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Portugal desperdiça milhões de euros em água todos os anos

Os dados mais recentes mostram que estamos a perder menos água nas infraestruturas de distribuição. Mas trata-se de um valor médio, que ainda está acima dos 162 milhões de metros cúbicos. Muitos concelhos pioraram o desempenho, e a maioria continua sem renovar a rede, que está cada vez mais envelhecida.

27 maio 2024
Torneira a pingar

iStock

Portugal está a desperdiçar menos água nas infraestruturas de distribuição. Mas o regozijo deve ser moderado. Entre 2021 e 2022, dos 278 municípios do Continente, 161 passaram a acusar menos perdas reais de água, segundo o mais recente relatório da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). Mas 87 conheceram a tendência inversa.

Acresce que 20 municípios não forneceram informação ao regulador. Só podemos, por isso, supor que as ineficiências sejam superiores. Além disso, em dez, ainda não existem dados que permitam a comparação entre 2022 e 2021.

Conheça os resultados sobre perdas de água e renovação de redes no seu município

Milhões de euros perdidos poderiam contribuir para renovar a rede

Apesar de o País registar menos perdas, em 2022, ainda desperdiçou mais de 162 milhões de metros cúbicos de água já tratada, e paga, que não foi distribuída aos consumidores. Fazendo as contas, são 88 milhões de euros em água não faturada.

Recuando uma década, perderam-se cerca de 840 milhões de euros, um número calculado por baixo: nem todas as entidades gestoras reportam dados à ERSAR, pelo que só se pode supor, de novo, que as ineficiências sejam superiores.

Estes 840 milhões chegariam para cobrir mais de 30% do investimento necessário para renovar condutas e ramais envelhecidos.

Investimento insuficiente em renovação de condutas e ramais

A forma como foram obtidas as reduções também conta para o raciocínio. Existem truques técnicos, como diminuir a pressão da água nas condutas, mas só uma via é sustentável no longo prazo: a renovação das infraestruturas. Ora, são 172 os municípios com a rede envelhecida, enquanto 31 devolveram silêncio ao regulador.

A DECO PROteste espera que o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), aprovado em fevereiro de 2024, venha a inverter o cenário quanto à renovação de condutas e ramais. Até porque o programa do mais recente Governo prevê novos instrumentos de financiamento para o efeito.

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