Nutri-Score: o rótulo que fala para si

O Nutri-Score permite que os consumidores façam uma escolha consciente, ao compararem, no momento da compra, a qualidade nutricional global de alimentos da mesma categoria.

Governo adota Nutri-Score

Em maio de 2021 a DECO PROteste enviou uma carta aberta ao Governo a pedir a adoção do Nutri-Score. Finalmente a 4 de abril de 2024 é estabelecido por Despacho n.º 3637/2024, a adoção deste sistema de rotulagem nutricional simplificada na parte frontal das embalagens e cuja adesão pelos operadores económicos é opcional. 

Cabe agora à Direção-Geral da Saúde, num prazo de 120 dias, ouvir as partes interessadas nomeadamente entidade públicas e privadas de modo a definir: 
a) a tramitação processual a cumprir pelos operadores económicos na adesão do sistema de rotulagem Nutri-Score;
b) um sistema de apoio processual à adesão dos operadores, referida na alínea anterior; 
c) uma campanha de comunicação com vista à promoção da adoção do sistema de rotulagem Nutri-Score por parte dos operadores económicos e à informação dos consumidores; 
d) a forma de monitorização e avaliação da implementação do sistema de rotulagem Nutri-Score em Portugal.

O que é o Nutri-Score?

Implementado em França em 2017, o Nutri-Score é uma etiqueta com 5 letras e cores que fornece informação simples e imediata sobre a qualidade nutricional de um alimento e dispensa a interpretação morosa de rótulos complexos. 

Com esta informação, poderá seguir uma dieta mais equilibrada. Além disso, o Nutri-Score promove a reformulação nutricional dos produtos pelos fabricantes.

 

 

Em Portugal existem 5,9 milhões de pessoas com excesso de peso e o número de diabéticos ascende a 1 milhão. Tanto a obesidade, como a diabetes, são doenças crónicas associadas a uma alimentação inadequada.

 

Tudo sobre a ação Nutri-Score

Sobre a ação

Porque fizemos esta ação?

Alguns estudos demonstram que a generalidade dos consumidores não consegue compreender e interpretar os rótulos alimentares. Dados disponíveis para a população portuguesa confirmam estes resultados. De acordo com uma investigação apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% dos inquiridos em Portugal não entendem a informação nutricional. Quando o nível socioeconómico é mais baixo, essa fatia aumenta para 60 por cento. O mesmo estudo descobriu que os rótulos que usam cores na frente da embalagem (Front-of-Pack Labels ou FoPLs) ajudam a interpretar os rótulos.

Já em 2012, uma análise da DECO PROteste referia que um dos aspetos mais apreciados pelos consumidores era a utilização de cores para classificar os nutrientes. Os participantes no estudo gostariam ainda que os produtos incluíssem uma apreciação global, o que se verifica no sistema Nutri-Score.

Outra investigação da DECO PROteste, de abril de 2021, revela que 59% dos inquiridos não conseguem, ou acham difícil, perceber se a informação no rótulo nutricional está completa. E interpretá-lo não está ao alcance de quatro em dez. Encontrar informação fidedigna sobre alimentação saudável também não é fácil: 31% não têm sucesso nesta missão, ou cumprem-na com esforço. Dois em dez afirmam mesmo não entender o impacto da alimentação na saúde. Todos estes dados jogam a favor do Nutri-score, um código intuitivo de cores e de letras, já adotado nalguns rótulos, e que classifica globalmente cada alimento.

É obrigação da DECO PROteste promover uma rotulagem nutricional na frente da embalagem que seja simples, compreensível e acessível na comunicação do valor nutricional do alimento.

Porquê o Nutri-Score?

Adotado já, de forma voluntária, em sete países europeus, e apoiado por várias associações de consumidores, o Nutri-Score também reúne consenso entre centenas de cientistas e profissionais da área da saúde.

O Nutri-Score é um logótipo confiável, concebido a partir de bases científicas robustas e fortemente reconhecidas. Permite que os consumidores façam uma escolha consciente, ao compararem, no momento da compra, a qualidade nutricional global de alimentos da mesma categoria. Além disso, é de leitura rápida, fácil e intuitiva. Contribui para sensibilizar o consumidor para a importância de uma dieta saudável e ajuda-o a fazer escolhas acertadas. Assumir um papel pró-ativo ao nível da prevenção é fundamental.

O Nutri-score é particularmente bem compreendido por pessoas com poucos conhecimentos em nutrição e com baixo nível socioeconómico. Trata-se, assim, de uma ferramenta interessante para combater as desigualdades sociais na área da saúde.

Porquê um sistema FoPL (Front-of-Pack Labels) único?

A existência de múltiplos modelos de informação nutricional pode gerar confusão nos consumidores. De acordo com o regulamento europeu, os FoPLs (Front-of-Pack Labels) são voluntários, podendo coexistir diferentes modelos no mesmo país. A Comissão Europeia tem promovido a discussão desde 2018, com o objetivo de transitar para uma regulamentação harmonizada. Em maio de 2020 a Comissão publicou a sua Estratégia do Prado ao Prato onde se comprometeu a introduzir um rótulo nutricional obrigatório em toda a UE na frente da embalagem até final de 2022, o que ainda não aconteceu.

O que leva a DECO PROteste a apoiar o Nutri-Score?

A saúde dos cidadãos da União Europeia (UE) é mais importante do que nunca. Os legisladores da UE têm de combater, não apenas as ameaças imediatas, mas também abordar os riscos de saúde a longo prazo, relacionados com dietas desequilibradas e má nutrição.

Este rótulo nutricional, codificado por cores na frente da embalagem, é fundamental para apoiar os consumidores a escolher alimentos mais saudáveis.

O Nutri-Score foi desenvolvido por investigadores independentes, com base em fundamentos científicos que demonstram sua real eficácia e superioridade relativamente a outros logótipos. Este esquema nutricional, a ser colocado na frente da embalagem, tem sido alvo de vários estudos validados e publicados em diversas publicações em revistas científicas.

Os estudos permitem destacar a relevância do algoritmo subjacente ao Nutri-Score e a utilidade do seu formato gráfico, de fácil compreensão, que permite melhorar significativamente a qualidade nutricional das compras alimentares.

O trabalho de validação seguiu o esquema conceptual recomendado na literatura científica e o processo detalhado publicado pela OMS Europa. O Nutri-Score é o único sistema que acompanhou as diferentes etapas do processo de validação da eficácia de um logótipo nutricional.

Em Portugal existem já diversos cientistas, instituições e associações a apoiar o Nutri-Score.

Estudos realizados em vários países mostram que é o esquema com melhor desempenho.

Um em cada dois adultos europeus tem excesso de peso ou é obeso, o que aumenta a probabilidade de doenças cardíacas, diabetes e doenças oncológicas. Uma ação mais forte é claramente necessária para ajudar a conter a maré desta crise de saúde pública. Governos nacionais e especialistas internacionais em saúde identificaram a rotulagem nutricional como uma das principais ferramentas políticas a usar para apoiar os consumidores a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis e informadas.

Serei informado sobre os desenvolvimentos do Nutri-Score em Portugal?

Será o primeiro a saber. Ficará a par das nossas próximas ações nesta área.

Sobre o Nutri-Score

O que é o Nutri-Score?

“É um logótipo na frente da embalagem que mostra a qualidade nutricional de produtos alimentares processados e embalados, classificando-os com cinco letras, de A a E, associadas a cores, que variam entre o verde escuro e o vermelho. O verde escuro (A) é a melhor opção e o vermelho (E) é a pior.

Por enquanto, é de uso voluntário e depende da boa vontade de fabricantes e distribuidores. A comparação entre produtos só poderá ser realizada quando o Nutri-Score estiver presente de forma generalizada nos alimentos.

Quem criou o Nutri-Score?

O Nutri-Score foi proposto pelo EREN, uma equipa francesa de investigação em nutrição pública, liderada pelo professor Serge Hercberg. É baseado na pontuação nutricional criada pela Food Standards Agency no Reino Unido.

Como é calculado o Nutri-Score?

O sistema é baseado na atribuição de pontos com base na composição nutricional por 100 g ou 100 ml do produto. Subtraem-se os pontos positivos aos negativos.

Pontos positivos: proporção de fruta, legumes, leguminosas, tal como o teor em fibras e proteínas. Níveis elevados são considerados bons para a saúde.

Pontos negativos: energia (calorias), teor em gordura saturada, açúcares e sal. Níveis elevados são considerados prejudiciais à saúde.

Tanto a UE, como a OMS, valorizam positivamente este sistema de classificação dos produtos, que oscila entre o mais para o menos saudável. No entanto, a sua implementação está a sofrer algum atraso por parte dos governos. A fórmula Nutri-Score está disponível no site da Santé Publique France e utiliza a informação da lista de ingredientes e da declaração nutricional.

Como saber o valor atribuído pelo Nutri-Score aos produtos alimentares?

O Nutri-Score aparece no rótulo de alguns produtos alimentares em alguns países, como é o caso de Portugal, e para um número ainda limitado de marcas.

Quantos países que já adotaram o Nutri-Score?

O Nutri-Score já vigora num total de sete países europeus: Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo e Suíça. Em 2016, foi adotado de forma voluntária em França, e, em 2018, na Bélgica e em Espanha.

Que marcas já usam o Nutri-Score?

Apesar de voluntário, alguns produtores já usam e o número continua a crescer. Para já, pode encontrar o Nutri-Score em produtos das marcas próprias das cadeias de distribuição Aldi, Auchan Pingo Doce e E.Leclerc, bem como em produtos de marcas como a Danone, Nestlé, Alpro, Weetabix.

Quem já apoia o Nutri-Score?

Várias associações de consumidores europeias, nomeadamente o BEUC (Organização Europeia de Associações de Consumidores), a Test-Achats (Bélgica), a UFC-Que Choisir (França), a Altroconsumo (Itália), a Consumentenbond (Países Baixos), a DECO PROteste (Portugal) e a Euroconsumers. A Euroconsumers é um grupo internacional, do qual a DECO PROteste faz parte, em conjunto com outras organizações de consumidores: Altroconsumo, em Itália, OCU, em Espanha, a Test Achats/Test Ankoop, na Bélgica, e ainda a Proteste, no Brasil.

Além disso, centenas de cientistas europeus individuais e associações de especialistas, representando centenas de cientistas e de profissionais de saúde das áreas da nutrição, saúde pública, medicina preventiva, obesidade, endocrinologia, oncologia, cardiologia, pediatria e marketing social, em representação de vários países europeus, assinaram um manifesto dirigido à Comissão Europeia. O manifesto surge em defesa dos consumidores e da saúde pública e pede a adoção urgente do Nutri-Score como um rótulo nutricional harmonizado e obrigatório em toda a Europa.

A classificação dada pelo Nutri-score aos alimentos pode vir a sofrer atualizações?

Trata-se de uma ferramenta eficiente, que se pretende dinâmica. O sistema não é certamente perfeito e pode ser aperfeiçoada, para se aproximar das recomendações dietéticas. No final de agosto de 2019, por exemplo, o governo francês publicou uma emenda com vista a modificar o cálculo do Nutri-Score em certos pontos. Foi essa atualização que levou o azeite a passar de D para C (veja a questão "Por que razão o azeite foi reavaliado?", mais abaixo). Existe, aliás, um comité científico independente responsável por acompanhar estas questões, nomeadamente correções num futuro próximo, ao nível europeu.

A última atualização do algoritmo, levada a cabo por um Comité Científico Internacional de especialistas, foi realizada em 2023 para poder englobar as mais recentes evidências do meio científico e estar mais alinhado com as principais diretrizes dietéticas na Europa. 

Este sistema também pode encorajar os fabricantes a reformular os seus produtos, a fim de melhorar a sua composição e consequente pontuação pelo Nutri-Score.

Por que razão o Nutri-Score classifica bem alguns alimentos ultra processados, com aditivos ou pesticidas?

O algoritmo do Nutri-Score não contabiliza aditivos, grau de processamento, pesticidas, antibióticos, alergénios e aromas, nem o tamanho da porção e o método de preparação. É um sistema de informação nutricional que tem se mostrado muito útil para ajudar os consumidores a ficarem cientes da qualidade nutricional dos alimentos e a direcionar as suas escolhas para alimentos mais saudáveis.

O Nutri-Score substitui a roda dos alimentos?

Não. A roda dos alimentos preconiza a alimentação saudável e ajuda a compor a alimentação diária.

Qual a importância do modo de confeção das batatas para o cálculo do Nutri-Score?

As batatas fritas congeladas (e as batatas, em geral) contêm muitos hidratos de carbono e poucas gorduras ou açúcares, obtendo um Nutri-Score favorável. É necessário, no entanto, ter em conta que o rótulo se aplica ao produto tal como é vendido, e não considera o método de preparação. Se assar as batatas fritas no forno, o Nutri-Score permanece bom. Se as mergulhar no óleo da fritadeira, pode obter, por exemplo, um C. Se adicionar sal, possivelmente um D ou E. O método de confeção e o tempero são, portanto, essenciais.

Os queijos são aconselháveis?

O queijo integra a roda dos alimentos, mas é melhor consumi-lo em pequenas quantidades, pela riqueza em gordura saturada. Escolha um queijo com baixo teor de gordura, como o fresco, o requeijão, o quark ou o mozzarela. O Roquefort, por conter muita gordura saturada e sal, recebe E na classificação Nutri-Score. Queijos azuis, como o Roquefort e o Brie, não devem ser a primeira escolha.

E a piza, consegue uma boa classificação?

A pontuação das pizas depende muito do recheio. Quando a quantidade de gordura saturada aumenta, o Nutri-Score pode cair para D. É o caso, por exemplo, das pizas 4 queijos, de presunto ou de salame. Se o teor de sal for elevado, a pontuação do produto baixa ainda mais. Por outro lado, se o recheio for à base de legumes e contiver pouco sal, pode obter melhor classificação.

Por que razão o azeite foi reavaliado?

Inicialmente, no cálculo do Nutri-Score, os pontos positivos apenas contabilizavam a percentagem de fruta, legumes, leguminosas e frutos secos. Porém, as recomendações nutricionais de saúde pública em quase todos os países europeus favorecem o consumo de gorduras vegetais, em vez das gorduras animais. No seguimento de discussões com diversos investigadores, o algoritmo do Nutri-Score foi atualizado, passando a englobar o azeite e os óleos de noz e colza nos pontos positivos. Por esse motivo, estas gorduras vegetais são classificadas com C.

Outros óleos, como o de palma, de girassol e de milho, mantêm a classificação de D ou E.

O azeite é menos bem classificado do que a Coca-Cola zero. Porquê?

A tabela nutricional não tira as conclusões adequadas em relação à composição global do alimento. É exatamente isso que o Nutri-Score faz. Com este aliado, o consumidor verá rapidamente a qualidade global, podendo comparar os alimentos da mesma categoria de produtos, mas também o mesmo alimento em diferentes marcas e famílias, quando estes últimos são substitutos, isto é, com condições de uso semelhante. Por exemplo, cereais de pequeno almoço e biscoitos, pão e pastelaria industrial, etc. Assim, é errado comparar, por exemplo, azeite com refrigerantes.

O facto de ser classificado como D e E não significa que um alimento não deva ser consumido. Pode ser integrado no contexto de uma alimentação equilibrada, embora em menor quantidade e menos frequentemente.