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Automóveis mais seguros com 22 tecnologias

Podem não ser vistos, mas estão lá para salvar vidas. Os sistemas de segurança automóvel impedem acidentes, protegem-nos quando acontecem e chamam por socorro. Preparámos uma lista das tecnologias que ajudam a que os danos do acidente sejam “só chapa”.

  • Especialista
  • Alexandre Marvão
12 março 2021
  • Especialista
  • Alexandre Marvão
Manequim dentro do carro durante teste de colisão

iStock

Em 2019, os acidentes rodoviários ceifaram a vida a 22 600 pessoas na Europa. Por mais negro que seja, este número representa uma redução de 3% face ao ano anterior e é o mais recente de uma tendência decrescente que, desde 2010, levou a uma diminuição de 24% no número total de vidas perdidas. Portugal não foge à tendência europeia. Por cá, as 626 mortes em acidentes rodoviários registadas em 2019 são o espelho da descida de 27% registada desde 2010. É certo que 2020 apresenta uma quebra tremenda nos números, mas a atipicidade deste ano impede-o de ser tido convenientemente em conta.

Poderíamos argumentar que os esforços de prevenção rodoviária da União Europeia estão a surtir efeito, mas, nos anos em causa, e no que toca ao número de acidentes, os números demonstram o contrário. Entre 2010 e 2019, o número de acidentes com vítimas regista uma tendência de subida constante. Desceu bastante em 2012, mas, daí em diante, tem crescido, registando-se em 2019 quase mais 300 acidentes do que em 2010. Ou seja, o que se nota é um decréscimo de vítimas mortais, apesar do acréscimo do número de acidentes.

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Equipamentos evitam mortes na estrada

Como explicar esta dicotomia nos números? A tecnologia apresenta-se como a resposta mais óbvia. Desde a década de 1950 que os automóveis contam com sistemas que diminuem os efeitos dos acidentes. À medida que a tecnologia evolui, esta rede de segurança também se estende e melhora, ao ponto de existirem hoje sistemas que contribuem para evitar o acidente. No entanto, estes sistemas são apenas tão eficientes quanto o bom uso que se faz deles. Para que compreenda melhor quais são e como funcionam estes “anjos da guarda”, apresentamos um glossário com tecnologias que ajudam a que, em caso de acidente, só tenhamos a lamentar perdas materiais.

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ABS (obrigatório desde 2004)

O ABS, acrónimo de anti-lock braking system, serve para impedir que os pneus derrapem no caso de uma travagem de emergência, permitindo ao condutor manter o controlo do automóvel.

Airbag (de série desde 1987)

O airbag consiste num saco insuflável que se enche rapidamente durante uma colisão para oferecer proteção extra aos ocupantes e absorver o impacto. Pode ser dianteiro, lateral ou para os joelhos do condutor. Existem ainda airbags para os cintos de segurança e outros centrais, que cobrem o espaço entre o condutor e o passageiro da frente em embates laterais, mas nenhum é eficaz se não se usar o cinto de segurança. Por último, temos os airbags para peões. Em caso de atropelamento, reduzem o risco de ferimentos ao peão insuflando-se desde o interior do capô, junto ao parabrisas.

Airbag desligável

Desligar o airbag do passageiro permite a instalação de uma cadeira de bebé neste lugar.

Alerta de ângulo-morto

Durante a condução, deteta veículos na zona lateral traseira do automóvel, o chamado “ângulo morto”, e alerta o condutor para a sua presença através de sinais luminosos. Estas luzes devem, preferencialmente, encontrar-se nos retrovisores ou pilares A. Os sistemas mais completos avisam o condutor antes de os veículos estarem no ângulo-morto e têm um segundo nível de alerta, habitualmente no volante, o que ajuda a evitar colisões.

Alerta de saída de faixa de rodagem (obrigatório em 2022)

Desenhado para evitar colisões laterais, este sistema monitoriza a posição do automóvel dentro da faixa de rodagem e alerta o condutor caso se aproxime ou ultrapasse as linhas delimitadoras. Ao permitir ajudar condutores mais distraídos ou sonolentos, serve também como lembrete para usar os piscas ao mudar de faixa.

Alerta de trânsito traseiro (obrigatório em 2022)

Deteta veículos que se aproximem da traseira e laterais do automóvel durante a marcha-atrás e alerta o condutor, compensando os limites da câmara traseira. É complementado pela travagem autónoma de emergência em marcha atrás.

Apoio à manutenção na faixa de rodagem (obrigatório em 2022)

Atua sobre os travões e direção para manter o veículo na faixa. Em caso de emergência, esta intervenção é mais rápida e assertiva, ajudando em situações críticas. Apesar de ajudar a manter o carro na faixa, estes sistemas não conduzem por si. Deve sempre manter-se alerta. Em casos extremos, o sistema pode tentar levar o carro de encontro a algum obstáculo que esteja a evitar.

Assistência dinâmica à condução

Controla a aceleração, travagem e direção do veículo. Não substitui o condutor. Por isso, os melhores sistemas usam também a monitorização do condutor, garantindo que este continua atento.

Assistência em autoestrada

Ajuda o condutor em situações monótonas, adaptando a velocidade de acordo com o traçado, os limites de velocidade e o tráfego circundante.

Assistente de condução de emergência

Ao detetar uma colisão potencial, toma controlo do volante, no intuito de evitar ou diminuir a gravidade do impacto. Os melhores sistemas alertam o condutor antes de tomarem o controlo, ajudam a aplicar a força necessária e podem determinar se virar é melhor do que travar, agindo em conformidade.

Auxílio ao estacionamento

Deteta obstáculos nas imediações do veículo durante a manobra de estacionamento. Os melhores oferecem uma visão aérea do veículo, mas é habitual que funcionem a 360 graus.

Aviso de uso de cinto de segurança

Através de sensores colocados nas fivelas dos cintos de segurança, alertam o condutor para a sua colocação ou não, através de luzes no painel de instrumentos. Quando em movimento, esses avisos são também sonoros.

Capô ativo

Desenhado para aumentar a segurança dos peões, é ativado pelos sensores dianteiros do carro. Quando estes alertam para uma colisão com um peão, a parte traseira do capô é elevada para absorver melhor o impacto do peão.

Controlo de estabilidade (obrigatório desde 2014)

Melhora a estabilidade do veículo através da deteção e prevenção das perdas de tração. Atua sobre os travões individualmente, mas pode também diminuir a potência do motor até a tração ser recuperada.

Cruise-control adaptativo (obrigatório a partir de 2022)

Este sistema atua sobre o acelerador e travões para manter uma velocidade constante. Usando sensores e câmaras, consegue identificar obstáculos, adaptando a velocidade em conformidade. Apesar de não se destinar a evitar acidentes, os mais avançados podem mesmo parar o veículo por completo e reativar a marcha, o que se torna bastante útil em filas.

Assistente inteligente de velocidade (obrigatório a partir de 2022)

Tal como o seu “irmão” gémeo, este sistema controla a velocidade do veículo. Além de detetar obstáculos, deteta os limites de velocidade e adapta a velocidade para evitar multas.

Detetor de sonolência e distração (obrigatório em 2022)

Alerta o condutor e impede que adormeça ao volante. Pode usar um sensor que monitoriza o ângulo do volante, câmaras dianteiras que monitorizam a posição do veículo na faixa ou ainda câmaras que detetam a atenção do condutor.

Encosto de cabeça ativo

Integrados nos encostos de cabeça dos bancos dianteiros, alteram a sua posição ou geometria para impedir lesões provocadas pelo efeito chicote de uma colisão traseira.

Limitador de velocidade

Os sistemas de assistência à velocidade servem para que o condutor não exceda a velocidade previamente estabelecida. Os sistemas podem alertar para a velocidade em excesso ou evitar ativamente que ela seja ultrapassada.

Pré-tensor e limitador do esforço dos cintos de segurança

Estes dois sistemas servem para proteger os ocupantes de ferimentos causados pelos cintos. Em caso de colisão, o pré-tensor aperta o cinto na fase inicial, libertando-o gradualmente e diminuindo o impacto no peito do ocupante.

Travagem autónoma de emergência (obrigatório em 2022)

Desenhado para evitar, ou, pelo menos, reduzir, as colisões, usa diferentes tecnologias – radar, câmaras ou LIDAR (Light Detection And Ranging, um sensor que usa raios laser para medir a distância correta entre diferentes objetos) – para identificar situações perigosas. O sistema pode alertar o condutor e ajudar na travagem ou travar o veículo por completo sem a intervenção do condutor. Os sistemas mais avançados combinam as duas funcionalidades, podendo funcionar em autoestrada e até detetar peões. Se o sistema apenas avisar o condutor, recebe o nome de alerta de colisão frontal.

Travagem autónoma de emergência em marcha-atrás (obrigatório em 2022)

Deteta potenciais colisões durante a marcha-atrás e trava automaticamente para evitar o impacto ou, pelo menos, diminuir a gravidade. É melhor do que o mero alerta de colisão traseira, mas os condutores não devem confiar apenas no sistema e precisam de tomar as devidas precauções ao fazer a manobra.

Euro NCAP aperta testes de segurança

Para garantir que todos os construtores oferecem o máximo de segurança, os nossos parceiros do Euro NCAP fazem periodicamente testes rigorosos a todos os carros novos à venda na Europa. A tecnologia evolui e o mesmo acontece com os protocolos de teste, que recentemente foram alvo de uma revolução. Estas iniciativas refletem a força da ação do Euro NCAP e a sua vontade em influenciar os avanços da indústria e o quadro regulador, promovendo cada vez mais e melhor segurança automóvel.

A última revisão melhorou os testes de proteção dos ocupantes, tanto em impactos frontais como laterais, focando-se na interação entre o condutor e o banco do passageiro dianteiro.

Foram adicionados testes novos para os sistemas anticolisão e foram dados os primeiros passos para implementar alterações na pontuação, recompensando os veículos com sistemas que detetem fadiga ou distração do condutor. Foram também criadas novas regras de avaliação, com o intuito de promover os sistemas de segurança pós-acidente, como o eCall e outros sistemas de chamada de socorro.

Apesar da malha cada vez mais apertada, os testes feitos em 2020 revelam que os construtores estão no bom caminho. Nove dos 11 veículos testados – como o Audi A3 e o Kia Sorento – obtiveram a classificação máxima de cinco estrelas, não se registando nenhum abaixo das três estrelas, classificação obtida pelo Hyundai i10. De acordo com os especialistas, estes resultados positivos devem-se à adoção de sistemas pioneiros de segurança, como os airbags centrais ou sistemas anticolisão avançados.

Audi A3 no teste de colisão frontal 
Novo Audi A3 com pontuação máxima no teste.
Hyundai i10 no teste de colisão frontal 
Citadino Hyundai i10 não consegue melhor do que 3 estrelas na segurança.
Honda e no teste de colisão frontal 
O primeiro carro elétrico da Honda conquista 5 estrelas do Euro NCAP.

 

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