COMUNICADO

71% das famílias portuguesas com dificuldades económicas em 2021

31 março 2022
Mulher a fazer contas

As despesas com mobilidade, habitação, saúde e alimentação são as mais valorizadas pelos portugueses e as que tiveram um crescimento de dificuldade mais acentuado face ao Barómetro de 2020.

O Barómetro da DECO PROTESTE, alerta para uma dificuldade acrescida dos portugueses em fazer face às despesas do seu agregado familiar. Segundo o estudo, 71% das famílias reportaram dificuldade em pagar as suas contas - um valor superior aos 69% reportado em 2020. As despesas com atividades de lazer, habitação e saúde surgem no topo da lista de dificuldades, mas as contas referentes à mobilidade, habitação, saúde e alimentação destacam-se pelo aumento do grau de dificuldade face a 2020.

Rita Rodrigues, Responsável pelas Relações Institucionais da DECO PROTESTE afirma que “os resultados obtidos em 2021 são particularmente alarmantes tendo em conta a evolução dos últimos três anos. Se em 2019 77% das famílias portuguesas assinalavam as dificuldades económicas que sentiam, em 2020 esse valor diminuiu para 69%. Segundo Rita Rodrigues, “esta situação pode ser explicada pelo contexto de pandemia que continuou a marcar a economia em 2021, pelos períodos de confinamento e pelas perdas parciais ou totais de rendimento consequentes.”

As principais áreas que geram constrangimentos na gestão orçamental dos consumidores dizem respeito às despesas com atividades de lazer (41%), habitação (40%), saúde (39%%), mobilidade (39%) e alimentação (29%). Comparativamente aos dados de 2020, o Barómetro da DECO PROTESTE revela que a dificuldade em enfrentar as despesas com mobilidade sofreu o maior aumento (7,2 pontos percentuais), seguindo-se as despesas com a habitação (4 pontos percentuais), a alimentação (3,4 pontos percentuais) e a saúde (1,6 pontos percentuais). 

Em termos geográficos, a região do Alentejo surge no topo da lista de dificuldades económicas (72% das famílias), seguida de perto pelos Açores (71%) e Lisboa VT (71%). No entanto, é na Madeira que se encontra a maior proporção de famílias em situação financeira crítica (leia-se, pobreza extrema): 9,5%.  Quanto a distritos, os agregados de Évora (79%), Castelo Branco (78%) e Leiria (78%) foram os que revelaram maiores constrangimentos na gestão orçamental em 2021. Leiria regista a maior queda face 2020, onde era um dos distritos que apresentava menor sufoco financeiro.

O Barómetro da DECO PROTESTE revela ainda que são as famílias monoparentais (86%)e as famílias numerosas (76%) que mais dificuldades enfrentam. Comparativamente ao ano anterior, a proporção de famílias monoparentais em apuros aumentou 4%. Uma em cada dez desta vive em situação de pobreza extrema.

Segundo o Barómetro da DECO PROTESTE, 29% dos agregados situam-se no campo “conforto financeiro”, mostrando facilidade em pagar as suas contas, um valor inferior a 2020 (31%).

Impacto da COVID-19

As fases de emergência e contingência nacional, provocadas pela COVID-19, originaram situações vulneráveis para os consumidores portugueses: 45% das famílias viu os seus rendimentos diminuírem por causa da crise pandémica. Num quarto destes casos houve perda de emprego e num terço a interrupção da atividade profissional. No total, 23%das famílias portuguesas revelaram ter sofrido uma quebra de rendimentos superior a 25%, face a 2020. Dos países que participaram no estudo, Portugal é o que mais registou perda de rendimentos por causa da pandemia (45% das famílias afetadas). Em Espanha este valor é de 38%, em Itália 33% e na Bélgica 24%.

A perda de rendimentos provocada pela COVID-19 no último ano reflete-se diretamente nos valores apresentados no Barómetro da DECO PROTESTE. Entre as famílias não afetadas financeiramente pela pandemia, 58% reporta dificuldades em pagar as suas despesas do dia-a-dia. Entre as que registaram quebras de rendimento abaixo dos 25%, a fação em apuros dispara para 78%; entre as que sofreram cortes acima de 25%, a proporção cresce ainda mais, situando-se nos 89%. Neste último grupo, uma em cada dez famílias vive em situação de pobreza extrema.

Sobre a DECO PROTESTE
A DECO PROTESTE é a maior e mais representativa organização portuguesa de defesa dos consumidores. Intervém em cerca de 20 grandes áreas da vida dos consumidores através dos seus estudos, testes, análises de produtos e serviços, pareceres técnicos de especialidade e ações reivindicativas. O seu objetivo é criar consumidores mais informados e, por isso, mais exigentes e proativos na defesa dos seus direitos. Integra o grupo internacional Euroconsumers, que reúne organizações de defesa dos consumidores de Espanha, Itália, Bélgica e Brasil. 

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