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Estudos clássicos

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Estudos clássicos é a denominação dada aos estudos de caráter multidisciplinar que agregam os pesquisas relativas à antiguidade clássica grego-romana, particularmente suas línguas e literaturas (grego antigo e latim), filosofia greco-romana, história antiga e arqueologia clássica. No mundo ocidental, os estudos relativos à civilização greco-romana sempre foram considerados um pilar da humanidades e parte fundamental da educação bem estruturada. Em países anglófonos, esta grande área do conhecimento recebe o nome de Classics ou Classical Studies, em países de língua francesa Études Classiques.

A formação do classicista (latinista e helenista) no Brasil

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Acrópole de Atenas

No âmbito da educação universitária no Brasil, muitas instituições, principalmente as públicas, oferecem em nível de graduação cursos de grego antigo e de latim, entretanto o bacharelado e/ou a licenciatura em língua e literatura grega e língua e literatura latina é oferecido em apenas três: na Universidade de São Paulo (USP), na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O aluno egresso desses cursos recebe a alcunha de helenista e de latinista respectivamente, sendo que se for dupla sua titulação, isto grego antigo e latim, será conhecido como classicista. Ainda no que diz respeito à formação desses profissionais, há que ser registrado que outras universidades, ainda que não ofereçam a possibilidade de uma diplomação em grego antigo e/ou latim, possuem em suas grades curriculares disciplinas optativas suficientes a fim de oferecer uma sólida formação nesta área, entre essas universidades, temos a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade Federal do Paraná, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Ouro Preto, entre outras. No âmbito da pós-graduação, há dois programas específicos aprovados pela CAPES: O Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas[1] da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.[2] Mesmo que não recebam o nome específico "Letras Clássicas", muitos programas de Pós-graduação em Linguística e em Estudos Literários possuem áreas de Concentração que pode dar ao pós-graduando uma sólida formação nas Letras Clássicas, convém lembrar o Programa de Pós Graduação em Linguística da UNICAMP e o de Estudos Literários da UNESP, câmpus de Araraquara/SP.

Forum Romano, visão a partir do Monte Palatino, Roma

Afora, os estudos relativos à linguagem (Linguística e Literatura), os estudos clássicos dedicam-se a outras áreas importantes do conhecimento, que seguramente não podem prescindir do conhecimentos linguístico-literários, assim como esses não podem abrir mão de um contextualização histórico-arquiológica e filosófica dos textos antigos greco-latinos. Contudo, diferentemente do que ocorre em Letras e Linguística, os estudos clássicos nas demais áreas ora limitam-se a disciplinas isoladas nos cursos de graduação em História, Filosofia e Arqueologia, ora são áreas de concentração ou linhas de pesquisas nos programas de pós-graduação homônimos. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, no curso de filosofia são oferecidas: História da Filosofia Antiga I e História da Filosofia Antiga III em que podem ser discutidos e desenvolvidos temas relativos aos pré-socráticos, a Platão, a Aristóteles, aos céticos, aos cínicos, aos estóicos, aos pitagóricos entre outros.

Papiro encontrado em Oxirrinco com manuscritos de Euclides

A história da Grécia e a história de Roma são elementos curriculares obrigatórios desde o ensino fundamental, portanto seu estudo e sua pesquisa devem ser valorizados nos níveis de graduação e de pós-graduação. Na Universidade de São Paulo, são oferecidas, por exemplo, as seguintes disciplinas na Graduação: História Antiga I, História Antiga II e Arqueologia, sem contar disciplinas que tocam parcialmente nestes conteúdos. No que diz respeito à pós-graduação não são ouças as Universidades Brasileiras que oferecem formação acadêmica no âmbito da História Antiga, haja vista a existência de um Grupo de Trabalho de História Antiga[3] específico na Associação Nacional de História - ANPUH.[4]

A Arqueologia Clássica possui certa tradição no Brasil. Na Universidade de São Paulo, a Arqueologia, sua pesquisa e ensino, está subordinada ao Museu de Arqueologia e Etnologia - MAE. Esse museu oferece mais de 20 disciplinas de graduação em diversos cursos da USP e de outras universidades. Possui também um programa de pós-graduação cuja função é a formação de pesquisadores e professores universitários da área.

Em 1999, a Universidade de São Paulo promoveu profundas modificações curriculares no curso de Letras. Entre estas, estava a criação de um Ciclo Básico no primeiro ano. Nele os ingressastes poderiam ter acesso aos conhecimentos mais elementares e importantes do curso como um todo. Nesse sentido, quatro núcleos disciplinares foram criados e são obrigatórios desde então: Introdução aos Estudos Literários, Introdução aos Estudos Clássicos (IEC I e II), Introdução à Linguística e Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa. A presença das disciplinas IECI e II na grade curricular que possui apenas mais três outras componentes denota a importância dos estudos clássicos na formação do profissional de Letras. De maneira análoga ao que ocorre, como visto acima, nos cursos de História e Filosofia com suas disciplinas afins.

Grupos/núcleos de pesquisa e laboratórios e centros de pesquisa

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Além da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos - SBEC, outras sociedades concorrem para o desenvolvimento dos estudos clássicos no Brasil. A Sociedade Brasileira de Platonistas,[5] a Sociedade Brasileira de Retórica,[6] a Associação Brasileira de Professores de Latim[7] são dois exemplos importantes. Contudo, sob a perspectiva de uma capilaridade institucional, inúmeros grupos, núcleos, centros e laboratórios de pesquisa organizam-se nas Universidades Brasileiras sob a égide dos estudos clássicos. Entre esses são dignos de citação:

Além da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos - SBEC, outras sociedades concorrem para o desenvolvimento dos Estudos Clássicos no Brasil. A Sociedade Brasileira de Platonistas,[5] a Sociedade Brasileira de Retórica,[6] a Associação Brasileira de Professores de Latim[7] são dois exemplos importantes. Contudo, sob a perspectiva de uma capilaridade institucional, inúmeros grupos, núcleos, centros e laboratórios de pesquisa organizam-se nas Universidades Brasileiras sob a égide dos Estudos Clássicos. Entre esses são dignos de citação:

  • IAC - Imagens da Antiguidade Clássica (USP)[8]
  • VerVe - Verbum Vertere (USP)[9]
  • LATTIM - Laboratório de Tradução de Textos e Imagens (USP)
  • Proaera - Programa de Estudos em Representações da Antiguidade (UFRJ[10]/UFES[11]/UFJF/UFRGS/UniRio)
  • LEIR - Laboratório de Estudos do Império Romano (USP[12]/UFOP[13]/UNESP[14]/UFES[15])
  • GTA - Grupo de Teatro Antigo (USP)[16]
  • LINCEU - Visões da Antiguidade Clássica (Unesp-Araraquara)[17]
  • Archai - Cátedra UNESCO Archai: as origens do pensamento ocidental (UnB[18])
  • LABECA -  Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (USP[19])
  • LEPAARQ - Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia (UFPel[20])
  • NEHMAAT - Núcleo de Estudos em História Medieval, Antiga e Arqueologia Transdisciplinar (UFF[21])
  • CEIA - Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade (UFF[22])
  • LHIA - Laboratório de História Antiga (UFRJ[23])
  • CEC - Centro de Estudos Clássicos (Unicamp[24])
  • CPA - Centro do Pensamento Antigo (Unicamp[25])
  • OUSIA - Estudos em Filosofia Clássica (UFRJ)[26]
  • NOESIS - Laboratório de Estudos em Filosofia Antiga (UERJ)[27]
  • NEREIDA - Núcleo de Estudos de Representações e de Imagens da Antiguidade[28] (UFF)
  • NEAM - Núcleo de Estudos Antigos e Medievais[29] (UFMG)
  • FILIA - Filologia, Língua e Literatura Antigas (UFRN)
  • GELLAMA - Grupo de Estudos de Língua Latina de Manaus (UFAM)
  • LATINITATES - Estudos Clássicos e Humanísticos [30](UEA)
  • NIGRAM - Núcleo Giancarlo Stefani de Investigação em Gramática e Retórica, Antigas e Modernas [31](UEA)

Alguns manuscritos da Renascença - transmissão

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Ver artigo principal: Crítica textual

A partir de manuscritos transmitidos da Antiguidade e que sobreviveram até o Renascimento, edições críticas, isto é, aquelas que cotejam mais de um ainda hoje são elaboradas e/ou traduzidas pelos classicistas para as línguas modernas, donde têm-se várias coleções importantes, entre as quais são dignas de nota:

  • Loeb Classical Library, elaborada pela Harvard University Press,
  • Les Belles Lettres organizada pela Association Guillaume Budé de Paris,
  • BUR Classici da Biblioteca Universale Rizzoli de Milão
  • Biblioteca Clásica Gredos da Editorial Gredos de Madri[32]
  • Classica Digitalia[33] organizada pela Imprensa da Universidade de Coimbra.

Os estudos clássicos também não podem prescindir das edições que oferecem apenas o texto latino e do texto grego com aparato crítico como são os casos da Bibliotheca Teubneriana de Leipzig e da Oxford Classical Texts da Oxford University Press.

Transmissão oral e transmissão escrita

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Quando estamos diante de um texto antigo, por exemplo, a Odisseia de Homero, muitas questões relativas à sua transmissão devem ser consideradas, pois que aliam-se à fidedignidade do texto que estamos lendo, isto é, se pensarmos que Homero é um autor que teria vivido entre os séculos IX e VIII a.C.,[34] época em que entre os gregos a escrita ainda não havia sido inventada — ela nasce no século VI a.C.[35] — como poderíamos atestar firmemente que fosse realmente o autor dessa obra? E mais como poderíamos ter certeza de que esta obra hoje lida era exatamente aquela que fora composta por este autor que não pôde registrá-la em um suporte/meio durável? Estas questões dizem respeito à uma questão que por muito tempo vem sendo discutida pelos classicistas: a questão homérica. Homero teria ou não existido? Se não o que são os poemas homéricos? Uma compilação? Uma composição coletiva? E Homero seria ou não uma ficção?[36] Teria poetado? Teria recolhido poemas na tradição? Seria ele apenas um cantor, um aedo? Hoje, ao que parece, poucos têm este tipo de preocupação, mais certo é que os classicistas (latinistas e helenistas) se debruçam sobre o material histórico que lhes cabe: o texto. Nesse sentido, os estudos clássicos ocupam-se da descoberta de novos textos, de sua edição e tradução, da elaboração de comentários e a exegese dessas descobertas. Mas ainda assim, diante de tudo isto, uma questão importante ainda está na base dos estudos clássicos: como os textos homéricos compostos por uma única pessoa ou várias chegaram até nós tendo em vista a agrafia grega no período de sua composição? A tradição oral é a resposta.

Periódicos científicos - brasileiros e internacionais

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  • Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos[37] - SBEC
  • Letras Clássicas - Revista de Estudos Clássicos do PPG em Letras Clássicas[38] - USP
  • Phaos - Revista de Estudos Clássicos[39] - Unicamp
  • Nuntius Antiquus[40] - UFMG
  • Mare Nostrum - Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo[41] - USP
  • Calíope - Presença Clássica[42] - UFRJ
  • Hélade - Tevista de História Antiga[43] - UFF
  • Romanitas - Revista de Estudos Greco-latinos[44] - UFES
  • Códex - Revista de Estudos Clássicos[45] - UFRJ
  • Rónai - Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios[46] - UFJF
  • Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade[47] - Unicamp
  • Phoînix - Periódico do Laboratório de História Antiga (LHIA)[48] - UFRJ
  • Alétheia - Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo[49] - UFRN

Internacionais

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  • The American Journal of Philology - The Johns Hopkins University Press - Estados Unidos
  • Arethusa[50] - Johns Hopkins University Press - Estados Unidos
  • L'Antiquité Classique[51] - Revue Interuniversitaire d’Études Classiques - Bélgica
  • American Journal of Archaeology[52] - Archaeological Institute of America - Estados Unidos
  • Acta Classica[53] - The Journal of the Classical Association of South Africa
  • Bulletin of the Institute of Classical Studies  - Reino Unido
  • The Classical Quarterly[54] - The Classical Association - Reino Unido
  • Classical Philology[55] - A Journal dedicated to research in the Classical Antiquity - The University of Chicago Press - Estados Unidos
  • Classical Antiquity[56] - Department of Classics of the University of California - Estados Unidos
  • The Classical World - Estados Unidos
  • The Classical Review - Reino Unido
  • The Classical Journal - Estados Unidos
  • CFC(L)[57] - Cuadernos de Filología Clásica. Estudios Latinos - Universidad Complutense Madrid - Espanha
  • CFC(G)[58] - Cuadernos de Filología Clásica. Estudios Griegos y Indoeuropeos - Universidad Complutense Madrid - Espanha
  • Euphrosyne - Revista de Filologia Clássica - Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa - Portugal
  • Emerita[59] - Revista de Linguistica e Filologia Clásica - Instituto de Lenguas y Culturas del Mediterráneo y Oriente Próximo - Espanha
  • Greece & Rome - Reino Unido
  • Gnomon - Alemanha
  • Glotta - Alemanha
  • Harvard Studies in Classical Philology - Estados Unidos
  • Hermes - Alemanha
  • Illinois Classical Studies - Estados Unidos
  • Journal of Roman Studies[60] - Society for the Promotion of Roman Studies - The Roman Society - Reino Unido
  • Latomus - Révue d'Études Latines[61] - Société d’Études Latines de Bruxelles - Bélgica
  • Mnemosyne[62] - A Journal of Classical Studies - Brill - Holanda
  • Museum Helveticum - Suiffa
  • Materiali e Discussioni per l'Analisi dei Testi Classici - Itália
  • Phoenix[63] - a journal of the Classical Association of Canada - Canadá
  • Papers of the British School at Rome - Reino Unido
  • Quaderni Urbinati di Cultura Classica - Itália
  • Revue des Études Grecques[64] - REG - Association pour l'Encouragement des Etudes grecques en France - França
  • Revue des Études Latines[65] - REL - Société des Études Latines - França
  • Revue de Philosophie Ancienne - França
  • Rheinisches Museum für Philologie - Alemanha
  • Revue de Philosophie Ancienne
  • Ramis
  • Transactions of the American Philological Association - Estados Unidos
  • Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik - Alemanha
  • Wiener Studien - Áustria

Sociedades internacionais

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  • Fédération internationale des associations d’études classiques / International Federation of Associations of Classical Studies - FIEC[66]
  • Associaçião Portuguesa de Estudios Clássicos[67] - Portugal
  • The Society for Classical Studies (SCS)[68] / American Philological Association (APA) - Estados Unidos
  • Classical Association of the Middle West and South[69] - Estados Unidos
  • The Classical Association[70] - Reino Unido
  • Society for the Promotion of Roman Studies - The Roman Society - Reino Unido
  • Society for the Promotion of Hellenic Studies - The Hellenic Society[71] - Reino Unido
  • Sociedad Española de Estudios Clásicos[72] - Espanha
  • Societat Catalana d’Estudis Clàssics[73] - Espanha
  • Société d’Études Latines de Bruxelles[74] - Bélgica
  • The Classical Association of Canada / La Société canadienne des études classiques[75] - Canadá
  • Société des Études Latines[76] - França
  • Association pour l'Encouragement des Etudes Grecques en France[77] - França
  • Asociación Argentina de Estudios Clásicos[78] - Argentina
  • Associazione Italiana di Cultura Classica[79] - Itália
  • Asociación Mexicana de Estudios Clásicos[80] - México
  • Oikos - National Research School in Classical Studies[81] - Holanda
  • Deutsche Altphilologenverband[82] - Alemanha

Referências

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  3. «Grupo de Trabalho de História Antiga da ANPUH». Consultado em 1 de setembro de 2017 
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  34.  Vidal-Naquet, Pierre (2000). Le monde d'Homère. [S.l.]: Perrin. 19 páginas: "a Ilíada e a Odisseia datam dos últimos anos do século IX a.C., ou a partir do século VIII a.C., a Ilíada sendo anterior à Odisseia, talvez por algumas décadas"
  35. Havelock, E. (1994). A Revolução da Escrita na Grécia e suas Consequências Culturais. p. 48: "Entre 1100 e 700 a.C., os gregos eram totalmente não-letrados: nesse ponto, o testemunho da epigrafia é irrefutável."
  36. West, M. L. (1999). «The Invention of Homer». Classical Quarterly. 49 (364): Homero não é "o nome de um poeta histórico, mas um nome fictício ou construído"
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