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Arouca: muito mais do que uma ponte de cortar a respiração

Arouca única e inesquecível: a etapa mais intensa do roteiro arranca nos Passadiços do Paiva, acelera na ponte 516, suspensa sobre o rio bravo, e descansa na Falha da Espiunca. Prontos para viajar 500 milhões de anos com tesouros geológicos sem limite?

01 março 2023
Passadiços do Paiva em Arouca

Município de Arouca

Aventura de 48 horas com descobertas únicas no mundo? Sim, em Arouca, é possível. Os Passadiços do Paiva meteram Arouca no epicentro do turismo. E a ponte 516 Arouca é um ícone da região. Nasce suspensa no céu, 175 metros acima do rio Paiva, em pleno Arouca Geopark. Tem 1,20 metros de largura e é composta por 127 tabuleiros com quatro metros de comprimento cada. O território é reconhecido pela UNESCO como património geológico da Humanidade, cada centímetro dos 328 quilómetros quadrados, cada gota do rio Paiva, cada flor de urze da Serra da Freita.

Serra da Freita em estado puro

Primeiro dia: depois de dominar o centro histórico do concelho de Arouca (distrito de Aveiro), partida rumo à Casa das Pedras Parideiras. A viagem demora 30 minutos de carro, mas a paisagem e a vida animal obrigam a parar tantas e tantas vezes. A Serra da Freita é um gigante, um ponto essencial do Arouca Geopark. Descubra as pequenas aldeias, as Pedras Parideiras e cenários de cortar a respiração, como junto à Frecha da Mizarela. Pode explorar vários geossítios do Arouca Geopark com condições únicas para aventura e percursos pedestres.

Nos percursos pelo “museu geológico a céu aberto”, vá à descoberta do alecrim-da-serra em cor púrpura, das carquejas amarelas e das anémonas-dos-bosques. Fomos enfeitiçados por vários exemplares robustos da raça bovina arouquesa em modo passeio. A serra e a estrada da Casa das Pedras Parideiras pertencem-lhes totalmente. Sim, é uma casa de pedra que pare pedra, e um dos geossítios mais emblemáticos. Aqui, pode ver e tocar num fenómeno único: as Pedras Parideiras. Esta rocha designa-se "granito nodular da Castanheira". De cor clara, apresenta um grão médio, com invulgar quantidade de nódulos de forma discoide e biconvexa. Com a erosão, libertam-se e acumulam-se no solo, deixando no granito uma cavidade. Por isso, os habitantes da aldeia da Castanheira chamaram à rocha “Pedra Parideira”. A dimensão dos nódulos varia entre 1 e 12 centímetros de diâmetro. 

De regresso ao centro, tempo para admirar o espetáculo natural da cascata da Frecha da Mizarela, a mais alta de Portugal Continental. E, a seguir, paragem na Panorâmica do Detrelo da Malhada.

 

 

Ponte pedonal suspensa 516 Arouca

Reservou-se o segundo dia para a etapa mais radical do roteiro em Arouca. Com um milhão de visitantes desde a abertura, os Passadiços do Paiva garantem um segundo dia intenso. E coragem para os 516 metros da ponte suspensa, em dose dupla, ao seu ritmo. Não precisa de ativar o modo velocidade furiosa, mas os guias desaconselham abrandar o passo ou parar na ponte para fazer selfies. No topo da ponte, sinta a força da mãe-natureza. É uma obra de arte e um projeto 100% português. 

Se algum visitante se sentir mal, a equipa de guias tem um protocolo de socorro imediato no caso. O nosso passeio contou com vento generoso. À tarde, rajadas acima de 40 quilómetros por hora obrigaram a fechar a ponte. Alertas de risco de incêndio elevado, chuvas fortes ou trovoadas também podem levar ao fecho da ponte. Leve calçado e roupa confortável: é "proibido" pisar a ponte com chinelo ou salto alto. 

O percurso pelos passadiços, no sentido Areinho-Espiunca, é o menos exigente ao nível físico. A ligação entre as duas extremidades pode ser feita de táxi. Seguimos a dica para estacionar no pórtico do Areinho. O parque é gratuito. E iniciámos o ataque aos Passadiços do Paiva, com vigor, até à visita da ponte, 45 minutos sempre a subir, 500 degraus inspiradores até ao ponto de encontro para fazer a ponte 516 com visita marcada às 11 horas. Para a visita guiada na ponte conte com uma hora. As crianças com menos de 6 anos não podem entrar na 516 Arouca. E os visitantes entre 6 e 17 anos devem ser acompanhados por adultos. A entrada não é permitida a animais de companhia. Ninguém pode correr na ponte. 

Não precisa de fazer o percurso de ida e volta na ponte 516 Arouca. Caso opte por iniciar em Alvarenga, pode estacionar o carro no lugar de Albisqueiros, a 1000 metros da ponte, e dirigir-se à 516 Arouca pelo percurso assinalado. É um trajeto simples que se faz em 20 minutos.

Depois, a maioria do passeio é a descer ou a direito. Vai precisar de farnel e água. Carregue baterias na praia do Vau, a meio do trajeto. Os mais valentes não resistem à banhoca no rio. Não faltam zonas para descansar e explorar a vista. E não faltam dezenas de degraus no percurso. Fomos brindados com a salamandra-lusitânica e a borboleta-imperador-pequena. A flora abriga esta gente toda. 

Falha de Espiunca com 500 milhões de anos

Esta aventura não termina sem observar a fundo a Falha da Espiunca. Junto à ponte da Espiunca, na margem direita do rio Paiva, encontra um poderoso afloramento geológico com bancadas maciças, de quartzitos negros, intersetadas por uma falha. Pode observar os vários elementos que caracterizam as falhas geológicas. Os estratos quartzíticos nasceram da deposição de areias, em ambiente litoral, há mais de 500 milhões de anos. Estes foram afetados por uma falha, responsável pela movimentação de blocos. Este geossítio tem um painel interpretativo do fenómeno geológico.

Museu das Trilobites… gigantes

No Museu das Trilobites, os telhados de xisto confundem-se com a paisagem de onde nasceram. No interior surgem “fotografias” dos animais que habitaram os mares há 500 milhões de anos. Os vários fósseis expostos contam-nos a história da Terra, alguns dos capítulos mais longínquos da evolução da vida no planeta. Aberto desde 2006, na freguesia de Canelas, nas imediações da “Pedreira do Valério”, tem um papel fundamental no estudo, preservação e divulgação deste património.

O Centro de Interpretação Geológico de Canelas reúne uma coleção única de fósseis resgatada ao longo de duas décadas de trabalhos nas ardósias. Trata-se de exemplares formados há 465 milhões de anos (período Ordovícico) no fundo do mar. O museu exibe uma coleção paleontológica notável, onde se destacam trilobites, bivalves, gastrópodes, cefalópodes, braquiópodes, crinoides, cistoides, ostracodes, graptólitos e icnofósseis.

No Museu das Trilobites, alguns dos fósseis são dos maiores achados até agora. Nos dois pisos do museu, pode ver vídeos, textos e imagens sobre a formação dos fósseis. A dimensão, a raridade e a beleza destes fósseis surpreende.

O museu nasceu da grande paixão do proprietário, Manuel Valério, pelas Trilobites e outros animais marinhos que apareciam nas ardósias. Ainda os dinossauros não existiam e já as trilobites dominavam os mares do planeta. Estes animais invertebrados surgiram há mais de 500 milhões de anos, sofreram várias evoluções e resistiram a duas extinções maciças de espécies. Estes pequenos organismos ficaram preservados em forma de fóssil. 

Há centenas de milhões de anos o interior norte de Portugal não era uma superfície sólida, recortada em relevo de vales e serras. Tudo estava coberto pelo mar. Esta aldeia, no concelho de Arouca, tem a história escrita na rocha, a provar que foi uma região habitada por seres marinhos com o corpo segmentado em três partes (cabeça, tronco, cauda) e “um sistema de visão complexo, semelhante ao dos insetos atuais”.

As trilobites de Canelas apareceram no período Ordovícico, viveram durante mais de 300 milhões de anos e desapareceram antes da primeira pegada de dinossauro. O maior atrativo desta coleção está relacionado com o tamanho de algumas espécies de trilobites. Muitas são consideradas as maiores do mundo. A concentração em grupos numerosos torna este local único ao nível do registo paleontológico.

Se, dois meses depois de uma cirurgia ao joelho, consegui completar esta viagem, os leitores da revista mais lida no País também conseguem. Já reservou o quarto?

Informações úteis

O alojamento para duas pessoas em hotel de três estrelas com pequeno-almoço, em Arouca ou na área envolvente, custa, no mínimo, 114 euros. Recolhemos os preços online, a 24 de janeiro, para duas noites de 17 a 19 de março. O alojamento com pequeno-almoço, em turismo rural até cerca de 10 quilómetros, custa a partir de 130 euros.

Quando ir

Bela em qualquer estação, Arouca não tem épocas mortas. O território Arouca Geopark tem um vasto leque de atrações. Explorar as paisagens, no inverno, pode ser especial, com caminhada em trilhos e sobre rodas, por circuitos panorâmicos. A paisagem veste um espetáculo de cores. A primavera é especial para caminhar ao ar livre e a estação ideal para visitar os Passadiços do Paiva ou a Ponte 516 Arouca. Evite o pico do verão nos passadiços.

Principais atrações

  • Ponte 516 Arouca.
  • Passadiços do Paiva.
  • Museu das Trilobites.
  • Miradouro da Frecha da Mizarela.
  • Serra da Freita.
  • Casa das Pedras Parideiras.
  • Radar Meteorológico de Arouca.
  • Panorâmica do Detrelo da Malhada.

Como chegar e se deslocar

Arouca fica a uma hora de carro de Aveiro e do Porto, uma hora e meia de Coimbra, Viseu e Braga, e a três horas de Lisboa.

  • Norte-Sul: A1, saída Santa Maria da Feira, ou A32, saída Carregosa.
  • Sul-Norte: A1, saída Estarreja.

Não há aeroporto, nem estação de comboio. Os acessos de autocarro são limitados. Pode alugar um carro para chegar a Arouca, e deslocar-se no Arouca Geopark. A alternativa é pedir um serviço de táxi.

Bilhetes e entradas

  • Ponte 516 (acesso inclui entrada nos Passadiços do Paiva): 10 euros, dos 6 aos 17 anos; 12 euros por adulto; 10 euros por sénior. O pack familiar compensa. Entrada proibida a crianças com menos de seis anos.
  • Passadiços do Paiva: 1 euro (novembro a março) ou 2 euros (abril a outubro). Grátis para crianças até 10 anos.
  • Casa das Pedras Parideiras: 4 euros (individual); 3 euros por estudante ou sénior em grupo.
  • Museu das Trilobites: 5 euros (adulto); 4 euros (estudante). Grátis até aos sete anos.

Sites úteis para saber mais

Museu das Trilobites

Arouca Geopark

Câmara Municipal de Arouca

Ponte 516 Arouca

Passadiços do Paiva

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