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Alain de Lille

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Alain
Alain de Lille
Xilogravura de Alain de Lille no Wellcome Collection
Nascimento década de 1110
Lille
Morte 29 de dezembro de 1202
Nuits-Saint-Georges, Abadia de Cister
Sepultamento Abadia de Cister
Cidadania Reino da França
Ocupação teólogo, filósofo, professor, poeta, escritor, historiador
Obras destacadas Liber parabolarum
Religião Igreja Católica

Alain de Lille (também em latim: Alanus ab Insulis, Alanis ab Insulis, ou Alanus de Insulis) (Lille, c. 1128 – Cister, 1202) foi um teólogo e poeta francês.

Pouco se sabe sobre sua vida. Parece ter estudado e ensinado nas escolas de Paris, e participado do Concílio de Latrão, em 1179. Posteriormente, morou em Montpellier (devido a isso, algumas vezes é chamado de Alanus de Montepessulano), viveu por um tempo fora dos muros de qualquer claustro e, finalmente, retirou-se para Cister, onde morreu em 1202.

Tinha uma fama muito difundida durante a sua vida e seu conhecimento, mais variado do que profundo. Por sua erudição, como professor, recebeu o cognome de Alain, o Grande ou Doctor universalis. Entre seus trabalhos muito numerosos, dois poemas lhe conferem o direito a um lugar de destaque na literatura latina da Idade Média; um deles, o De planctu naturae, é uma sátira genial sobre os vícios da humanidade. Criou a alegoria da conjugação gramatical, que teve seus sucessores ao longo da Idade Média, servindo de inspiração a outros autores, como por exemplo Jean de Meung no Romance da Rosa. O Anticlaudianus, um tratado sobre a moral como alegoria, cuja forma lembra o panfleto de Claudiano contra Rufino, é agradavelmente versificado e relativamente puro em sua latinidade.

Como teólogo, Alain de Lille compartilhou da reação mística da segunda metade do século XII contra a filosofia escolástica. Seu misticismo, no entanto, está longe de ser tão absoluto como a dos vitorinos.[1] No Anticlaudianus ele resume da seguinte forma: a razão, pautada pela prudência, pode descobrir sozinha a maioria das verdades de ordem física; para a apreensão das verdades religiosas, deve-se crer com fé. Essa regra é completada em seu tratado, Ars catholicae fidei, conforme segue: a teologia em si pode ser demonstrada pela razão. Alain mesmo arrisca uma aplicação imediata deste princípio, e tenta provar geometricamente os dogmas definidos no Credo. Esta tentativa ousada é totalmente fictícia e verbal, e é somente o emprego de vários termos utilizados geralmente em uma ligação (axioma, teorema, corolário, etc.), que dá a seu tratado a sua originalidade aparente.

Assim, por vezes a obra teológica de Alain se assemelha a de João Escoto Erígena e Raimundo Lúlio, tanto pelo racionalismo como pelo misticismo. Cujos elementos filosóficos passam, principalmente, pelo platonismo, pelo aristotelismo, se firma nos comentários de Boécio e Porfírio e pelo pitagorismo. A consistência da filosofia de Alain é fundamentalmente neoplatônica, possui a consistência da lógica aristotélica e outras atribuições alçadas pelo estudo dos comentários dos platonistas Marciano Capela,[2] Apuleio e Boécio e ainda no misticismo do Pseudo-Dionísio e do origenista João Escoto Erígena.

Por ter sido uma autoridade e grande conhecedor das obras de Pedro Lombardo, Tomás de Aquino e Boaventura de Bagnoregio, o Doutor Seráfico, ele permaneceu durante os séculos XIII e XIV como uma referência e foi comumente citado por todos os autores.

Obras e atribuições

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Alain de Lille tem sido frequentemente confundido com outras pessoas chamadas Alain, em particular, com outro Alano (Alain, bispo de Auxerre), Alan, abade de Tewkesbury, Alain de Podio, etc. Certos fatos de suas vidas têm sido atribuídos a ele, assim como algumas das suas obras: assim, Vida de São Bernardo deve ser atribuída a Alain de Auxerre, e o Comentário sobre Merlin, a Alan de Tewkesbury. Alain de Lille não foi autor de um Memoriale rerum difficilium, publicado com seu nome, nem de Moralium dogma philosophorum, nem do satírico Apocalipse de Golias uma vez atribuído a ele; e é extremamente duvidoso que o Dicta Alani de lapide philosophico realmente saiu de sua pena. Por outro lado, parece agora praticamente demonstrado que Alain de Lille foi o autor do Ars catholicae fidei e do tratado Contra haereticos.

O Ars catholicae fidei,[3] dedicado ao papa Clemente III, foi escrito com o propósito de refutar os fundamentos racionalistas dos maometanos, judeus e hereges; o Contra haereticos[3] e o Theologicae Regulae,[3] seguiram pelo mesmo caminho e o poema De Planctu Naturae e o Anticlaudianus.[4] Algumas obras ainda inéditas como De virtutibus et Vitiis[5] tinham uma conotação satírica e moralista consecutivamente.

Em seus sermões sobre os pecados capitais, Alain argumentou que sodomia e homicídio são os pecados mais graves, uma vez que eles invocam a ira de Deus, o que levou à destruição de Sodoma e Gomorra. Seu trabalho principal sobre a penitência, o Liber poenitenitalis, dedicado a Henrique de Sully, exerceu grande influência sobre os muitos manuais de penitência produzidos como consequência do Quarto Concílio de Latrão. A identificação de Alain dos pecados contra a natureza inclui: a bestialidade, a masturbação, o sexo oral e anal, o incesto, o adultério e o estupro. Além de sua batalha contra a decadência moral, Alain escreveu uma obra contra o Islã, o Judaísmo e os hereges cristãos dedicado a Guilherme VIII de Montpellier.

O seu A ciência da natureza é uma série de relatórios e correspondências, decorrente da filosofia neo-platônica, da tradição hermética e da alquimia onde o homem, microcosmo natural, possuem em si mesmo, dentro de sua fisiologia, várias partes correspondentes ao todo. Ele é composto de quatro humores: ar, água, fogo e terra, como os elementos naturais, o movimento de sua razão, à semelhança do argumento de Platão no Timeu, é o movimento do céu fixo em si mesmo e de sua sensibilidade ao movimento planetário e, como em Platão, Alain identifica três faculdades no homem: a prudência, colocada na cabeça, correspondente a Deus, a coragem, no coração corresponde aos anjos e a sensualidade, nos rins, que é o mesmo homem.

Como o universo, diz Alain, de acordo com uma teoria, compartilhada por outros neoplatônicos, que não é infinito e, portanto, não tem um centro fixo: em certo sentido, o centro seria em todos os lugares, de acordo com o observador. Estas observações têm lugar também na concepção e nos ensinamentos de Nicolau de Cusa, e até mesmo em Albert Einstein.[6]

Em seu Contra haereticos ele refuta aos hereges albigenses, valdenses, aos judeus e árabes. Os albigenses argumentam que o mundo é o trabalho de um princípio do mal, uma vez que os efeitos da mudança são imperfeitos. Na argumentação aristotélica, justifica-se que o movimento requer um motor imóvel, então Deus, que é a causa eficiente produzindo efeitos, também permanece inalterado à mudança e à corrupção. A negação da imortalidade da alma responde aos albigenses, ao modo platônico, que o que é incorpóreo e incorruptível e (antecipando a "aposta" de Blaise Pascal) afirma que, no entanto, se a alma é mortal, ao invés de imortal, não sofrerá desvantagens por isto.

Referências

  1. O vitorismo, criado por Hugo de São Vitor, ensina que existem três operações básicas e hierárquicas da alma racional, as quais se complementam em sua ordem sucessória, a saber: (1) O pensamento, (2) a meditação e (3) a contemplação.
  2. Marciano Capela, autor de um texto alegorístico que permaneceu uma referência por toda a Idade Média reconhecia a imagem do "garoto com o dedo apoiado contra seus lábios" porém não mencionou o nome de Harpócrates; "...quidam redimitus puer ad os compresso digito salutari silentium commonebat".
  3. a b c De Migne, PL, CCX.
  4. Wright em poetas satíricos do século XII, II (Rerum Britannicarum Scriptores)
  5. (Codex, Paris , Bibl. Nat., N. 3238).
  6. Cf. I. Toth, La filosofia e il suo luogo nello spazio della spiritualità occidentale, Bollati Boringhieri, Torino 2007, pp. 38-39.

Ligações externas

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Leituras adicionais

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  • Dynes, Wayne R. 'Alan of Lille.' em Encyclopedia of Homosexuality, Garland Publishing, 1990. p. 32.
  • Kren, Claudia (1970). «Alain de Lille». Dictionary of Scientific Biography. 1. New York: Charles Scribner's Sons. pp. 91–92. ISBN 0684101149