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Tintas para cabelo: guia de compras

04 janeiro 2021
rapariga de vestido verde-escuro e cabelo comprido preto a retirar embalagem de tinta para cabelo da prateleira do supermercado

As tintas para o cabelo podem ser temporárias, semipermanentes e permanentes. Muitas marcas alegam ter colorações "naturais", mas mesmo estas têm produtos químicos. Antes de comprar, veja os cuidados a ter.

Para mudar a cor do cabelo ou cobrir os fios brancos, existem tintas temporárias, semipermanentes e permanentes. As primeiras, indicadas sobretudo para aplicar nuances, saem à primeira lavagem, enquanto as segundas, que se fixam aos fios, duram quatro a seis lavagens. Produtos de origem vegetal, como a hena, têm uma ação semipermanente. Já as tintas permanentes, que entram na estrutura do cabelo e são resistentes às lavagens e secagens, são as mais populares, representando 70 a 80% das opções disponíveis na Europa.

Há cada vez mais colorações “naturais” que têm como mote serem tintas que não fazem mal ao cabelo. O glamour e o “pacto de não agressão” ao cabelo estão presentes nas estratégias de marketing das marcas. Na realidade, as tintas sintéticas que se apelidam de "naturais" também têm produtos químicos que podem ser prejudiciais para a saúde. É o caso da tinta para cabelo sem amoníaco, mas que tem outra substância semelhante.

Tintas sintéticas e tintas vegetais

O tipo de tinta sintética alega ser mais suave, ter propriedades e componentes vegetais e ainda ausência de ingredientes como o amoníaco. As tintas sintéticas, além de colorirem, aclaram o cabelo.

Continuam por comprovar as suas implicações no desenvolvimento de doenças como o cancro. No entanto, é reconhecida a relação destes produtos com o desenvolvimento de alergias (dermatite de contacto), irritações cutâneas e nos olhos. Têm um agente oxidante (peróxido de hidrogénio, mais conhecido como água oxigenada) e um corante com agente alcalino (como o amoníaco ou substituto).

Algumas tintas sintéticas incorporam ingredientes de origem natural, por exemplo, óleo de argão, queratina, soja ou colagénio. Muitos, como os referidos, são condicionadores de cabelo, pelo que podem reparar fibras de cabelo danificado ou reduzir o risco de irritação. 

As tintas vegetais recorrem às propriedades de algumas plantas, como é o caso da hena. No entanto, esta não é totalmente inócua. A hena é também conhecida por provocar alergias. Esta situação ocorre principalmente em pessoas com predisposição para alergias ao pólen, a plantas ou ao pó.

A grande desvantagem destas tintas é apresentarem um leque limitado de cores: a hena permite pintar o cabelo de preto, castanho, castanho-avermelhado ou vermelho. Também se pode utilizar a camomila para aclarar ou a casca verde da noz para obter o castanho-escuro.

Ingredientes das tintas sob suspeita 

As tintas estão sujeitas à diretiva dos cosméticos, da União Europeia. Não só refere os ingredientes permitidos e os seus limites, como exige a indicação na embalagem da presença de certas substâncias sensibilizantes ou alergénicas. Alguns ingredientes, pela sua toxicidade, foram banidos.

As maiores preocupações estão associadas às alergias de contacto e à possibilidade de provocarem problemas de saúde a longo prazo. A Comissão Europeia classificou 56 substâncias segundo o grau sensibilizante: extremo, forte ou moderado. Todas as tintas testadas contêm, pelo menos, um sensibilizante extremo.

Depois, existe preocupação com os desreguladores endócrinos, ou seja, substâncias que podem provocar alterações na ação das hormonas. A suspeita recai sobre ingredientes como os parabenos, mas os estudos não são conclusivos. Além disso, a quantidade absorvida quando se pinta o cabelo é ínfima. Ainda assim, a União Europeia preparou uma lista com as substâncias que suscitam mais hesitações.

Rotulagem de tintas para cabelo criativa 

No geral, as tintas incluem na embalagem a informação exigida por lei, nomeadamente no que respeita à segurança. Pode encontrar tintas em que nada esteja em português, uma ilegalidade. A lei, de forma incompreensível, não obriga a indicar a data de validade. O período após abertura não faria sentido, uma vez que as tintas se destinam a um uso único. Contudo, a data de validade é essencial: na compra, nunca se sabe há quanto tempo está o produto nas prateleiras e se sofreu alterações.

Em vez disso, as marcas são muito “coloridas” em termos de alegações que a lei não impede, mas que deveria controlar para evitar que o consumidor as tome como garantia de qualidade. “Testado dermatologicamente” e “sem glúten” não têm credibilidade científica alguma. “Testado dermatologicamente” é uma alegação vazia: não há regras legais para ensaios científicos com tintas.

Pintar o cabelo: perguntas frequentes

Às tintas são associadas diversas ideias que nem sempre têm razão de ser.

Causam cancro?

As primeiras fórmulas continham ingredientes que causavam cancro em animais. Contudo, nos anos de 1970, os fabricantes mudaram as fórmulas e, atualmente, a União Europeia limita o tipo de substâncias que podem ser usadas. Os estudos não provaram uma relação de causa-efeito para uso não-profissional.

Estou grávida. Posso usar?

Apesar de alguns ingredientes serem agressivos em grandes quantidades, a dose usada para pintar é mínima. Mais: apenas uma pequena parte desta dose mínima é absorvida pela pele, e ainda será inferior a quantidade que poderá chegar ao feto. Mas, se preferir, por precaução, evite pintar no primeiro trimestre da gravidez. As tintas vegetais podem ser uma alternativa. Ainda assim, use luvas, deixe atuar o menor tempo possível, aplique numa sala ventilada e lave logo a cabeça.

Provocam alergia?

As tintas podem irritar o couro cabeludo, rosto ou pescoço. Faça um teste numa pequena área de pele 48 horas antes de usar. Se não tiver nenhuma reação, em princípio, não irá desenvolver nenhuma alergia após a coloração do cabelo.

Sem amoníaco: mais seguro?

Apesar de o amoníaco ser corrosivo em grande quantidade, não há evidência de que seja irritante, carcinogénico ou mutagénico, ou que afete a reprodução. Os produtos sem amoníaco, ainda que tenham melhor odor, incluem substitutos. Não são mais seguros e podem ser menos eficazes.