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Plogging: exercício físico amigo do ambiente

Estilo de vida

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dois jovens a correr com saco de lixo na mão
iStock

E se, enquanto corre ou faz uma caminhada, fizer pequenas paragens para recolher o lixo do chão das cidades, do campo ou das praias? Ao fazê-lo, estará a beneficiar a sua saúde, devido ao exercício físico, e o ambiente. Eis o mundo do plogging.

"Plogging", de plocka upp och springa, poderia ser a divisa para esta atividade, surgida na Suécia. E é tão simples quanto a atividade que designa: “Apanha e corre”, se traduzirmos. Tudo começou em 2016, quando um cidadão até então anónimo daquele país se mudou para Estocolmo e começou a recolher lixo nas ruas enquanto dava as suas corridas matinais. À expressão plocka upp, “apanha”, uniu a palavra inglesa jogging e criou um nome para esta atividade. Erik Ahlström, o tal cidadão anónimo que deixou de o ser, começou a partilhar a experiência através das redes sociais. O fenómeno tornou-se global pouco depois.

Portugal não escapou à tendência, que se foi afirmando rapidamente. Sozinhos ou acompanhados, em iniciativas organizadas ou em passeios solitários informais, a correr ou a caminhar, muitos já se dedicam a esta nova forma de exercício. João Pinto, 39 anos, gere a página de Facebook Plogging Portugal. Começou quando ia passear o cão na localidade onde vivia, próxima de Vila Real.

Exercício completo enquanto se recolhe o lixo

Corrida ou caminhada são a forma preferida de exercício dos ploggers em geral. Mas a atividade também pode fazer-se de bicicleta ou de skate.

Em qualquer das formas, completa-se com agachamentos e, à medida que a quantidade e o peso do lixo recolhido aumentam, com o esforço devido ao carregamento de peso.

A simplicidade e a vertente grátis parecem ser o segredo do sucesso: para começar, basta roupa cómoda e a escolha de um bom local. Pode recorrer até à nossa plataforma FitMap, que lhe permite escolher espaços ao ar livre.

Os benefícios para a saúde e para o ambiente fazem do plogging uma modalidade em que se ganha: é benéfica individual e coletivamente. Ou, como disse Ahlström em entrevista à agência de notícias Reuters, “o plogging queima mais calorias do que uma corrida normal – temos de nos baixar e agachar, é bom para as pernas e ficamos com um corpo mais em forma”.

O site oficial de plogging enumera cinco grandes benefícios desta atividade: a saúde e o exercício, a redução dos resíduos de plástico em terra (e no mar, em consequência desse esforço), a proteção da vida animal, a redução dos custos sociais provocados pelo excesso de resíduos, e uma sociedade mais segura. Cinco motivos de sobra para começar. Ou, pelo menos, tentar. Podemos não mudar o mundo, mas talvez consigamos correr com o lixo, pelo menos, com aquele que povoa a nossa comunidade.

Plogging para iniciantes

  • Faça-o em grupo.

  • Leve roupa e calçado adequados, luvas com revestimento de borracha e um saco. Ao recolher os resíduos do chão, faça agachamentos ou flexões com uma só perna, que ajudam a melhorar a mobilidade do quadril, dos adutores e dos tornozelos. Troque o saco do lixo de lado com frequência, para evitar contraturas.

  • Faça corridas rápidas e curtas; uma dinâmica de competição entre ploggers também pode ser divertida. Pode fazê-lo em caminhadas, corridas, de skate, de bicicleta.

  • Partilhe a atividade: as redes sociais são uma forma de inspirar outras pessoas e ajudar a difusão do movimento. Pode tirar fotos das sessões e publicá-las com o hashtag #plogging.

Entrevista a João Pinto, da Plogging Portugal

João Pinto começou a fazer plogging sozinho, em Vila Real. Hoje, gere uma das páginas desta atividade no nosso país, a Plogging Portugal, no Facebook, e organiza eventos.

O que o levou ao plogging?

A necessidade. Tenho um cão. De cada vez que o ia passear, havia vidros, pregos ou latas no caminho. Um dia, comecei a recolher. Não tinha a intenção de fazer um desporto, apenas de limpar os locais por onde passávamos, de modo a serem mais seguros para nós e para os outros. Só muito mais tarde é que vi, no Facebook, que a atividade tinha um nome. Decidi criar uma página, podia ser que alguém acompanhasse. Realmente, funcionou muito bem.

O que é preciso levar?

Saco, luvas e calçado confortáveis. Devemos ter sempre uma proteção para as mãos. E devemos levar água. Gosto mais de fazer o plogging em caminhada, pois permite conversar. Podendo levar animais, melhor ainda.

Há mais exercícios?

Além da caminhada e do agachamento, há o transporte do lixo. Já chegámos a carregar coisas muito pesadas. Quando fizemos um evento na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, recolhemos até parte de um chassis de um automóvel... ao fim de duas horas e meia, o total deve ter chegado a uma tonelada.

As pessoas estranham quando vos veem?

Já estão familiarizadas. Há mães que dizem que os filhos, com cinco ou seis anos, viram o que fiz e agradecem o meu gesto. Muitas vezes, sou contactado por professores. Há tempos, disseram-me que, num teste de Estudo do Meio, saiu uma pergunta sobre a nossa atividade...

Não é frustrante fazer o mesmo percurso todos os dias e encontrar sempre lixo?

No início, sim, mas depois torna-se um hábito. Posso não mudar o mundo, mas posso mudar o meu mundo.

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