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Zé Povinho

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Figura em cerâmica retratando o Zé Povinho, por Rafael Bordalo Pinheiro.
Primeira caricatura do "Zé Povinho" em "A Lanterna Mágica" (1875).

Zé Povinho é uma personagem satírica de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro e adoptada como personificação nacional portuguesa.[1]

Surgiu pela primeira vez na 5ª edição do periódico "A Lanterna Mágica", a 12 de Junho de 1875, na caricatura intitulada "Calendário 'Portuguez'", alusiva aos impostos, onde se representa o então Ministro da Fazenda, Serpa Pimentel, a sacar ao Zé Povinho uma esmola de três tostões para Santo António de Lisboa (representado por Fontes Pereira de Melo) com o "menino" (D. Luís I) ao colo, tendo ao lado o comandante da Guarda Municipal, de chicote na mão, presente para prevenir uma eventual resistência.

Nas edições seguintes do periódico, a caricatura do Zé Povinho continuou a surgir com o personagem de boca aberta e a não intervir, resignado perante a corrupção e a injustiça, ajoelhado pela carga dos impostos e ignorante das grandes questões do país.

Tomou forma tridimensional, popularizando-se com a cerâmica da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, a partir do último quartel do século XIX.

Figura marcante da caricatura de Bordalo Pinheiro,[2] tornou-se uma figura identificativa do povo português, criticando de uma forma humorística os principais problemas sociais, políticos e económicos do país ao longo de sua história, caricaturando o povo português na sua característica de eterna revolta perante o abandono e esquecimento da classe política, embora pouco ou nada fazendo para alterar a situação.

Personagem citado por E. F. Piloni em mensagens endereçadas a J.M.D.Marçal Jr., ao compara-lo a um figurão dramático que, ora vale algo, ora perde-se o valor. Carinhosamente cunhado pela autora da anedota, deixando um certo ar de confusão ao dizer que trata-se de um homem comum, simples, do povo; zé. Expressão popular essa que significa gente simples, indivíduo do povo. É usada para identificar pessoa desqualificada socialmente. Zé, é uma forma popular de exprimir o homem do povo.[carece de fontes?]

Características

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O próprio Bordalo Pinheiro definiu o personagem: "O Zé Povinho olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma".

Entretanto, apesar de relativamente simples, é uma figura cheia de contradições:

"Mas se ele é paciente, crédulo, submisso, humilde, manso, apático, indiferente, abúlico, céptico, desconfiado, descrente e solitário, também não deixa por isso de nos aparecer, em constante contradição consigo mesmo, simultaneamente capaz de se mostrar incrédulo, revoltado, resmungão, insolente, furioso, sensível, compassivo, arisco, activo, solidário, convivente...".[3]

O personagem tem como característica principal o gesto do manguito (o "Toma!"), representando a sua faceta de revolta e insolência.

Ver também o Zé povinho relacionado

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Notas

  1. Metello, Margarida (2011). «O "Zé Povinho" de Rafael Bordalo Pinheiro». Rádio e Televisão de Portugal 
  2. Nas 10 mil páginas de caricaturas e cenas, feitas entre 1870 e o princípio de 1905, o Zé Povinho é retratado em cerca de 300 diferentes desenhos, em diferentes poses. D'ANUNCIAÇÃO, Pedro. "Um Zé Povinho Apalermado e Subserviente". in: 100 Anos de Bordalices. Suplemento da Gazeta das Caldas, 24 de Março de 2006. p. 18.
  3. Medina, João. "O Zé Povinho, caricatura do «Homo Lusitanus»" in Estudos em Homenagem a Jorge Borges de Macedo. Lisboa: INIC, 1992.

Ligações externas

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O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Zé Povinho