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Clamídia: quais os sintomas e como prevenir

A clamídia é uma infeção de transmissão sexual que pode levar a complicações graves. O número de casos está a aumentar, e os jovens sexualmente ativos correm maior risco. Saiba quais são os sintomas e o que pode fazer para prevenir a doença.

09 abril 2024
Estetocóspio, caderno e cubos de madeira com a palavra clamídia inscrita

iStock

Entre 2021 e 2022, os casos de clamídia notificados em Portugal aumentaram de 914 para 1501. Os dados do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) mostram que os jovens sexualmente ativos correm maior risco de contrair a doença e que as mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 24 anos apresentam o maior número de notificações na Europa.

O que é a clamídia e como se transmite?

A clamídia é uma infeção causada por uma bactéria (Chlamydia trachomatis), que infecta geralmente as mucosas uretral e cervicovaginal, embora possa envolver também a orofaringe e a mucosa anorretal.

O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma lesão genital causada pelos sorotipos L1-L3 desta bactéria.

A infeção é habitualmente transmitida através de relações sexuais desprotegidas (sejam estas de sexo vaginal, oral ou anal), embora também possa haver transmissão da mãe infetada para o recém-nascido durante o parto vaginal.

Quais os sintomas?

Pelo menos 70% das infeções genitais por clamídia em mulheres e 50% em homens não apresentam sintomas no momento do diagnóstico. Contudo, uma pessoa infetada, mesmo que não apresente qualquer sintoma, pode transmitir a infeção ao parceiro sexual.

Os sintomas mais frequentes na mulher incluem:

  • alteração do corrimento vaginal;
  • sangramento/hemorragia entre os períodos menstruais ou após a relação sexual;
  • dor e ardência ao urinar;
  • dor abdominal.

Os sintomas mais frequentes no homem incluem:

  • aparecimento de corrimento uretral;
  • prurido uretral;
  • dor e ardência ao urinar;
  • dor ou desconforto testicular.

A infeção do ânus provoca dor e/ou corrimento anal e por vezes sangramento. Também pode ocorrer infeção da mucosa da orofaringe, mas geralmente não apresenta sintomas.

Se tiver sintomas, deve procurar o seu médico assistente. À partida, o médico irá propor a realização de testes de diagnóstico e efetuar um plano de tratamento ou referenciá-lo para uma consulta especializada.

Se não apresentar sintomas, mas tiver havido contacto sexual não protegido com um portador da infeção, deve ter em conta que a probabilidade de ocorrer contágio é elevada. Nestas situações, deve procurar ajuda médica para fazer rastreios e, caso necessário, receber tratamento.

O que pode acontecer se a clamídia não for tratada?

Em alguns casos, a infeção é eliminada espontaneamente pelo organismo. No entanto, em casos não tratados é frequente o desenvolvimento de complicações potencialmente graves, nomeadamente no sexo feminino, que podem incluir doença inflamatória pélvica, dor pélvica crónica, infertilidade e aumento do risco de gravidez ectópica.

A transmissão perinatal pode causar infeção ocular e pneumonite em recém-nascidos.

Nos homens podem surgir complicações como epididimite (inflamação do epidídimo, uma estrutura localizada no interior dos testículos) e prostatite (inflamação da próstata).

Como se faz o diagnóstico e como se trata esta infeção?

Quando há suspeita de clamídia (quer existam ou não sintomas), o diagnóstico é feito através da realização de testes de biologia molecular a partir de amostras de urina ou de exsudado das mucosas infetadas.

Simultaneamente, deve também ser realizado rastreio a outras infeções sexualmente transmissíveis (como VIH, sífilis e gonorreia), uma vez que é frequente existirem várias infeções sexualmente transmissíveis em simultâneo.

Os médicos dos cuidados de saúde primários já podem prescrever a pesquisa analítica da Chlamydia trachomatis, que permite detetar se o paciente está infetado. As análises podem ser feitas na unidade de saúde local ou externamente, numa entidade convencionada. Esta medida surge associada ao alargamento aos cuidados de saúde primários do acesso a Profilaxia Pré-Exposição, uma estratégia preventiva da infeção por VIH, que implica a necessidade de rastrear também outras infeções sexualmente transmissíveis.

O tratamento, que de uma forma geral, é muito eficaz na erradicação da infeção, pode variar de caso para caso e deve ser sempre definido pelo médico. Normalmente, são utilizados antibióticos orais.

As pessoas que são tratadas para a clamídia devem abster-se de relações sexuais durante o período indicado pelo médico e devem informar os parceiros sexuais para que estes possam fazer rastreios e, caso seja necessário, receber também tratamento adequado.

Importa também ter em conta que se já teve clamídia, pode voltar a ter a infeção. A existência de novos contactos sexuais com portadores desta doença pode originar uma segunda infeção. Por isso, é importante manter uma atividade sexual consciente e com uso de medidas de proteção individual de forma a minimizar os riscos de um novo contágio.

Como prevenir a clamídia?

Não existem até à data vacinas que protejam contra esta doença. O uso de contracetivos orais não tem qualquer utilidade na prevenção da clamídia e a forma mais eficaz de prevenir a infeção é a prática de relações sexuais seguras. Use sempre preservativo. Além disso, deve ter em atenção que a prática de atividade sexual com múltiplos parceiros, sob o efeito de álcool ou drogas ou sem uso de medidas de proteção são fatores de risco que aumentam muito a probabilidade de contágio desta doença, assim como de outras doenças sexualmente transmissíveis.

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