Descrição de chapéu Folhainvest Governo Lula

Dólar e Bolsa fecham em alta, com exterior e cena fiscal brasileira em foco

Expectativa por protecionismo em caso de vitória de Trump nas eleições e restrições a empresas de chips chinesas pautaram mercado americano

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São Paulo

O dólar fechou em alta de 1,03% nesta quarta-feira (16), a R$ 5,484, com cautela sobre a cena internacional, em especial Japão e Estados Unidos, e sobre o risco fiscal brasileiro, após entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na noite de ontem.

Já a Bolsa subiu 0,26%, a 129.450 pontos, endossada por alta nas ações de bancos e da Petrobras, em dia de avanço nos preços do petróleo no exterior, mas limitada por perdas da Vale.

A imagem mostra uma mão segurando uma nota de um dólar americano contra um fundo azul. A sombra da mão e da nota é visível no fundo.
Investidores também reagem à entrevista de Lula na Record; parte do conteúdo foi a público antes da divulgação na íntegra e afetou o mercado - Gabriel Cabral/Folhapress

O real foi afetado pela disparada do iene japonês, em meio a rumores de que o Banco Central do Japão teria intervindo de forma agressiva para valorizar a moeda local.

O avanço do iene afetou operações de carry trade ao redor do mundo, incluindo as realizadas com a moeda brasileira. No carry trade, investidores tomam recursos no exterior, a taxas de juros baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde a taxa de juros é maior.

Como a cotação do iene subiu, investidores tendem a desmontar essas posições de carry, o que acaba por pressionar as cotações do real. Um dos efeitos é a alta da taxa de câmbio —algo que já havia ocorrido na quinta-feira passada (11), quando o iene também avançou.

"O real é bastante líquido, então é fácil fazer carry. Quando tem alta do iene, há uma reprecificação de carry trade no mundo, o que também afeta o real", diz Lais Costa, analista da Empiricus Research.

O mercado também segue atento ao rumo das eleições norte-americanas, em especial sobre a futura política comercial do país caso o ex-presidente Donald Trump —defensor vocal de mais protecionismo econômico— volte à Casa Branca.

Na segunda-feira, o candidato republicano confirmou o senador J.D. Vance como companheiro de chapa, que disse ver a China como a "maior ameaça" aos Estados Unidos no momento.

A China sempre foi alvo de Trump em seus discursos, com ameaças frequentes de imposição de tarifas sobre a segunda maior economia do mundo.

Contribuindo para as preocupações, reportagem da Bloomberg relatou que o governo do presidente Joe Biden está considerando novas restrições para afetar a indústria chinesa de chips, mostrando que os EUA devem apertar a política comercial mesmo com a reeleição do democrata.

Em resposta, o índice Nasdaq perdeu mais de 2% nesta quarta, puxado pelo derretimento de ações ligadas a empresas de tecnologia e chips.

Ainda olhando para os Estados Unidos, investidores aguardam por sinais de que o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) poderá iniciar o ciclo de cortes na taxa de juros —atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%— nas próximas reuniões de política monetária.

Operadores passaram a precificar a possibilidade de três cortes neste ano, sendo o primeiro na reunião de setembro, seguido de outros dois adicionais em novembro e dezembro. Eles apostam em 68 pontos-base de afrouxamento ainda em 2024, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

A expectativa segue a esteira de declarações recentes de Jerome Powell, presidente do Fed, e de outras autoridades da autarquia. O diretor Christopher Waller afirmou nesta quarta que o primeiro corte na taxa de juros "está se aproximando", embora não tenha fornecido mais detalhes sobre quando isso poderá acontecer.

Na cena doméstica, os agentes financeiros repercutiam as falas de Lula à Record. Trechos da entrevista chegaram ao conhecimento do mercado antes da divulgação pela emissora e geraram ruídos sobre a política fiscal do país na véspera, conforme apurou a Folha.

Na entrevista, o petista afirmou que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se tiver "coisas mais importantes para fazer". Por outro lado, disse que a meta de déficit zero para este ano não está rejeitada e se comprometeu a fazer o necessário para cumprir arcabouço fiscal.

Lula ainda afirmou que precisa ser convencido de corte de gastos em 2024. As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.

"Alguns reflexos (da entrevista de Lula) podem vir de ainda alguma insegurança com o arcabouço fiscal... Lula deixou margem para a interpretação de que a flexibilidade que ele espera pode ser maior do que o mercado está disposto a tomar", disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

No ambiente corporativo, Vale e Petrobras, as duas empresas de maior peso no Ibovespa, operaram em sinais opostos. A mineradora perdeu cerca de 0,93% diante da fraqueza do minério de ferro no exterior, enquanto a petroleira avançou 0,52% por causa da alta do petróleo tipo Brent.

Bancos operaram no positivo, e Sabesp subiu 2,02%, um dia depois do final do período de reservas de ações.

Na terça-feira, a Bolsa se firmou no campo negativo com a repercussão das falas de Lula, ainda que em leve queda de 0,16%, a 129.110 pontos. Já o dólar fechou em queda de 0,31%, a R$ 5,428 na venda.

Com Reuters

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