Compensar os lesados das greves
Filipa Rendo, jornalista e coordenadora editorial da DECO PROTeste

Compensar os lesados das greves

Atrasos, muitos atrasos. Faltas ao trabalho. Absentismo escolar. Consultas e exames perdidos. Compromissos falhados. Despesas inesperadas (e indesejadas). Rotinas condicionadas e reorganizadas – vezes e vezes sem conta –, pessoais, familiares, sociais... Tudo acompanhado de frustração. De nervos. De muitos nervos. Uma realidade partilhada pela maioria – arrisco até a dizer por todos – dos titulares de passes mensais que dependem dos transportes públicos para fazerem a vida girar.

As greves são um instrumento de luta dos trabalhadores. Um direito adquirido, consagrado na lei. Intocável. Mas, a seu reboque, vêm também impactos negativos, nomeadamente os de quem vê repercutidos no dia-a-dia os efeitos desta forma de protesto.

No setor dos transportes, as greves têm-se avolumado, com dados oficiais a indicarem que, em 2021, se registaram 157, mais 52% do que no ano anterior. Números certamente superados este ano.

No setor dos transportes, as greves têm-se avolumado, com dados oficiais a indicarem que, em 2021, se registaram 157, mais 52% do que no ano anterior. Números certamente superados este ano. Basta considerar, por exemplo, os quase 100 dias de greve protagonizados pela CP em pouco mais de meia dúzia de meses. Significando isto que, em quase metade desse tempo, os passageiros da transportadora foram condicionados ou privados dos serviços regulares. Lesados nas suas vidas privadas, profissionais e, inevitavelmente, também na carteira. Ora porque não puderam fazer uso pleno dos títulos de transporte, em particular os portadores de passes mensais, ora porque tiveram de recorrer, muitas vezes, a meios alternativos pagos do seu bolso. Um exemplo entre tantos.

Ainda que o valor dos passes tenha descido num passado recente, tornando-os mais acessíveis e abrangentes, a verdade é que não faz sentido pagar por um serviço que não é integralmente prestado.

Ainda que o valor dos passes tenha descido num passado recente, tornando-os mais acessíveis e abrangentes, a verdade é que não faz sentido pagar por um serviço que não é integralmente prestado. A DECO PROTeste reivindica, por isso, que os titulares dos passes de transportes públicos sejam compensados na proporção dos dias de greve. Enviou uma queixa à provedora de Justiça e pretende que seja reconhecida a inconstitucionalidade de algumas normas dos setores rodoviário e ferroviário, que põem em causa princípios como os da igualdade.

A DECO PROTeste reivindica, por isso, que os titulares dos passes de transportes públicos sejam compensados na proporção dos dias de greve.

Apoie esta causa em www.grevestransportes.pt.

Entre para ver ou adicionar um comentário