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Como verificar qualidade da água da torneira

Em casa

Especialistas

mulher a encher uma caneca com água da torneira
iStock

Em Portugal, 98,88% da água distribuída para consumo humano é segura, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). Ao abrir a torneira lá em casa pode beber com toda a segurança. As análises à qualidade da água na torneira do consumidor são feitas a vários parâmetros físico-químicos e microbiológicos, assim como a cheiro, sabor, cor, e até radioatividade. Ao escolher água da torneira em vez de a comprar engarrafada, além de ser mais amigo do ambiente (deixa de contribuir com resíduos de plástico ou de vidro), consegue uma poupança considerável por ano.

A DECO PROteste fez as contas para dar uma noção mais precisa da diferença entre a escolha engarrafada ou ao ritmo da torneira. A poupança depende do consumo. Mas, considerando um consumo diário de um litro de água engarrafada por habitante e o preço médio de 14 cêntimos, o gasto anual é de 51,10 euros. Já em termos de resíduos, são cerca de 60 garrafões de plástico de seis litros.

Agora, multiplique-se por uma família de quatro elementos. A conta anual passa a 204,40 euros em garrafões de água, que têm um impacto sobre o ambiente de mais de 240 garrafões de plástico.

Mas, se uma família de quatro optar por água da torneira, o custo cai de 204,40 euros para 77 cêntimos ao ano. Isto porque, em média, o primeiro escalão da tarifa de água é de 53 cêntimos por metro cúbico. O custo por litro corresponde a cerca de 0,00053 euros. Por isso, caso substitua os garrafões pela água da torneira, pagará o referido total de 77 cêntimos anuais.

Água com cor e cheiro

Por vezes, a água pode sair turva ou branca da torneira. Provavelmente, deve existir ar dissolvido na água, devido às oscilações de pressão nas tubagens e nos reservatórios. É um fenómeno pontual e não afeta a qualidade. Se deixar a água repousar alguns instantes num copo transparente, verá que voltará a ficar límpida.

Às vezes, a água aparece castanha ou avermelhada. A “culpa” é da formação e do arrastamento de depósitos de ferro nas tubagens. Para voltar a ficar clara, basta deixar correr a água durante algum tempo. Use-a só depois deste procedimento.

Se souber a cloro, não há problema. Este químico é usado para purificar a água, eliminando bactérias e microrganismos que podem contaminar o abastecimento e causar doenças. A receita, para que o cheiro ou o sabor passem, é agitar a água, de forma a libertar o cloro mais rapidamente, ou guardá-la no frigorífico, bem acondicionada.

A água é dura quando tem grandes con­centrações de sais dissolvidos, como cálcio e magnésio. Pode, por isso, não dissolver bem sabão, detergentes e champôs, e po­de causar acumulações de calcário nos equipamentos. A ERSAR tem um mapa online com a dureza da água por regiões, segundo a classificação definida pela Or­ganização Mundial da Saúde. De um modo geral, a água é mais macia no Norte e no Centro, com algumas exceções (Cantanhe­de, Mira e Alcobaça, onde é muito dura) e moderada a muito dura no Sul. De um modo geral, na Área Metropolitana de Lisboa, a água é macia, e só Cascais apresenta água mais dura.

Algumas mar­cas de detergente aconselham a dose a usar de acordo com a dureza da água, que é diferente ao longo do território nacional. Por isso, muitas vezes, assinalam-no num mapa incluído na embalagem.

Conferir a segurança da água

Atualmente, onde pode o consumidor consultar a qualidade da água da torneira do seu município?

  • na fatura da água emitida pela entidade gestora;

  • no site da entidade gestora, com a informação mais recente sobre os resultados das análises da qualidade da agua, usualmente resultados trimestrais;

  • na publicação trimestral, pela entidade gestora, em editais afixados em lugares próprios ou na imprensa regional;.

  • no site da ERSAR, onde poderá ver os dados da qualidade de todos os municípios referentes aos anos anteriores.

Filtros para purificar a água são dispensáveis e podem ser prejudiciais

Com o intuito de venderem filtros purificadores, são várias as empresas que contactam telefonicamente os consumidores alegando estarem a desenvolver um estudo nacional sobre a qualidade da água da rede pública e convidando-os a participar, sem custos. Em casa dos consumidores, através de processos químicos, obtêm água com coloração diferente, e informam-nos de que esta não tem qualidade suficiente para ser consumida. Está aberta a porta para a recomendação de um filtro de água, que, alegadamente irá resolver esse problema. Para tal, o consumidor é persuadido a celebrar um contrato para a compra do mesmo.

Esta recolha de amostras não está relacionada com as análises obrigatórias à qualidade da água feitas pela entidade responsável pelo abastecimento de água, como algumas destas empresas alegam. Informe-se junto da entidade responsável pela distribuição de água no seu município ou saiba onde consultar. A esmagadora maioria da água da torneira em Portugal cumpre os requisitos de qualidade. Se ainda assim não ficar descansado, pode solicitar análises a um laboratório acreditado.

Na água da rede pública, o uso dos filtros é dispensável e até pode potenciar o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis, além de tornar a água pobre em sais minerais.

De acordo com a lei, o recurso à celebração de um contrato para venda de um bem à distância e através dos diversos meios de comunicação ou em casa dos consumidores implica, sempre e obrigatoriamente, a existência de um contrato escrito, em que se destaca a informação sobre o direito que o consumidor tem de, num prazo de 14 dias, pôr fim ao negócio sem necessidade de qualquer justificação.

Caso tenha contratado com uma empresa e esteja insatisfeito com o produto ou serviço, faça-nos chegar a sua reclamação acompanhada de cópia do contrato celebrado, de modo que, em concreto, se avalie a situação e se esclareçam os seus direitos. Pode recorrer à plataforma Reclamar, e a sua queixa será encaminhada para a empresa com o nosso apoio.

Ao celebrar um contrato de venda, é obrigação do vendedor prestar, oralmente e por escrito, em tempo útil e antes da celebração do contrato, entre outras, as seguintes informações:

  • identidade e endereço do vendedor;

  • características essenciais do bem ou serviço, como o preço e modalidades de pagamento;

  • existência do direito de terminar o contrato no prazo de 14 dias (inclui fins de semana e feriados), por carta registada com aviso de receção enviada ao vendedor.

Se tem alguma dúvida sobre a qualidade de água da torneira ou reside em edifícios antigos, onde a canalização pode ser ainda de chumbo, solicite a análise à água que lhe chega. Uma opção é dirigir-se à entidade responsável pelo abastecimento.

Regras para as captações particulares

Sabia que, se o limite da sua propriedade estiver a menos de 20 metros da rede pública de abastecimento, não pode recorrer a uma captação de água e usá-la para consumo humano (beber, cozinhar e lavar alimentos, tomar banho e lavar a loiça e a roupa)?

Neste caso, se não ligar a sua casa à rede pública, está sujeito a coima, que pode ir dos 1500 aos 3740 euros (particulares) e dos 7500 aos 44 890 euros (empresas). E há razão para isso: não vivemos num país com abundância deste recurso e, nos últimos anos, ele tem sido profundamente escasso. Optar pela rede pública garante a qualidade da água consumida e uma gestão racional e sustentada.

Se, pelo contrário, a sua casa (ou segunda habitação, de férias) se encontrar distante do abastecimento da rede pública, pode recorrer a uma captação particular. Começa pela prospeção, segue-se o furo e, depois, deve fazer análises regulares (semestrais) para garantir a segurança do seu abastecimento particular. É preciso insistir na segurança: mesmo que, à vista desarmada, a água pareça cristalina e limpa, e própria para consumo, há risco de conter substâncias prejudiciais à saúde, que podem causar doenças como gastroenterites (diarreias) ou hepatite A.

Há quem recorra à rede pública e a uma captação própria. Deve separar as duas para evitar a contaminação da água em sua casa e da própria rede pública. A ERSAR é a entidade competente para fiscalizar a água para consumo humano. Mas, se a sua captação for particular, então é o proprietário o responsável pela realização de análises à qualidade da água, por um sistema de tratamento adequado e pela limpeza dos equipamentos existentes e da sua rede.

Para selecionar um laboratório creditado, deve consultar a ERSAR. A análise deve ser feita tendo em conta parâmetros microbiológicos e físico-químicos. E é obrigado, também, por lei, a efetuar uma comunicação prévia ou a licenciar a sua captação contactando o Sistema Integrado de Licenciamento do Ambiente, uma plataforma eletrónica disponível no site da Agência Portuguesa do Ambiente.

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