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Obesidade infantil: comer bem e manter-se ativo é preciso

Epidemia mundial e um dos problemas mais críticos de saúde pública em Portugal, a obesidade encontra na má alimentação uma das inúmeras causas. O inimigo está identificado: produtos hipercalóricos, apetecíveis, mas de valor nutritivo quase nulo. Siga os conselhos da DECO PROTeste.

27 setembro 2023
Rapariga com camisola vermelha, com cerca de 10 anos e algum excesso de peso

iStock

A obesidade é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a epidemia do século XXI. E a Direção-Geral da Saúde (DGS) reconhece-a como um problema de saúde pública em Portugal. Os números médios europeus centram a gravidade: aproximadamente, 8% das crianças com menos de cinco anos têm excesso de peso ou obesidade. Uma prevalência que aumenta entre os cinco e os nove anos: uma em cada oito crianças é obesa e uma em três excede o peso (obesidade incluída). Com crescente incidência nas crianças, esta enfermidade crónica determina a perda de qualidade de vida e a mortalidade na região europeia da OMS. Cerca de 1,2 milhões de mortes na mesma região podem ter sido causadas por excesso de peso e obesidade, referem estudos recentes. Mais: à obesidade é imputada a quarta maior causa de morte, representando até cerca de 13% de todos os óbitos.

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Prevenir a obesidade: fazer exercício e comer bem 

A receita da OMS é igual para adultos obesos ou com peso normal: 150 a 300 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada, ou 75 a 150 minutos de intensidade vigorosa. American College of Sports Medicine, Obesity Medical Association e The Obesity Society (TOS) afinam pelo mesmo diapasão. Para crianças em idade escolar, exige-se, pelo menos, 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, por dia, ao longo da semana. E, três vezes por semana, atividades aeróbicas de intensidade vigorosa, e igualmente fortalecimento muscular e ósseo. Os tempos à frente dos ecrãs são para minimizar, sobretudo nas horas livres de obrigações. Esses largos minutos são para o movimento. Suba escadas e tente caminhar mais. Gaste calorias.

Além de diminuir a pressão sanguínea, prevenindo doenças cardiovasculares, diabetes mellitus de tipo 2, alguns tipos de cancro, osteoporose ou acidentes vasculares  cerebrais, o exercício é crucial para não aumentar de peso.

Além da atividade física, a alimentação é fundamental para controlar o peso. Há comportamentos menos saudáveis à mesa que convém evitar.   

Os erros alimentares dos portugueses

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável 2020, da DGS, identificou os maus hábitos alimentares dos portugueses como o quinto fator de risco para a perda de anos de vida saudável. Um estilo de vida sedentário e uma dieta plena de açúcares e de gorduras ou de alimentos ultraprocessados impulsionam o aumento de peso. Por essa razão, se o excesso de peso em tenra idade não for detetado e tratado, os anos futuros podem ficar comprometidos com problemas de saúde.

O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade física, de 2015-2016, nomeou os erros da população portuguesa:

  • sal – em média, é de 7,5 gramas, superior aos 5 gramas recomendados pela OMS;
  • açúcares livres – nas crianças, representa 40,7% do valor energético diário e, nos adolescentes, 48,7%, longe dos 10% ditos pela OMS;
  • hortofrutícolas – mais de metade da população não ingere, pelo menos, 400 gramas diários. Nas crianças (72%) e adolescentes (78%), o desfasamento é ainda maior;
  • ultraprocessados – ocupam 24% da ingestão energética diária;
  • carne processada – ingere-se, em média, 140 gramas, quando a recomendação da OMS aponta para o mínimo possível;
  • quase um terço do consumo diário provém de alimentos fora da roda dos alimentos (piza, bolos, bebidas alcoólicas e snacks salgados).

Os estudos mostram que a obesidade, nas crianças e nos adolescentes, tende a manter-se na idade adulta. Daí que a prevenção seja a melhor aposta. As prateleiras dos supermercados transbordam de alimentos ricos em açúcar e gorduras, e a preços geralmente mais acessíveis. O cenário ideal para levar à ingestão de muitas calorias, em embalagens pouco volumosas. Batatas fritas de pacote, bolachas, refrigerantes, bolos ou produtos de panificação e charcutaria estão entre os grandes responsáveis por desequilíbrios na balança. É por estes alimentos processados que o corte deve começar, para introduzir uma dieta saudável, com mais fruta e legumes.

A prevenção ou o combate à obesidade exige a manutenção ou o défice calórico, respetivamente. As calorias ingeridas devem ser inferiores, ou igualarem, as despendidas. O papel do nutricionista é fundamental para a conceção de um plano alimentar equilibrado e variado, enquadrado ao estilo de vida e às preferências pessoais.

Aprender a ler as listas de ingredientes dos rótulos, conhecer os nutrientes e interpretar a declaração nutricional: três ações que aumentam a consciência do que são teores baixos, médios ou elevados de açúcares ou de gorduras, normalmente adicionados, sobretudo nos alimentos ultraprocessados. 

As consequências da má alimentação vão muito além de uma barriga proeminente ou de um “pneuzinho”. Em criança, pode afetar a vida adulta. Porque a obesidade não vem só. A instalação anormal de gordura no corpo é um convite a diversas patologias físicas e mentais. De uma lista longa, mencione-se diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, apneia do sono e depressão. Dados de 2015 e 2016 indicam que 10% dos portugueses padecem de diabetes mellitus de tipo 2, e 36% de hipertensão arterial. A associação entre a obesidade e cerca de 200 doenças e 13 tipos de cancros é por demais evidente – a acrescentar às doenças já mencionadas, as respiratórias (asma, doença pulmonar obstrutiva crónica), as cardiovasculares (dislipidemia, doença isquémica, etc.) e as musculoesqueléticas (dores de costas, osteoartrite).

Estima-se que fatores relacionados com a obesidade sejam responsáveis, nos homens, por 11% de casos de insuficiência cardíaca e, nas mulheres, por 14 por cento. A longevidade e os anos saudáveis de vida são afetados por diversas patologias de excesso de peso e de doenças associadas. Tanto assim é que a esperança de vida é outra das vítimas: entre 2020 e 2050, prevê-se que fique reduzida em 2,2 anos.

Os gastos estendem-se e contagiam a economia, pesando no Orçamento do Estado. Em Portugal, os custos com a obesidade representam 3% do produto interno bruto (PIB). Cerca de 207 euros por pessoa, ao ano, ou 10% da despesa total em saúde, são orientados para o tratamento de doenças relacionadas com a obesidade e o excesso de peso.

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