Análise
António Ribeiro

António
Ribeiro


Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.

Onde aplicar poupanças: conheça os produtos certos

Há um ano - 25 de outubro de 2022
António Ribeiro

António
Ribeiro


Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.

Perante a crise que se avizinha, é urgente reforçar as poupanças de curto e longo prazo. Num cenário de inflação elevada, conheça os melhores produtos.
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Os efeitos do conflito na Ucrânia, a inflação galopante e a subida das taxas de juros deixam muito pouca margem para a poupança.

É nos períodos difíceis que as famílias decidem poupar mais, embora nem sempre da mesma forma e pelas mesmas razões. Foi assim em 2002, quando Durão Barroso assumiu o cargo de primeiro-ministro e disse: “O País está de tanga.” Voltou a sê-lo em 2010, quando o Governo de José Sócrates pediu ajuda formal à troika, e de novo em 2013, alguns meses após Mário Soares afirmar: “Agora é que o País está de tanga.” 

O ano mais recente em que a poupança atingiu o pico foi em 2021, em plena crise pandémica. Os confinamentos e as restrições levaram a uma redução substancial do consumo, tendo a poupança das famílias atingido o segundo valor mais elevado do século: 13,4%, segundo dados trimestrais do INE. Foi, no entanto, sol de pouca dura. 

Com a reabertura da economia e o regresso ao consumo, voltámos aos níveis de poupança anteriores à pandemia: 5,9% no segundo trimestre deste ano. Os efeitos do conflito na Ucrânia, a inflação galopante e a subida das taxas de juros deixam muito pouca margem para a poupança. É o custo dos bens e serviços, das despesas de supermercado, dos transportes, das prestações do crédito à habitação que sobe vertiginosamente com a subida das taxas Euribor. 

Os baixos níveis de rendimento também não ajudam. Será, por isso, pouco provável que a taxa de poupança suba de forma sustentada. Segundo os dados do Eurostat, continuamos muito abaixo da taxa de poupança média da zona euro (13,7% no segundo trimestre deste ano).

Portugueses poupam em momentos de crise

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Depósitos, os preferidos 

Quando se trata de aplicar as poupanças, os depósitos estão no topo das preferências dos portugueses, avessos ao risco por natureza.

Segundo o Banco de Portugal, há cerca de 181 mil milhões de euros depositados pelos particulares nos bancos. Representam, diz o Inquérito à Situação Financeira das Famílias (ISFF), 70% do património financeiro das famílias (28,8% à ordem e 41,2% a prazo). Nas classes de riqueza mais baixa, têm um peso superior a 80 por cento. 

A maioria dos depósitos rende, contudo, praticamente nada. A taxa média de um depósito a 12 meses é de apenas 0,08% líquida. Ou seja, muito abaixo da inflação, o que significa uma enorme perda real do valor do dinheiro. Na prática, precisa de mais euros para comprar os mesmos produtos que adquiria há um ano. Razão pela qual deixar o grosso das poupanças no banco numa conta à ordem, ou mesmo a prazo, é a pior de todas as estratégias. 

O problema é, contudo, transversal a outros produtos financeiros, que, apesar de renderem mais do que os depósitos, ficam muito aquém da taxa de inflação prevista para este ano (7,8%, segundo o Banco de Portugal). 

Vamos, então, a questões práticas sobre como e onde aplicar as poupanças no atual contexto de incerteza. 

Dois mealheiros

Uma das lições da pandemia e dos seus efeitos na vida das pessoas é a importância de ter uma almofada financeira para fazer face a imprevistos, como situações de desemprego, súbitas diminuições do rendimento mensal ou despesas inesperadas de saúde. Assim, deve constituir dois mealheiros. O primeiro, chamado de “fundo de emergência”, consiste numa poupança de curto prazo e com elevada liquidez. Para a sua constituição, a PROTESTE INVESTE recomenda aplicar cerca de seis salários em produtos de baixo risco, com capital garantido e facilmente resgatável. 

Ter elevada liquidez não significa, porém, gastá-lo no primeiro impulso consumista. Os produtos mais adequados são os depósitos até 12 meses, que permitam mobilização antecipada, e os Certificados de Aforro. Pode aproveitar os depósitos promocionais de curto prazo para novos clientes e novos montantes que alguns bancos disponibilizam. 

O segundo tipo de poupança traduz-se na criação de uma “almofada” para a reforma. No passado, era comum ouvir-se a expressão de que se devia subscrever um plano poupança-reforma aos 40 anos. Atualmente, é urgente ter um PPR o mais cedo possível, de preferência quando se entra na vida ativa. 

Os PPR têm múltiplas vantagens: permitem planear a poupança a partir de pequenos montantes (20 ou 50 euros por mês, por exemplo); a oferta de produtos, sob a forma de seguro ou de fundo, é vasta e adequada a todos os perfis de risco, do mais conservador, que exige garantia de capital, ao mais afoito, que não treme quando os mercados de ações oscilam. Proporcionam ainda benefícios fiscais anuais e têm taxas de imposto, no resgate, bem mais baixas (entre 21,5% e 8%) do que a maioria dos produtos, que retiram 28% ao rendimento. 

Além destas vantagens, o montante pode ser utilizado para outros fins sem penalizações fiscais: desemprego de longa duração, doença grave, incapacidade para o trabalho e até para pagar a prestação da casa. 

Em suma, o PPR é um mealheiro de longo prazo para a reforma, mas também pode ser um bote de salvação noutras situações difíceis da vida. Temos quatro Escolhas Acertadas, três sob a forma de fundo (NB PPR/OICVM, Alves Ribeiro PPR e PPR SGF Stoik), e uma sob a forma de seguro com capital garantido (Lusitania Poupança Reforma PPR). 

Capital garantido ou risco?

Para os aforradores e investidores que não estão dispostos a correr qualquer tipo de risco, os Certificados de Aforro são, neste momento, o mais indicado, pois beneficiam da subida da taxa Euribor. 

Em outubro, a taxa base é de 1,5% líquida e, de acordo com as simulações e cenários da PROTESTE INVESTE, é provável que este produto do Estado renda 3% líquidos ao ano, caso a Euribor continue a subir nos próximos anos e mantenha esta série pelo prazo máximo de 10 anos. 

Podem ser subscritos a partir de 100 euros, sendo permitidos reforços a qualquer altura, bem como resgates após três meses. 

Já os Certificados do Tesouro Poupança Valor têm taxas fixas e crescentes, mas a bonificação depende do crescimento do PIB, não se prevendo taxas de crescimento muito elevadas nos próximos anos.

Se aceita algum risco, e não necessita das poupanças durante, pelo menos, cinco anos, os fundos de investimento são o produto com maior potencial de rentabilidade a longo prazo. Não há, porém, garantia de capital.

Tem a opção de subscrever os fundos Optimize Selecção Defensiva, Base ou Agressiva, que replicam de forma automática as carteiras defensiva, equilibrada e agressiva da PROTESTE INVESTE, consoante a componente de ações. Estas estratégias renderam, respetivamente, 3%, 4,2% e 5,5% ao ano, nos últimos 10 anos (no final de setembro). Não terá, assim, de se preocupar em fazer os ajustes de ativos, pois o gestor do fundo encarrega-se de replicar as nossas recomendações. 

Onde aplicar 10 mil euros

Vamos supor que tem 10 mil euros na conta à ordem, não tem ainda um fundo de emergência, o seu perfil de investidor é defensivo e está indeciso sobre que produtos escolher.

  • Depois, a poupança deve ser dividida em dois mealheiros de curto e longo prazo. Deve dar primazia à constituição do fundo de emergência. Reparta cinco mil euros em depósitos (dois mil) e em Certificados de Aforro (três mil). 
  • Aplique os restantes quatro mil euros numa carteira de fundos a longo prazo e mil euros num PPR (seguro ou fundo, consoante a sua idade). Pode fazer reforços de acordo com as suas possibilidades. Desta forma, ficará com 50% em capital garantido (ou 60%, se optar pelo PPR sob a forma de seguro). 

Este é apenas um exemplo. O importante é diversificar, não colocar todas as poupanças em depósitos.

Da mesma forma, é má estratégia aplicar todo o dinheiro em fundos ou ações. O investimento em ativos de maior risco deve ser sempre numa perspetiva equilibrada, em termos de carteira, e a longo prazo. 

Por fim, se já tem um “fundo de emergência”, os 10 mil euros são uma poupança adicional. Opte por aplicar em produtos mais rentáveis, como os Certificados de Aforro e a carteira de fundos da Optimize, consoante a sua predisposição para o risco.

 

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