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Reduzir o consumo de plástico descartável

Todos os anos, são produzidos cerca de 58 milhões de toneladas de plástico na Europa, 40% dos quais para embalar produtos. Deixamos algumas sugestões para diminuir o plástico descartável que usa no dia-a-dia.

18 janeiro 2024
Embalagens de plástico com fruta e legumes

iStock

Quinhentos e dez quilos foi a quantidade de lixo que cada português produziu no ano de 2022, de acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Os 1,4 quilos de resíduos gerados por dia e por pessoa em Portugal tem-se mantido alterado nos últimos anos. E encontra-se abaixo do valor médio da União Europeia. No entanto, é imperativo reduzir substancialmente estes valores, uma vez que as metas para 2025 implicam que o total de resíduos produzidos por pessoa seja de, no máximo, 487 quilos por ano.

Destes resíduos, apenas 16% são devidamente separados e encaminhados para reciclagem e menos de 15% são usados para valorização energética. A maioria dos resíduos não são possíveis de valorizar e acaba por ter como destino o aterro.

No que diz respeito ao plástico, na Europa, produzem-se cerca de 58 milhões de toneladas de plástico por ano, 40% dos quais destinados a embalar produtos. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, o consumo anual de plástico (descartável e não descartável) na Europa Ocidental é de 150 quilos por pessoa.

Um relatório produzido pelo Fórum Económico Mundial e pela Fundação Ellen MacArthur mostra que, caso não sejam tomadas medidas, em 2050 existirá mais plástico nos mares do que peixes (em peso).

Quanto às metas de reciclagem do País, entre 2022 e 2023 não existiram grandes alterações, levando mesmo a Sociedade Ponto Verde (SPV), entidade gestora de resíduos de embalagem, a considerar que será necessária uma mudança profunda para que as metas de 2025 possam ser cumpridas.

Com melhores escolhas e atitudes, podemos contribuir para que a Humanidade tenha um futuro neste planeta. Acompanhe a informação, os conselhos e as ferramentas que preparámos para o guiar no processo no Portal DECO PROteste Sustentabilidade.

Lutar contra o excesso de embalagem

Preocupação global com plásticos descartáveis

Em 2018, a Comissão Europeia decidiu focar-se no problema dos plásticos descartáveis, apresentando um plano robusto para reduzir a sua utilização até 2025. A ideia é banir o plástico de utilização única de diversos objetos do nosso quotidiano, com destaque para objetos como cotonetes, talheres, pratos, palhinhas, agitadores de bebidas e paus para balões de plástico, dado que podem já ser produzidos exclusivamente a partir de matérias-primas de fontes renováveis. Além destes produtos, também os recipientes descartáveis para alimentos e bebidas estão na mira da Comissão Europeia.

Os Estados-membros tiveram, assim, de fixar objetivos nacionais de redução, tornando disponíveis produtos alternativos nos pontos de venda e proibindo o fornecimento gratuito de plásticos descartáveis, tal como aconteceu com os sacos de plástico distribuídos nas caixas dos supermercados. Assim, a comercialização destes produtos, como pratos e talheres, em plástico descartável é proibida em toda a União Europeia desde 3 de julho de 2021.

A União Europeia pretende ainda aumentar a reciclagem das garrafas de plástico descartável para bebidas, esperando que para tal exista um aumento na recolha seletiva destas embalagens, atingindo 77% em 2025 e 90% em 2029. Para alcançar esta meta, pode-se recorrer à restituição de depósitos, como taras recuperáveis, como acontecia na generalidade das garrafas de vidro noutros tempos. Esta prática é, aliás, comum em vários países europeus, nos quais se conseguem elevadas taxas de recuperação de embalagens de vidro, metal e mesmo plástico.

Em Portugal, a estratégia pensada passa por aliar a recolha seletiva de resíduos com um sistema de depósito e reembolso. Este sistema consiste no pagamento de um depósito associado a garrafas de bebidas em plástico e metal que será devolvido quando a embalagem for depositada numa máquina existente junto ao local de compra. Apesar dos bons resultados do projeto piloto e de ter estado prevista a sua entrada em vigor a 1 de Janeiro de 2019, as leis têm vindo a ser sucessivamente alteradas, adiando o arranque do sistema.  

Embalagens de uso único também são necessárias

É inegável que as embalagens de uso único, independentemente do material em que sejam feitas, são indispensáveis para proteger os alimentos ou outros produtos, facilitar o transporte do produto, fornecer informações úteis ao consumidor através do rótulo e diferenciar os produtos através de estratégias de comunicação das marcas. No entanto, existem contrapartidas: os impactos ambientais associados à produção e ao transporte de embalagens que assim que cheguem à casa do consumidor irão ser depositadas no ecoponto ou, no caso de más práticas ambientais, no lixo comum. Caso estas embalagens não sejam corretamente separadas e colocadas no ecoponto, podem demorar séculos até desaparecerem totalmente. 

No vídeo, veja alguns exemplos de embalagens desnecessárias usadas para acondicionar alimentos frescos. 

 

A situação nos oceanos, em particular, preocupa, sobretudo no Pacífico e no Índico. Os países asiáticos têm muita dificuldade em gerir os seus resíduos – muitos não fazem, sequer, a respetiva recolha e o tratamento – , e o destino, na maior parte dos casos, é o mar. Para piorar a situação, existem também alguns países do Ocidente que exportam resíduos para países asiáticos, aumentando a pressão na correta gestão de resíduos. Na tentativa de controlar este problema, a UE proibiu, em janeiro de 2021, o envio de plásticos não recicláveis para fora dos países em desenvolvimento – apenas os recicláveis podem ser exportados para países fora da OCDE. Cerca de metade dos resíduos de plástico que acabam nos oceanos são gerados em cinco países: China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietname. Mas os oceanos não têm fronteiras, e o plástico, que pode demorar centenas de anos a desaparecer do fundo dos mares, vai-se degradando em partículas cada vez mais finas – os chamados microplásticos – e afeta espécies marinhas.

Como reduzir a produção de resíduos?

Pode parecer uma missão impossível, sobretudo quando chegamos de uma visita ao hipermercado e enchemos os contentores com embalagens. Mas há pequenos passos que pode dar todos os dias para contribuir para uma redução na quantidade de resíduos gerados.

Evite usar sacos para pesar fruta e legumes no supermercado

Quando for comprar fruta ou legumes, certifique-se de que o produto necessita mesmo de ser acondicionado num saco ou então dê preferência a frescos que não se encontrem previamente embalados. Os sacos têm apenas a função de agrupar várias unidades, mas se o produto já estiver agrupado, como um cacho de bananas, não necessita de utilizar qualquer saco. No caso de comprar as frutas e os legumes a granel, considere bem se necessita de os colocar num saco de plástico. Para além de resultar num resíduo adicional, estes passarão a custar 4 cêntimos em breve, pelo que se necessitar de sacos, recomendamos a utilização de sacos reutilizáveis em poliéster.

Voltar à venda a granel

Antes do boom do plástico, era comum comprar a granel. Hoje, volta a ser possível fazê-lo em algumas lojas. Esta prática está em crescimento, e há várias cadeias de distribuição no nosso país que já contam com zonas dedicadas à venda a granel, assim como pequenos comerciantes dedicados a este conceito que permitem que leve os seus recipientes vazios para acondicionar os produtos. No site A Granel pode consultar quais as lojas que já aderiram à venda a granel, onde se localizam e quais os produtos disponibilizados.

No que diz respeito a produtos de limpeza, as alternativas ainda são um pouco limitadas. Alguns contêm substâncias perigosas, como a lixívia, por exemplo, e apenas devem ser vendidos em embalagens específicas e munidas com tampas de segurança. Contudo, os detergentes que não apresentam a mesma classificação de perigo são já comercializados a granel em muitas cadeias de supermercados de vários países, como é o caso de Espanha, França e Itália.

Opte por produtos sem embalagem ou com embalagens mais sustentáveis

Procure produtos cujas embalagens se encontram adequadas ao tamanho e às características do produto. Procure alternativas às embalagens que misturam vários materiais e que possam ser mais difíceis de reciclar.

No que diz respeito aos sabonetes líquidos, géis de banho e champôs, opte por embalagens maiores e sem dispensador, e, quando tiver de reabastecer, sempre que possível, pondere a compra de recargas. Desta forma, estará a reduzir a quantidade de plástico de uso único que traz para casa. Outra boa opção poderá passar pela compra de embalagens refill. Estas embalagens são mais leves que as embalagens originais do produto e, muitas das vezes, têm maior quantidade de produto.

Outros passos para reduzir o uso de embalagens

  • Evite a utilização de produtos descartáveis, optando por produtos que se possam reutilizar.
  • Evite comprar água engarrafada. A água da torneira é mais barata e de elevada qualidade.
  • Qualquer que seja o material de embalagem, há sempre um contentor – amarelo, verde ou azul – pronto para transformar as embalagens em novos produtos.