Compras online: a pandemia das embalagens desnecessárias
Mas começaram também a chegar embalagens tão desproporcionais relativamente ao seu conteúdo, que mais não são do que resíduos desnecessários e injustificados.
Uma compra online, entre outras incertezas, acarreta sempre uma expectativa adicional relativamente ao produto que acabámos de comprar – será que vai chegar danificado? E se desconfiamos menos dos vendedores, relativamente ao estado em que o produto vai ser enviado, desconfiamos muitas vezes das empresas de entregas e da forma como o nosso produto vai ser manipulado e transportado até à nossa porta. Por vezes, podemos pensar que embalagens maiores e com materiais de enchimento podem proteger melhor o nosso produto, mas será mesmo necessário?
Para fazermos um teste, comprámos 13 pen USB e 12 frigideiras em 18 lojas online, com o objetivo de analisarmos a embalagem utilizada no seu transporte – e o resultado foi, em alguns casos, dececionante.
Mistura de diferentes materiais — cartão, papel e plásticos —, alguns não recicláveis, e em demasiada quantidade, caixas muito volumosas tendo em conta o produto embalado, foram alguns dos problemas que detetámos no nosso estudo. Encontrámos também alguns bons exemplos, o que demonstra que é possível acondicionar os produtos de forma segura e com pouca embalagem.
Estes erros não penalizam, apenas os consumidores, obrigando-os a maior produção de resíduos e a deslocações mais frequentes aos ecopontos. São, também, prejudiciais, para as autarquias (porque alguns destes resíduos acabarão em aterros) e para os produtores e distribuidores que têm mais despesas decorrentes de embalagens desnecessárias e mais pesadas e volumosas.
E existe o impacto acrescido para o ambiente resultante de não-otimização das embalagens, o que significa que são utilizados mais materiais do que os indispensáveis, passa a existir a necessidade de encher as caixas de cartão com plásticos ou outros materiais para acondicionar melhor o produto, são necessários mais circuitos de entregas, aumenta a frequência de circulação e, consequentemente, a pegada ambiental.
Consideramos, por isso, indispensável que o Ministério do Ambiente intervenha e regule as questões associadas ao excesso de embalagem, abrangendo igualmente o comércio online.
Se há produtores que conseguem fazê-lo, porque razão os outros não o fazem?
Fique a saber mais sobre este estudo aqui.