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Equipamento médico: comprar ou alugar?

A compra de canadianas, bancos de duche e outro equipamento de pequeno porte, em geral, é mais vantajosa do que o aluguer. Para cadeiras de rodas e camas articuladas, as contas indicam o inverso, pelo menos, até 90 dias de uso.

16 junho 2023
Cadeira de rodas

iStock

Canadianas, cadeiras de rodas ou camas articuladas são equipamentos úteis ou, mesmo, indispensáveis para alguns doentes em recuperação ou para pessoas com deficiência. Em situações de necessidade temporária, o ideal seria obter o material por empréstimo. Mas os organismos que o fazem – Cruz Vermelha, Santa Casa da Misericórdia, associações humanitárias e juntas de freguesia, entre outros – são cada vez menos e têm poucos recursos, pelo que o equipamento é quase sempre canalizado para doentes com baixos rendimentos. A solução passa, então, por comprar ou alugar. Qual será a opção mais vantajosa? Se a incapacidade for permanente ou o tratamento prolongado, não há dúvidas: comprar. Para utilizações temporárias ou esporádicas, a resposta é mais difícil.

Em fevereiro de 2023, a DECO PROTESTE pesquisou os preços das duas modalidades no País e concluiu que, no geral, para equipamentos de grande porte, como camas articuladas e colchões, compensa mais alugar, pelo menos, se a utilização se estender até 90 dias. Para os de pequeno porte, como canadianas, andarilhos e bancos de duche, a compra fica mais em conta, em especial se o artigo for usado durante mais de uma semana. Mas a resposta não é linear: depende do período de utilização previsto e do preço.

Mais oferta de material médico para compra

Um primeiro olhar sobre os dados da investigação deixa claro que a oferta de equipamento para compra é bastante superior à destinada ao aluguer. Em 171 estabelecimentos visitados, 117 dedicavam-se exclusivamente à venda e apenas 49 dispunham de material para aluguer, sendo que 43 destes apresentavam as duas modalidades. A variedade de produtos para aluguer é também menor, em particular, no grupo dos auxiliares de marcha, como bengalas e muletas. Os apoios para o banho, as cadeiras de rodas, com destaque para as destinadas a adulto, e as camas articuladas são os equipamentos mais fáceis de encontrar. 

A decisão entre aluguer e compra tem de ser tomada caso a caso, dada a variabilidade dos preços. O exercício com o custos médios, realizado pela associação de consumidores, dá uma ideia da tendência, mas está longe de ser uma verdade absoluta. Vejamos um exemplo: a cadeira de rodas, que, segundo o estudo, custa uma média de 204 euros, fica mais barata se for alugada durante 30 e 90 dias. Contudo, se, em cima da mesa, estiverem os preços máximos do aluguer e os mínimos da compra, a recomendação passa a ser a compra, em ambos os prazos. No caso de uma cama com estrado articulado manual, a comparação entre os preços mínimos e médios de compra e aluguer aponta para o último. Se olharmos para os preços máximos do estudo, o aluguer continua a ser mais barato, mas, a 90 dias, a diferença para a compra é de apenas 30 euros.

Comprar na farmácia, parafarmácia ou loja de ortopedia?

Os preços variam muito, mesmo entre produtos com mesma função. Além da óbvia diferença entre o manual e o elétrico, os preços podem ser influenciados pela sua composição (madeira, alumínio, plástico ou borracha) e apresentação (pintado ou cromado), entre outros. Por exemplo, um colchão antiescaras pode custar entre 70 e 200 euros, variação que pode ser justificada pela presença e pelo tipo de compressor. As cadeiras de rodas para adulto mais simples custam de 115 a 420 euros, consoante o modelo e as funcionalidades.

De acordo com o estudo, o consumidor pode obter este equipamentos sobretudo em lojas de ortopedia, farmácias e parafarmácias. Apesar de não haver diferenças de preço significativas entre os estabelecimentos, verificou-se que, em média, farmácias vendem o material de grande porte, como camas articuladas, um pouco mais barato do que os restantes. Já os auxiliares de marcha, como andarilhos, muletas e canadianas, são mais em conta nas parafarmácias. As cadeiras de rodas, excetuando a versão dobrável, são mais caras, em média, nas lojas de ortopedia. Em contrapartida, estas apresentaram o preço médio mais baixo para os auxiliares de banho.

Atenção às taxas de aluguer de equipamento médico  

Se comprar material médico é relativamente simples, o aluguer pode impor algum esforço, não só porque existem menos lojas – são, sobretudo, farmácias e lojas de ortopedia – e menos equipamentos, como também porque os cálculos incluem mais parcelas e diferem de um local para o outro: uns cobram taxa diária, outros, um valor por cinco dias (com taxa diárias a partir do sexto dia), e outros, ainda, aluguer mensal. Há quem junte uma quantia não reembolsável para preparação, transporte ou montagem, se necessário. Algumas lojas pedem também uma caução, sobretudo para material de grande porte, que pode variar entre 5 e 150 euros. É paga aquando do aluguer e devolvida após a entrega do material, se este estiver em boas condições.

Cinco dicas para tomar a decisão certa

  1. Tempo de utilização. É um fator decisivo para saber se compensa comprar ou alugar o equipamento. Faça previsões realistas, se necessário, com a ajuda dos profissionais que acompanham o doente.
  2. Pesquisa de preços e condições. Se possível, ligue para algumas lojas da sua zona e questione sobre preços e condições. No caso do aluguer, convém certificar-se de que o valor indicado inclui todas as taxas. Algumas lojas cobram, por exemplo, por preparação, transporte e montagem dos materiais.
  3. Destino a dar ao material. O aluguer tem uma vantagem face à compra: terminada a necessidade, o equipamento é devolvido, sem preocupações quanto ao destino a dar-lhe. Se optar pela compra e não quiser ou puder guardá-lo, pode doá-lo, por exemplo, a uma instituição, ou vendê-lo.  
  4. Equipamento usado. Pode ser uma solução para reduzir os gastos, se a solução for a compra. Convém, contudo, verificar se está em boas condições. Se comprar via net, peça fotos e vídeos de vários ângulos e com o equipamento a funcionar. Se for o caso, combine a entrega num local público e frequentado, para maior segurança.
  5. Apoio da Segurança Social. A compra pode ser comparticipada a 100 cento. Para isso, deve entregar, presencialmente, a ficha de prescrição de produtos de apoio, preenchida pelo médico de família ou por equipas de centros especializados, assim como três orçamentos e o comprovativo de IBAN do paciente ou do seu representante legal. É também obrigatório apresentar o cartão de cidadão ou o bilhete de identidade.

Comprar ou alugar: as contas para seis equipamentos 

Comprar ou alugar? A resposta baseia-se no preço médio de compra e aluguer da amostra estudada. Os preços correspondem aos valores mínimos e máximos encontrados no estudo. Não se consideraram os preços de instituições particulares de solidariedade social, por serem dirigidos aos mais carenciados. 

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