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Diabetes gestacional: o que é, como se diagnostica e trata

A diabetes gestacional é uma das complicações médicas mais frequentes da gravidez. Associa-se ao aumento do risco de problemas na mãe, no feto e no recém-nascido. Conheça as causas e as formas de tratamento.

13 maio 2024
mulher diabética  grávida

iStock

O termo médico "diabetes gestacional" é usado para descrever um subtipo de diabetes, diagnosticado ou detetado pela primeira vez durante a gravidez. Esta situação clínica define-se por uma anomalia da tolerância aos hidratos de carbono, refletindo-se num aumento da glicemia (concentração de glicose – açúcar – no sangue). Pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, mas é mais frequente na segunda metade, a partir da 24.ª semana de gestação. Geralmente, desaparece depois do parto.

A diabetes gestacional é diferente da diabetes na gravidez. Esta última é menos frequente e, apesar de ser também diagnosticada durante a gestação, sugere a existência prévia de uma diabetes não diagnosticada. Por isso, acarreta maiores riscos para a saúde materna e do feto.

Não existem garantias de que seja possível prevenir o aparecimento de diabetes gestacional. No entanto, quanto mais hábitos saudáveis adotar antes e durante a gravidez, melhor. Além do exercício físico, da alimentação e do peso adequados, procure acompanhamento médico se estiver a pensar engravidar. Nas mulheres com antecedentes de diabetes gestacional reforça-se a importância da consulta pré-concecional, pois a probabilidade de recorrência desta doença varia entre 30 e 50 por cento.

Causas, fatores de risco e sintomas

Durante a gravidez, o corpo passa por várias mudanças, o que pode resultar em resistência à insulina, a hormona produzida pelo pâncreas que ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue, e que permite que a glicose entre nas células para fornecer energia. A resistência à insulina é comum em todas as gestantes, especialmente no final da gravidez. Quando o corpo não consegue aumentar a produção de insulina o suficiente para manter os níveis de glicose normais para a gravidez, pode resultar em diabetes gestacional.

risco de desenvolver diabetes gestacional aumenta com alguns fatores. Por exemplo:

  • quando a gestante tem idade igual ou superior a 35 anos;
  • em caso de excesso de peso ou obesidade materna;
  • quando, em gravidezes anteriores, tem histórico de diabetes gestacional ou teve bebés de peso superior a quatro quilos à nascença;
  • quando familiares diretos têm diabetes.

Os sintomas da diabetes gestacional não são específicos. Resultam do facto de as células não conseguirem obter a glicose de que precisam para as suas funções e do excesso dessa glicose na circulação sanguínea. Por norma, não existem sintomas. Em casos raros, há mulheres que relatam aumento da sede, boca seca, cansaço, visão turva e dificuldade na cicatrização de feridas, entre outros sintomas.

Diagnóstico da diabetes gestacional

O diagnóstico da diabetes gestacional faz-se em duas fases distintas. Começa logo na primeira consulta de vigilância pré-natal, através do doseamento da glicemia em jejum. Se este valor for normal (ou seja, inferior a 92 mg/dl), implica a realização, entre as 24 e as 28 semanas de gestação, de uma prova de tolerância à glicose oral (PTGO), com sobrecarga de 75 g de glicose.

Este exame consiste na ingestão de um líquido açucarado, com 75 g de glicose, que deve ser feito com o mínimo de oito horas e o máximo de 14 horas de jejum. Nos três dias anteriores, deve realizar atividade física regular e uma dieta não restritiva, contendo uma quantidade de hidratos de carbono de, pelo menos, 150 g diários. Durante a prova, a grávida deve manter-se em repouso. Os níveis de açúcar são medidos em três momentos: em jejum, após uma hora e após duas horas.

O diagnóstico de diabetes gestacional é positivo quando um ou mais valores forem iguais ou superiores aos seguintes valores de referência: 
  • ≥ 92 mg/dl de glicemia no início do teste;
  • ≥ 180 mg/dl passado uma hora;
  • ≥ 153 mg/dl passado duas horas.

Todas as mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional devem, entre 6 e 8 semanas após o parto, realizar uma prova de tolerância à glicose oral. As mulheres classificadas durante a gravidez com “provável diabetes prévia” também devem ser reavaliadas, e a confirmação do diagnóstico deverá ter como base a definição de diabetes na população em geral.

Qual o tratamento?

Caso o diagnóstico de diabetes gestacional seja positivo, a grávida tem de manter um bom controlo metabólico para reduzir os riscos de quaisquer complicações. Deve, por isso, avaliar diariamente a glicemia, picando o dedo, até ao final da gravidez. Desta forma, é mais fácil compreender a evolução dos valores ao longo do dia.

De forma geral, a maioria das gestantes consegue alcançar um bom controlo glicémico se seguir algumas práticas.

  • Adotar um plano alimentar equilibrado que garanta uma ingestão adequada de nutrientes para o desenvolvimento saudável do feto. Este plano deverá ter em conta o peso inicial da grávida, bem como as suas necessidades nutricionais, gostos, hábitos, estilo de vida e cultura.
  • Comer várias vezes ao dia, a cada duas horas e meia a três horas, evitando longos períodos de jejum noturno, e fazendo uma pequena ceia antes de dormir.
  • Evitar alimentos açucarados e bebidas açucaradas, além de manter uma boa hidratação.
  • Praticar atividade física adaptada à gravidez. Na ausência de contraindicação obstétrica, a manutenção de atividade física regular também ajuda a controlar a glicémia.

Quando essas medidas não são suficientes para controlar os níveis de glicemia, pode ser necessário recorrer à medicação. Nestes contextos, o médico pode prescrever insulina, metformina ou outro medicamento, conforme necessário. 

Consequências da diabetes gestacional

A maioria das mães com diabetes gestacional tem gravidezes normais e bebés saudáveis, sem qualquer consequência. No entanto, se depois de ter sido feito o diagnóstico não existir um bom controlo metabólico com normalização da glicemia, podem existir complicações para a mãe e para o bebé.

No caso da mãe, algumas dessas complicações passam pelo aumento da ocorrência de infeções urinárias ou vaginais, parto prematuro por excesso de líquido amniótico, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, traumatismos de parto ou necessidade de cesariana. A diabetes gestacional também está associada a um risco acrescido de diabetes tipo 2 para a mãe.

Em relação ao bebé, a diabetes gestacional associa-se a um maior risco de macrossomia (tamanho excessivo do bebé), traumatismo de parto, hipoglicémia, icterícia e risco aumentado de obesidade e diabetes no futuro.

Todos estes riscos são minimizados se a grávida conseguir manter os seus níveis de glicemia bem controlados.

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