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Portugal fotovoltaico: um retrato da energia solar no País

Em casa

Especialistas

Casa com painel fotovoltaico desenhada na floresta
iStock

O sol é uma poderosa fonte de energia. E, ainda por cima, de energia limpa, inesgotável e renovável, fundamental para a transição energética que quase todo o mundo proclama, mas que só consegue cumprir em parte. Ele é a matéria‑prima da energia fotovoltaica, uma das fontes subaproveitadas da produção de energia elétrica no nosso país.

No entanto, a energia solar ainda está aquém das possibilidades que um país de sol oferece – a sua percentagem no abastecimento de consumo elétrico cresceu de uns tímidos 5% em 2022 para uns ainda tímidos 7% no ano passado. A capacidade instalada em gigawatts subiu também de forma discreta: eram 0,3 (produção centralizada) e 0,2 (descentralizada) em 2015 e passaram a 1,4 e 0,5, respetivamente, em 2020. Com as novas centrais previstas, o plano é fazer subir essa capacidade para 4,6 gigawatts em 2030. Já a produção gerada pelos telhados do cidadão comum será de metade deste valor, 2,3 GWh. Para 2050, queremos 26 GWh para estes dois universos...

Esta forma de produzir energia não será, porém, a panaceia para suprir todas as necessidades de consumo. Nenhuma renovável o é. A razão é muito simples – as renováveis dependem da natureza. Não ligam e desligam quando queremos. Portanto, produzem quando há condições. Em dias cinzentos ou sem vento, não garantem produção. Isto leva‑nos a outro problema, o do armazenamento destas energias. As barragens com bombagem são uma solução, mas poderão estar condicionadas em anos de seca. Baterias para o armazenamento em massa poderão dar resposta a esta necessidade, mas só num futuro longínquo.

Ocupar os telhados para aumentar a produção

Seja como for, sempre que alguém pensa em energia solar, facilmente a associa a largas extensões de painéis fotovoltaicos, normalmente no meio do campo. Muitos já ouviram falar na Central da Amareleja, um dos centros nevrálgicos da produção de energia fotovoltaica nacional. É a produção centralizada de eletricidade: uma central de grandes dimensões produz em larga quantidade. Já foram, entretanto, licenciadas diversas outras centrais de grande dimensão para produção centralizada de eletricidade que vão ocupar extensas áreas do território nacional.

Mas será esta a melhor opção? Ou a única disponível? Não, e por vários motivos. Antes de mais, estas estruturas situam‑se em habitats naturais cujos solos poderiam ter outros usos. Por cada unidade de energia produzida, as soluções descentralizadas têm menor impacto ambiental. Nas cidades, existe um parque de edificado com telhados e coberturas cujo potencial de produção descentralizada de eletricidade solar ainda se encontra por explorar. Em espaço urbano, têm um menor impacto sobre solos já ocupados por betão... Isto não significa que a produção centralizada deixe de existir para passarmos a ter painéis solares em cada telhado de prédios ou de moradias. O "mix" equilibrado destas duas formas seria o ideal.

Como funciona a energia solar?

Expliquemos como funciona o processo de produção de eletricidade através de células solares fotovoltaicas. Trata‑se da conversão da energia proveniente das ondas eletromagnéticas do sol em energia elétrica: é o chamado efeito fotovoltaico. Esta tecnologia é constituída por células com materiais semicondutores capazes de produzir individualmente cerca de 1 a 2 watts de potência. Para aumentar a sua potência é feita a sua ligação em série ou paralelo, formando assim, os módulos. A sua agregação dá origem aos painéis fotovoltaicos. Estes sistemas incluem estruturas de montagem para fixar e orientar os módulos em função da exposição solar para gerar energia, juntamente com um inversor DC/AC, o aparelho que converte a energia gerada pelos painéis em energia elétrica. Para armazenar energia, necessitará também de baterias e de um controlador de carga.

Esta forma de produzir energia elétrica é um dos pilares da transição energética proclamada pelo "green deal" europeu de 2019: o compromisso de todos os Estados‑membros da União Europeia "descarbonizarem" a economia até 2050. Isto significa o abandono progressivo de fontes de energia fósseis (petróleo e carvão são as mais conhecidas) até este ano‑meta. No nosso país, este caminho traduz‑se num Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.

Metas e mais metas de descarbonização

Passo a passo, a Europa legisla na direção da descarbonização da economia. Para 2030, a UE espera que as energias de fontes renováveis no mix energético total devam ser de, pelo menos, 40 por cento. Antes desta revisão, o objetivo situava‑se nos 32 por cento. Ao nível interno, o Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC), ainda em revisão, ao setor das renováveis, perspetiva uma contribuição de 47% do consumo total de energia, no horizonte 2030, reduzindo a dependência energética nacional e fontes de energia fósseis. Pretende‑se um forte impulso da eletrificação do consumo e do reforço da exploração do potencial de energias renováveis.

Muitas outras leis só têm vindo a reforçar esta questão, ano após ano. É o caso da Lei de Bases do Clima, de 2021, que reconhece o horizonte de descarbonização total em 2050. Mas estabelece valores intermédios: prevê metas de redução de gases de efeito de estufa em 55% em 2030, 65% a 75% até 2040 e 90% em 2050, face aos níveis registados em 2005.

Incentivar a produção descentralizada de eletricidade, que já provou ser eficaz no conjunto energético nacional, é fundamental. Mas há preocupação em dar‑lhe luz.

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