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Árvore de Natal de plástico ou pinheiro natural?

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Especialistas

árvore de natal de plástico e natural
iStock

A DECO PROTeste analisou o impacto ambiental das duas opções mais comuns para a tradicional árvore de Natal. A árvore de plástico evita o abate das verdadeiras; mas, por outro lado, tem plástico e metal e é originária da China, o que significa maiores impactos ambientais... Já as reais implicam o abate de milhares de árvores na época das festas.

Qual a árvore de Natal mais sustentável? Natural ou artificial? Não há uma resposta preto no branco. É o que demonstra o resultado da análise ao ciclo de vida dos dois exemplos. Para fazer uma comparação mais justa, foram consideradas duas árvores da mesma dimensão, dois metros de altura, mas com peso, naturalmente, diferente.

No caso da árvore artificial, considerámos a produção, da árvore e da embalagem, o seu transporte até Portugal e, depois, até ao local de venda e à casa do consumidor; e o fim de vida da árvore e da embalagem.

Quanto ao pinheiro natural, foram tidas em conta a germinação e todas as necessidades da árvore ao longo de 11 anos (o tempo considerado necessário até se desenvolver para a altura natalícia de 2 metros), o corte, a produção da embalagem, o transporte até ao local de venda e para casa, e o fim de vida da embalagem e da árvore.

Excluídos da nossa análise ficaram os impactos ambientais associados à iluminação da árvore, uma vez que se considerou que, tendo as árvores a mesma dimensão, teriam a mesma necessidade de iluminação. Também os impactos ambientais da construção de fábricas e máquinas foram excluídos.

Cem quilómetros até chegar à loja

A árvore artificial tem como país de origem a China e é relativamente simples no que diz respeito aos materiais utilizados. É constituída apenas por plástico, neste caso PVC, e por aço e pesa sete quilos. O cenário do estudo estabelecia que esta árvore seria embalada numa embalagem de cartão. Após estar produzida, considerou-se que chegaria até Portugal de barco e que em Portugal iria percorrer cem quilómetros de camião entre o porto e o local onde será vendida. Além disso, o consumidor faria uma viagem de dez quilómetros para ir buscar a árvore de Natal à loja.

A árvore natural, também com dois metros de altura, teria um peso de 15 quilos. Foi plantada em Portugal e, depois de ser cortada, seria transportada de camião por uma distância de cem quilómetros até chegar à loja onde seria vendida. Considerou-se que consumidor a iria recolher a uma distância de carro de dez quilómetros.

E a árvore mais sustentável é... depende

Analisadas diversas variáveis de impactos ambientais, tais como o grau de contribuição de ambas para o aquecimento global, impacto sobre a saúde humana, ecotoxicidade terrestre e na água, uso do solo e consumo de água, entre outras, os resultados podem resumir-se muito facilmente: a árvore de plástico tem muito mais impacto em todas as vertentes estudadas, à exceção da categoria de uso do solo. O que é natural, tendo em conta que não é plantada, como a sua congénere natural.

Mas há uma pequena surpresa: existem impactos ambientais na categoria de potencial de aquecimento global para a árvore de Natal natural. Pode parecer curioso, mas o fenómeno tem que ver com as emissões associadas à manutenção da árvore (corte da relva, fertilizantes e pesticidas que possam ser utilizados), e ao seu abate, transporte e embalagem. De salientar que o dióxido de carbono que a árvore absorve durante a sua vida acaba por ser libertado quando a árvore chega ao seu fim de vida.

Já no caso da árvore de plástico, os processos de produção do plástico acabam por significar um maior impacto ambiental. Relativamente ao transporte, o barco da China até Portugal não apresenta impactos ambientais muito relevantes, uma vez que apenas são considerados os impactos associados ao transporte de 7,5 quilos (árvore mais embalagem de cartão).

O estudo centrou o cálculo em 18 categorias de impacto ambiental, que foram agregadas em três categorias, que, em conjunto, dão origem a um único valor. Naturalmente, quanto mais alto for este valor, mais alto será o impacto ambiental.

Considerando então esta unidade de medida, a conclusão é que a árvore de plástico tem mais impacto ambiental que uma árvore de Natal natural. É, mais concretamente, quase sete vezes superior ao impacto ambiental da árvore de Natal natural, o que significa que a árvore artificial terá de ser utilizada durante, pelo menos, sete períodos natalícios para que os impactos ambientais que tem a mais sejam compensados.

Por isso, não há uma escolha certa ou errada: tudo depende do perfil do consumidor. Se optar pela árvore de plástico e a usar, pelo menos, sete Natais seguidos, terá compensado o que ela custou ao ambiente. Quanto mais anos utilizar a árvore de Natal artificial, melhor será para o ambiente. Mantenha-a pelo máximo tempo possível.

Dicas para adeptos das árvores de plástico

Se for essa a opção, há algumas dicas adicionais para ter em conta, se quiser ter uma árvore de Natal mais sustentável. Deve assegurar que compra uma árvore para o futuro.

  • Evite versões de árvores artificiais que tenham cores diferentes do verde habitual e que possam fazer com que se canse rapidamente. Árvores douradas, vermelhas ou brancas podem parecer boa ideia para um ano, mas é mais provável que a troque antes de se estragar.

  • Compre uma árvore de Natal que tenha dimensões adequadas para a divisão onde irá estar. Árvores excessivamente grandes podem causar alguma frustração por reduzirem o espaço útil da divisão e árvores muito pequenas podem fazer com que a troca por outra árvore aconteça mais cedo.

  • A árvore artificial deve ser resistente e robusta o suficiente para durar tantos anos quantos aqueles que o consumidor desejar. Evite, portanto, árvores de Natal que sejam mais frágeis ou cujo aspeto não lhe inspire muita confiança.

Dicas para adeptos das árvores naturais

  • Certifique-se de que a origem da árvore é sustentável e que esta não provém de práticas de desflorestação.

  • Não compre árvores que sejam originárias de fora de Portugal.

  • Se tiver um terreno grande, compre uma árvore em vaso e depois da época natalícia plante a árvore no terreno.

  • Compre árvores que tenham sido cortadas para manter o terreno limpo e prevenir incêndios.

O que fazer no fim de vida da árvore?

Independentemente do tipo de árvore de Natal escolhido, é importante perceber que a árvore irá, mais cedo ou mais tarde, chegar ao fim de vida. Quando isso acontecer, importa saber o que deverá fazer e onde deve colocar a árvore.

Pinheiro de Natal

Quando desmontar o pinheiro de Natal, pode dar várias soluções à árvore. Caso tenha um terreno e o pinheiro esteja num vaso, pode plantá-lo. Caso não tenha vaso, então pode aproveitar a madeira como biomassa e colocá-la na lareira ou, caso não tenha lareira, pode entregar num ecocentro.

O Pinheiro Bombeiro, iniciativa que decorre em regra todos os anos, permite que o consumidor compre a sua árvore de Natal (parte do valor reverte para os bombeiros) e que, depois do fim da época natalícia, devolva, para que seja transformada em biomassa, ou seja, para que seja produzida energia. Esta será a alternativa mais sustentável.

Árvore artificial

Caso ainda esteja em boas condições, pode tentar vendê-la no mercado de segunda mão. Se não for possível ou não tiver esse interesse, procure doar a familiares, amigos ou a instituições de caridade que recebam este tipo de produtos. Por outro lado, caso a árvore já não se encontre em boas condições, deverá ser colocada no lixo indiferenciado. Apesar de ser de plástico e metal, dois materiais recicláveis, a verdade é que não é uma embalagem e, como tal, não pode ser colocada no ecoponto.

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