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As cinco comissões bancárias (ainda) mais bizarras

Mais de seis euros, em média, por uma fotocópia, ou oito euros por um depósito em moedas, entre outras cobranças peculiares. A DECO PROTESTE elegeu as cinco comissões mais injustificadas da banca.

28 fevereiro 2023 Arquivado
Máquina de contar dinheiro de um Banco

iStock

Por mais que os tempos sejam de preocupação com a ecologia e com a sustentabilidade, não é fácil encontrar justificação para o preço do papel, quando há necessidade de pedir uma fotocópia de um documento à guarda da banca. Este singelo “favor” pode custar aos incautos clientes mais de seis euros, em média. Por... página. O que até pode ser uma sorte – diga-se –, porque bancos há que cobram mais de 30 euros simplesmente pelo esticar de pernas do funcionário até à fotocopiadora.

Mas não é só pelo serviço de reprografia que a banca se faz pagar bem. Há comissões cujo valor e cuja pertinência desafiam a lógica e, mais importante do que isso, a carteira dos consumidores. A DECO PROTESTE estudou à lupa os preçários de 17 bancos e compilou um top five das comissões mais difíceis de engolir. E de bancar.

Depositar 100 moedas custa, em média, 7,14 euros

Nenhum banco cobra pelo depósito de notas, mas, tratando-se de moedas, o barulho da caixa registadora é outro. Ainda que ambas as contagens sejam feitas, hoje em dia, com máquinas concebidas para contabilizar o adorado vil metal, em geral, depositar mais de 25 moedas (o limite tem vindo a diminuir) dá direito a uma comissão nunca abaixo dos 2,60 euros.

Apenas dois bancos (Best Bank e BNI Europa) não cobram por depósitos em moedas. Abanca, ActivoBank, Banco Montepio, Caixa Geral de Depósitos e Millennium bcp isentam até 25 moedas.

No extremo oposto, o BBVA cobra uns dolorosos 7,80 euros por qualquer depósito até 99 moedas. Acima de 100, juntem-se àquele valor 5,20 euros por cada múltiplo de cem moedas.

A DECO PROTESTE fez as contas a um depósito de 100 moedas e concluiu que entregá-las ao cuidado do banco custa, em média, 7,14 euros. Nunca um porquinho-mealheiro pareceu tão valiosa ideia, pois não?

 

Pagar mais de 15 euros para levantar dinheiro ao balcão

Da análise efetuada, há apenas um banco que não exige o seu trocado para levantar dinheiro ao balcão: o BNI Europa. Do outro lado da moeda, o BBVA, o banco mais caro, cobra 15,60 euros por esta operação. Mas é seguido de perto pelo Atlantico Europa e pelo Novobanco, que pedem quase 13 euros por um levantamento ao balcão.

Em comparação, o Abanca e o Best Bank quase parecem lojas de desconto, por cobrarem menos de quatro euros. Pedindo a média ao Excel dos 17 bancos analisados, levantar dinheiro ao balcão custa 6,70, euros.

O extrato bancário é para guardar na caixa-forte...?

É o que apetece perguntar, acaso o inocente consumidor peça ao banco uma segunda via do extrato bancário. Há várias razões para ter de o fazer: não usar homebanking, perder o extrato que lhe chegou a casa, precisar do documento com os movimentos de conta efetuados há mais de um ano ou seis meses, enfim, coisas da vida... Mas, ao contrário do que poderia supor-se, não há segundas vias de extratos grátis, nem sequer a preço de saldo ou com uma atençãozinha.

Em média, custa 14,40 euros. Mas, para quem for cliente do BNI Europa, o print com o extrato custa quase um manjar: 26 pouco mastigáveis euros. O mesmo no Banco BiG, cujo cardápio anuncia 24,60 euros pelo documento. Só o Banco BPI, o Abanca, a Caixa Agrícola e o Millennium bcp cobram menos de 10 euros pela segunda via do prato, perdão, extrato.

Bancos cobram entre 5,20 e 15,50 euros para tirar ou pôr um nome na conta

As contas bancárias são como as pessoas: umas são mais solidárias, outras mais solitárias. A diferença é que, sempre que há uma mudança, o banco cobra. A cada alteração de titularidade (divórcio, maioridade ou morte do cotitular, por exemplo), os clientes pagam, em média, 8,14 euros.

Em caso de óbito, ou quando os menores atingem a maioridade, tal custo tem, no entanto, os dias contados, aprovando o Parlamento a legislação em discussão neste momento, que veda aos bancos a cobrança. Nas restantes situações, à exceção de um único banco que não se faz pagar pelo serviço, tirar ou pôr um nome na conta custa entre 5,20 e 15,50 euros. Entre mais vale ficar só ou acompanhado, venha a fatura e escolha. 

Fim das comissões sem sentido e abusivas

É quase impossível encontrar um produto ou um serviço bancário que não tenha uma comissão associada. Algumas são legítimas, outras são só bizarras, como o preço de fotocopiar um documento à guarda do banco. Justifica-se que o custo médio por página seja de quase sete euros?

Compreende-se que se cobre, e muito, por um depósito de moedas, cuja contagem é feita, quase sempre, com uma máquina?

E por que razão levantar dinheiro ao balcão tem de custar (tanto) dinheiro? Esta operação, que custa, em média, quase sete euros, deveria ser gratuita para clientes menos habilitados a usarem meios tecnológicos, que morem longe da agência do banco mais próxima e que tenham baixos rendimentos.

Também a conta de serviços mínimos bancários deveria incluir, no seu custo, um número de levantamentos ao balcão, para proteger os mais vulneráveis.

Quanto à ainda não totalmente defunta comissão de processamento da prestação: só aos contratos de crédito à habitação a partir de 2021 não podem ser cobrados estes encargos. É inadmissível esta discriminação.

Bizarras são também as comissões de manutenção de conta, que custam já, em média, quase 70 euros por ano. A lei diz que a uma comissão deve corresponder um serviço prestado. Que serviço é este a que corresponde uma comissão de manutenção, na era do dinheiro desmaterializado? Uma comissão deve ser proporcional e justificada.

A DECO PROTESTE vai (continuar a) dar conta destas injustiças aos grupos parlamentares e exigir o seu fim.

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