem principal.

Referências

  1. Ledur, Paulo Flávio; Sampaio, Paulo (2000) [1993]. «Pecado nº1 - Mexendo no sentido das palavras». Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem. 8 ed. Porto Alegre: AGE. ISBN 9788585627140 
  2. a b «O nome do habitante de uma vila - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa». Ciberdúvidas - Instituto Universitário de Lisboa (Iscte). Consultado em 18 de março de 2024 
  3. «Perguntas da língua portuguesa». Ciber dúvidas. Consultado em 7 de julho de 2012 
  4. «Resolve» (PDF). Elite Campinas. Consultado em 7 de julho de 2012 
  5. a b Rogerio Ribeiro Tostes (2007). «Península Ibérica e sociabilidades políticas: poderes simbólico e político na nobreza entre os séculos XII-XIV» (PDF). Consultado em 7 de julho de 2012 
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