Ce chapitre a trait à un aspect peu abordé du le domaine de l’art : la vente des œuvres. Nous réf... more Ce chapitre a trait à un aspect peu abordé du le domaine de l’art : la vente des œuvres. Nous réfléchirons à la façon dont celle-ci renvoie à des attributs habituellement constitutifs de l’identité de l’artiste, tels que le caractère original, individuel et commercialement désintéressé de sa création, ou encore au fait qu’elle ne soit pas reconnue. Nous entamerons ce chapitre par la description du délicat processus d’organisation des marchés d’artisanat dans la ville de Fortaleza, la capitale de l’État du Ceará, dans le Nordeste, au Brésil. Dans cette ville, les artistes plasticiens travaillent généralement aux côtés des artisans – un phénomène courant sur les marchés d’artisanat situés dans des lieux très touristiques. À partir des rapprochements et des distinctions entre les catégories d’artiste ou d’art d’une part, et d’artisan ou d’artisanat de l’autre, nous réfléchirons aux différents sens attachés aux processus de vente des produits créés par les uns et les autres et aux conditions dans lesquelles la transaction a lieu. Nous chercherons ainsi à déterminer en quoi la vente contribue à différencier les artistes plasticiens des artisans, et à distinguer les artistes plasticiens entre eux. Les pratiques et l’élan créatif de ces producteurs sont en grande mesure tributaires du public et des espaces dans lesquels ils souhaitent exposer leurs œuvres, mais aussi des difficultés réelles qu’ils rencontrent habituellement pour y accéder. Nous décrirons les situations de vente et les relations que ces artistes établissent avec les acheteurs de leurs œuvres, pour la plupart des touristes, ainsi que la façon dont ils conduisent et évaluent cette vente. Nous montrerons qu’au-delà du besoin inévitable et inexorable de gagner leur vie pour continuer à produire, la vente peut contribuer à valoriser leur travail et à assurer la communication qu’ils souhaitent établir avec les acheteurs de leurs œuvres
Por meio da apresentacao de dados etnograficos, o artigo descreve e analisa formas do publico est... more Por meio da apresentacao de dados etnograficos, o artigo descreve e analisa formas do publico estabelecer contato com obras de arte expostas em centros culturais e museus de arte. Decompondo a observacao das obras nos procedimentos de aproximacao, permanencia e visao, discute premissas embutidas em modelo de estudo do publico da arte ainda calcado na relacao um individuo / uma obra, e propoe uma abordagem voltada para praticas e interacoes sociais.
Neste artigo levantamos algumas possibilidades de analise do processo criativo no cinema, utiliza... more Neste artigo levantamos algumas possibilidades de analise do processo criativo no cinema, utilizando registros autobiograficos, sobretudo de cineastas, e desenvolvendo hipoteses sobre a recorrencia de alguns procedimentos ritualizados como deflagradores e constitutivos da criacao artistica. Para tanto, enfocamos o set de filmagens e a acao, situacoes sociais experimentadas como excepcionais por atores sociais envolvidos.
RESUMO: Nesse artigo apontamos a oportunidade da analise sociologica dos processos por meio dos q... more RESUMO: Nesse artigo apontamos a oportunidade da analise sociologica dos processos por meio dos quais artistas criam suas obras. Interessam-nos, particularmente, os estados especiais de criacao, relatados por artistas, que acompanhariam os chamados fluxos criativos, ou a inspiracao, ou a revelacao - situacoes eventuais e incomuns que, para muitos deles, consistiriam no fundamental e caracteristico da atividade artistica, mas que nem sempre a literatura sociologica e antropologica voltada para a arte analisa ou mesmo computa como constitutivos de seu objeto. Palavras-chave: criacao artistica; artista; praticas artisticas
Resumo Este artigo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as for... more Resumo Este artigo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as formas por meio das quais ela se liga a procedimentos criativos e a diversos atributos que costumam compor a identidade de artista, como o caráter original, individualizado e comercialmente desinteressado de sua produção. Analisando situação na qual artistas plásticos trabalham em feira de artesanato de Fortaleza, Estado do Ceará - Brasil, as aproximações e os distanciamentos das categorias artista/arte, de um lado, das categorias artesão/artesanato, de outro, contribuem para a reflexão sobre o significado variável de procedimentos vinculados à venda de seus produtos, as condições nas quais se realiza, e o quanto concorre para a diferenciação dos e entre artistas plásticos.
Esse capítulo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as formas p... more Esse capítulo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as formas por meio das quais ela se vincula a diversos atributos que costumam compor a identidade de artista, como o caráter original, individualizado e comercialmente desinteressado de sua produção, bem como seu não reconhecimento. Começa descrevendo o conturbado processo de organização de feira de artesanato na cidade de Fortaleza, estado do Ceará – Brasil, onde artistas plásticos trabalham ao lado de artesãos – ocorrência bastante difundida em feiras de artesanato de cidades com grande afluxo de turistas. Analisando as aproximações e os distanciamentos das categorias artista/arte, de um lado, das categorias artesão/artesanato, de outro, é apresentada uma reflexão sobre o significado variável de procedimentos vinculados à venda de seus produtos, as condições nas quais se realiza, e o quanto concorre para a diferenciação dos e entre artistas plásticos. Práticas e ímpetos criativos desses artistas são correlacionados ao público e espaços para os quais gostariam de dirigir seus trabalhos e às dificuldades reais que costumam encontrar para acessá-los. Situações de venda e relações que estabelecem com compradores de seus trabalhos, boa parte dos quais turistas, são descritas, bem como a maneira como as conduzem e avaliam. Para muito além da necessária e inexorável repercussão que tem para a sua sobrevivência, e para a própria continuidade de sua produção, é demonstrado que por meio da venda o valor do trabalho desses artistas plásticos pode ser aventado, e com ele a própria oportunidade da comunicação que desejam e presumem instituir no repasse das peças que criam
Ce chapitre a trait à un aspect peu abordé du le domaine de l’art : la vente des œuvres. Nous réf... more Ce chapitre a trait à un aspect peu abordé du le domaine de l’art : la vente des œuvres. Nous réfléchirons à la façon dont celle-ci renvoie à des attributs habituellement constitutifs de l’identité de l’artiste, tels que le caractère original, individuel et commercialement désintéressé de sa création, ou encore au fait qu’elle ne soit pas reconnue. Nous entamerons ce chapitre par la description du délicat processus d’organisation des marchés d’artisanat dans la ville de Fortaleza, la capitale de l’État du Ceará, dans le Nordeste, au Brésil. Dans cette ville, les artistes plasticiens travaillent généralement aux côtés des artisans – un phénomène courant sur les marchés d’artisanat situés dans des lieux très touristiques. À partir des rapprochements et des distinctions entre les catégories d’artiste ou d’art d’une part, et d’artisan ou d’artisanat de l’autre, nous réfléchirons aux différents sens attachés aux processus de vente des produits créés par les uns et les autres et aux conditions dans lesquelles la transaction a lieu. Nous chercherons ainsi à déterminer en quoi la vente contribue à différencier les artistes plasticiens des artisans, et à distinguer les artistes plasticiens entre eux. Les pratiques et l’élan créatif de ces producteurs sont en grande mesure tributaires du public et des espaces dans lesquels ils souhaitent exposer leurs œuvres, mais aussi des difficultés réelles qu’ils rencontrent habituellement pour y accéder. Nous décrirons les situations de vente et les relations que ces artistes établissent avec les acheteurs de leurs œuvres, pour la plupart des touristes, ainsi que la façon dont ils conduisent et évaluent cette vente. Nous montrerons qu’au-delà du besoin inévitable et inexorable de gagner leur vie pour continuer à produire, la vente peut contribuer à valoriser leur travail et à assurer la communication qu’ils souhaitent établir avec les acheteurs de leurs œuvres
Por meio da apresentacao de dados etnograficos, o artigo descreve e analisa formas do publico est... more Por meio da apresentacao de dados etnograficos, o artigo descreve e analisa formas do publico estabelecer contato com obras de arte expostas em centros culturais e museus de arte. Decompondo a observacao das obras nos procedimentos de aproximacao, permanencia e visao, discute premissas embutidas em modelo de estudo do publico da arte ainda calcado na relacao um individuo / uma obra, e propoe uma abordagem voltada para praticas e interacoes sociais.
Neste artigo levantamos algumas possibilidades de analise do processo criativo no cinema, utiliza... more Neste artigo levantamos algumas possibilidades de analise do processo criativo no cinema, utilizando registros autobiograficos, sobretudo de cineastas, e desenvolvendo hipoteses sobre a recorrencia de alguns procedimentos ritualizados como deflagradores e constitutivos da criacao artistica. Para tanto, enfocamos o set de filmagens e a acao, situacoes sociais experimentadas como excepcionais por atores sociais envolvidos.
RESUMO: Nesse artigo apontamos a oportunidade da analise sociologica dos processos por meio dos q... more RESUMO: Nesse artigo apontamos a oportunidade da analise sociologica dos processos por meio dos quais artistas criam suas obras. Interessam-nos, particularmente, os estados especiais de criacao, relatados por artistas, que acompanhariam os chamados fluxos criativos, ou a inspiracao, ou a revelacao - situacoes eventuais e incomuns que, para muitos deles, consistiriam no fundamental e caracteristico da atividade artistica, mas que nem sempre a literatura sociologica e antropologica voltada para a arte analisa ou mesmo computa como constitutivos de seu objeto. Palavras-chave: criacao artistica; artista; praticas artisticas
Resumo Este artigo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as for... more Resumo Este artigo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as formas por meio das quais ela se liga a procedimentos criativos e a diversos atributos que costumam compor a identidade de artista, como o caráter original, individualizado e comercialmente desinteressado de sua produção. Analisando situação na qual artistas plásticos trabalham em feira de artesanato de Fortaleza, Estado do Ceará - Brasil, as aproximações e os distanciamentos das categorias artista/arte, de um lado, das categorias artesão/artesanato, de outro, contribuem para a reflexão sobre o significado variável de procedimentos vinculados à venda de seus produtos, as condições nas quais se realiza, e o quanto concorre para a diferenciação dos e entre artistas plásticos.
Esse capítulo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as formas p... more Esse capítulo trata de aspecto nem sempre enfocado da arte, a venda, refletindo sobre as formas por meio das quais ela se vincula a diversos atributos que costumam compor a identidade de artista, como o caráter original, individualizado e comercialmente desinteressado de sua produção, bem como seu não reconhecimento. Começa descrevendo o conturbado processo de organização de feira de artesanato na cidade de Fortaleza, estado do Ceará – Brasil, onde artistas plásticos trabalham ao lado de artesãos – ocorrência bastante difundida em feiras de artesanato de cidades com grande afluxo de turistas. Analisando as aproximações e os distanciamentos das categorias artista/arte, de um lado, das categorias artesão/artesanato, de outro, é apresentada uma reflexão sobre o significado variável de procedimentos vinculados à venda de seus produtos, as condições nas quais se realiza, e o quanto concorre para a diferenciação dos e entre artistas plásticos. Práticas e ímpetos criativos desses artistas são correlacionados ao público e espaços para os quais gostariam de dirigir seus trabalhos e às dificuldades reais que costumam encontrar para acessá-los. Situações de venda e relações que estabelecem com compradores de seus trabalhos, boa parte dos quais turistas, são descritas, bem como a maneira como as conduzem e avaliam. Para muito além da necessária e inexorável repercussão que tem para a sua sobrevivência, e para a própria continuidade de sua produção, é demonstrado que por meio da venda o valor do trabalho desses artistas plásticos pode ser aventado, e com ele a própria oportunidade da comunicação que desejam e presumem instituir no repasse das peças que criam
O tema geral do Congresso centrou-se nas artes e na criatividade, questionando os processos atrav... more O tema geral do Congresso centrou-se nas artes e na criatividade, questionando os processos através dos quais, num mundo cada vez mais global, aberto, diferente e multicultural a criatividade artística é (re)definida, promovida, avaliada e afirmada. Concentrando o debate na relação entre as artes e as sociedades plurais, por um lado, e sobre o lugar e o estatuto atribuído à arte pela nova retórica da agenda criativa e da economia criativa, por outro lado, o Congresso almejou debater criticamente o papel das artes como um pilar do desenvolvimento cultural, sócio-ecológico e socioeconómico, da coesão social e da cidadania ativa, bem como sobre os processos de construção de identidades. Assim, a abordagem incidirá sobre as diversas maneiras através das quais as artes são entrelaçadas com os processos de construção de identidade, a nível individual e coletivo, e sobre o reenquadramento material e simbólico das diferenças sociais, económicas e culturais nas sociedades contemporâneas. Um dos principais objetivos deste Congresso Internacional foi o de promover a colaboração e intercâmbio académico entre os estudiosos das artes, para apoiar a apresentação de novos projetos de pesquisa e oferecer inspiração para o desenvolvimento da sociologia, das ciências sociais e dos estudos culturais de matriz lusófona sobre as artes – e a este nível não poderia ter sido mais positivo, pois representou uma odisseia de oportunidades neste âmbito. A sociologia das artes e da cultura tem conhecido grandes avanços em três domínios. O primeiro é a análise da estruturação dos campos culturais-artísticos; a identificação dos princípios do seu funcionamento autónomo e das relações que mantêm com os restantes campos sociais; e a explicação das formas assumidas pelas diferentes disciplinas, práticas e obras artísticas à luz da estrutura dos campos culturais respetivos (Dabul, 2014, 2016a, 2016b). O segundo domínio é a análise da relação social face à cultura, mostrando como ela varia de acordo, por um lado, com a legitimidade dos bens culturais e, por outro lado, com a condição dos atores sociais (Villas-Bôas, 2011, 2016a, 2016b). O terceiro domínio é a análise das políticas culturais. Mas o progresso nestes domínios contrasta com uma dificuldade recorrente em tratar sociologicamente os conteúdos culturais, artísticos e criativos. E essa dificuldade resulta de uma menor disponibilidade para encará-los plenamente como obras: textos, composições musicais, representações, graffitis, pichações, canções, filmes, esculturas, edifícios, performances, instalações, etc., que têm expressão e reconhecimento artístico nos contextos sociais e institucionais onde adquirem relevância, seja do ponto de vista da criação, seja do ponto de vista da consagração crítica ou patrimonial, seja do ponto de vista da receção. É como se a relação entre a prática e a obra artística, de um lado, e o conjunto das práticas e estruturas sociais, do outro, só pudesse investigar-se sociologicamente pela caraterização dos respetivos públicos, ou dos respetivos autores, instituições e mercados; e, fora disso, ficassem as práticas e obras artísticas reduzidas à condição de efeito (direto ou indireto e, neste caso, através de mediações mais ou menos complexas) das práticas e estruturas sociais (Bueno, 2010 e 2015). Ora, a capacidade de análise sociológica e o seu diálogo com outras abordagens interessadas em tornar inteligível a criação artística ficam muito penalizados com esta redução da obra de cultura à condição de efeito (Rodrigues, 2011; Rodrigues & Oliveira, 2016).
Uploads
Papers by Lígia Dabul
A sociologia das artes e da cultura tem conhecido grandes avanços em três domínios. O primeiro é a análise da estruturação dos campos culturais-artísticos; a identificação dos princípios do seu funcionamento autónomo e das relações que mantêm com os restantes campos sociais; e a explicação das formas assumidas pelas diferentes disciplinas, práticas e obras artísticas à luz da estrutura dos campos culturais respetivos (Dabul, 2014, 2016a, 2016b). O segundo domínio é a análise da relação social face à cultura, mostrando como ela varia de acordo, por um lado, com a legitimidade dos bens culturais e, por outro lado, com a condição dos atores sociais (Villas-Bôas, 2011, 2016a, 2016b). O terceiro domínio é a análise das políticas culturais. Mas o progresso nestes domínios contrasta com uma dificuldade recorrente em tratar sociologicamente os conteúdos culturais, artísticos e criativos. E essa dificuldade resulta de uma menor disponibilidade para encará-los plenamente como obras: textos, composições musicais, representações, graffitis, pichações, canções, filmes, esculturas, edifícios, performances, instalações, etc., que têm expressão e reconhecimento artístico nos contextos sociais e institucionais onde adquirem relevância, seja do ponto de vista da criação, seja do ponto de vista da consagração crítica ou patrimonial, seja do ponto de vista da receção. É como se a relação entre a prática e a obra artística, de um lado, e o conjunto das práticas e estruturas sociais, do outro, só pudesse investigar-se sociologicamente pela caraterização dos respetivos públicos, ou dos respetivos autores, instituições e mercados; e, fora disso, ficassem as práticas e obras artísticas reduzidas à condição de efeito (direto ou indireto e, neste caso, através de mediações mais ou menos complexas) das práticas e estruturas sociais (Bueno, 2010 e 2015). Ora, a capacidade de análise sociológica e o seu diálogo com outras abordagens interessadas em tornar inteligível a criação artística ficam muito penalizados com esta redução da obra de cultura à condição de efeito (Rodrigues, 2011; Rodrigues & Oliveira, 2016).