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António Ribeiro

António
Ribeiro


Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.

Certificados de aforro: resgates superam novas subscrições

Há um mês - 26 de junho de 2024
António Ribeiro

António
Ribeiro


Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.

Os Certificados de Aforro mantêm a taxa base em 2,5%, mas as subscrições estão a diminuir. Há meses que os resgates superam as novas subscrições.
certificados de aforro e notas

Se tem as séries antigas dos Certificados de Aforro, não as resgate. Em alguns casos superam o rendimento dos depósitos.

A atual série F dos Certificados de Aforro acaba de fazer um ano. Quando apresentada, no início de junho de 2023, o menor rendimento, o prémio de permanência mais baixo e prazo mais longo mereceram fortes críticas da nossa parte. Por essa altura, a série E rendia 3,5% (taxa-base bruta) beneficiando da subida da Euribor e era um forte concorrente aos depósitos bancários, pressionando os bancos a subir as taxas. 

Mas o Governo acabou por ceder aos pedidos da banca e substituiu por uma série menos interessante, como denunciámos. Os efeitos estão à vista: em junho do ano passado, os montantes subscritos diminuíram substancialmente e, a partir de novembro, foram superados pelos resgates. 

Há seis meses que o montante aplicado está em queda e também há meses que os resgates superam as novas subscrições. A taxa base mantém-se em 2,5% bruta desde o seu lançamento, mas o interesse dos portugueses diminuiu bastante. Supondo que a taxa base atual se mantém, a um ano proporcionam um rendimento líquido de 2%, abaixo da inflação estimada pelo Banco de Portugal para este ano (2,4%). Também a 5 anos, considerando o prémio de permanência, obteria um rendimento aproximado de 2% líquido. Atualmente, há depósitos a prazo a render mais, como o depósito a 5 anos no Banco BAI Europa e BNI Europa (2,2% líquidos ao ano).

Se tem as séries mais antigas dos Certificados de Aforro, mantenha-as. A série A e alguma série B rendes 4,2% líquidos, outra parte da série B proporciona 4,2% brutos (consoante a data de emissão), a série C proporciona 6,1% brutos, a série D rende 4,5% e a série E entre 4% e 4,5%, consoante a data de subscrição. Qualquer uma delas apresenta um rendimento superior aos melhores depósitos atuais.

Certificados de aforro: montante em queda há 6 meses

investir certificados aforro

Certificados do Tesouro sem interesse há anos

Também os Certificados do Tesouro Poupança Valor, em comercialização desde setembro de 2021, mantêm as taxas desde o lançamento, apesar do período de subida de taxas de juro. Assim, o rendimento deste produto é efetuado com o pagamento de juros anuais a taxas fixas anuais (entre 0,5% e 1,2% líquidas, do primeiro ao sétimo ano). 

Atualmente é um produto muito pouco interessante, pois tanto os Certificados de Aforro, como a maior parte dos depósitos proporcionam rendimento superior. Os montantes aplicados em Certificados do Tesouro têm caído vertiginosamente pois, todos os meses, as amortizações superam largamente as novas subscrições. 

Em abril estavam aplicados apenas 10,5 mil milhões de euros nos Certificados do Tesouro, quando em setembro de 2021, quando esta série foi lançada, as aplicações em Certificados do Tesouro totalizavam 17,8 mil milhões de euros.

DECO PROteste exige

No passado mês de abril, a DECO PROteste apresentou uma lista de 10 medidas para incentivar a poupança em Portugal, posteriormente enviada ao Governo e partidos com assento parlamentar. 

Para a DECO PROteste Investe os produtos de aforro do Estado deveriam oferecer um rendimento mais apetecível e de acordo com o risco e a liquidez que cada um proporciona. Por exemplo, os Certificados de Aforro são os que têm maior liquidez. Por isso, deveriam render menos do que os Certificados do Tesouro Poupança Valor, que só podem ser resgatados após o primeiro ano, não capitalizam juros e têm prazo mais curto. 

Quanto às Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), também destinadas aos particulares, não há novas emissões, ainda que o período de subida das taxas de juro fosse oportuno, pois eram indexadas à Euribor. 

É nossa convicção que os produtos de aforro do Estado podem ter um papel determinante nos comportamentos de poupança dos particulares/famílias e funcionar como concorrência, pressionando os bancos a ser mais competitivos e oferecer melhor produtos aos consumidores.

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