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Secura vaginal: causas e tratamentos

Cerca de 17% das mulheres na pré-menopausa, entre os 18 e os 50 anos, relatam problemas de secura vaginal durante a relação sexual. Depois da menopausa, aproximadamente metade das mulheres sofre com secura vaginal. Conheça as causas e os tratamentos para este problema.

05 abril 2024
Mãos de mulher com uma folha seca

iStock

A secura vaginal traduz-se numa diminuição ou ausência de lubrificação natural da vagina feminina. Pode ocorrer em qualquer idade, mas afeta mais as mulheres depois da menopausa. Além de ser dolorosa, a secura vaginal pode interferir com as atividades diárias e chegar a impedir que tenha uma vida sexual gratificante.

Este tende a ser um problema silencioso, já que muitas mulheres têm vergonha de abordá-lo com os seus parceiros, amigos ou profissionais de saúde. Estima-se que apenas um quarto das mulheres afetadas procure receber tratamento. 

No entanto, não tem de sofrer em silêncio pois existem várias opções de tratamentos eficazes para a secura vaginal.

Causas da secura vaginal

A causa mais comum da secura vaginal é a diminuição da ação dos estrogénios sobre os tecidos genitais. Os estrogénios são hormonas sexuais femininas que contribuem para a manutenção de uma adequada lubrificação, elasticidade e espessura vaginais. A falta de estrogénios pode espoletar inflamação, secura e encurtamento ou espessamento das paredes vaginais. Esta condição é designada por atrofia vaginal ou síndrome génito-urinária da menopausa, quando acontece depois da menopausa.

A secura vaginal afeta especialmente as mulheres depois da menopausa, uma vez que esta fase é representativa de um declínio da função ovárica, que resulta numa drástica redução na produção de estrogénios. No entanto, mulheres em pré-menopausa também podem sofrer desta condição, relacionada ou não com a ação dos estrogénios.

São vários os momentos da vida da mulher durante os quais é possível assistir-se a uma queda do nível de estrogénios

  • após a realização de uma cirurgia aos ovários;
  • durante a realização de tratamentos contra o cancro (por exemplo, quimioterapia);
  • após o parto; 
  • durante a amamentação;
  • causas não hormonais, como algumas doenças (depressão, diabetes e síndrome de Sjögren) e toma de determinados medicamentos anti-histamínicos e antidepressivos.

Sintomas de secura vaginal

A secura vaginal pode afetar negativamente a qualidade da vida sexual feminina, uma vez que causa dor e desconforto durante a relação sexual. Por vezes, pode até verificar-se ocorrência de uma hemorragia. Isto acontece como resultado de um maior atrito e fricção inerentes à falta de lubrificação vaginal natural adequada.

A secura vaginal também pode causar outros sintomas.

  • Dor e irritação vulvar (zona externa da vagina). A secura vaginal nem sempre está limitada apenas ao interior do canal vaginal. Níveis baixos de estrogénios significam uma menor humidade natural vaginal, o que, por sua vez, pode traduzir-se numa maior secura e irritação vulvares. É por isso que muitas mulheres que sofrem com secura vaginal também experienciam dor, sensação de queimação e/ou prurido na vulva, sobretudo ao vestir roupas íntimas.
  • Maior frequência de queixas urinárias, por exemplo, urinar mais vezes que o habitual.
  • Maior risco de infeções genitais, vaginais ou urinárias.
  • Inflamação dos tecidos genitais – desvios da flora habitual e corrimentos anómalos.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de secura vaginal geralmente tem por base o historial médico e a realização de um exame físico. Para identificar a causa, o médico ginecologista poderá, por exemplo, realizar um exame pélvico, solicitar análises sanguíneas para verificar os níveis hormonais e testar amostras do corrimento vaginal para descartar outras possíveis causas ou infeções subjacentes.

Para tratar a secura vaginal, há várias possibilidades de tratamento. A escolha da abordagem mais adequada depende da origem do problema, da sua gravidade, da idade e também das preferências de cada mulher. Deve ser feita mediante aconselhamento de um profissional de saúde.

Produtos de venda livre

Os tratamentos de primeira linha são os lubrificantes e os hidratantes vaginais.

Os lubrificantes íntimos procuram mimetizar a lubrificação natural e diminuem a fricção e irritação, proporcionando alívio temporário da dor e desconforto que podem ocorrer durante as relações sexuais. Nesse sentido, devem ser utilizados imediatamente antes da relação sexual. Podem ser formulados à base de água, silicone ou óleo (estes últimos podem causar rotura de preservativos e diafragmas de látex). Os produtos à base de água parecem ser os mais benéficos e aceitáveis, com menores efeitos adversos.

Os hidratantes vaginais ajudam a reter a água – aderem à superfície do epitélio vaginal, à semelhança das secreções naturais –, devendo ser aplicados regularmente, geralmente, uma ou duas vezes por semana. Proporcionam um alívio duradouro.

Terapêutica farmacológica

São vários os medicamentos que podem ser usados, sob prescrição médica e respeitando sempre as doses e os intervalos do tratamento. Destacam-se os estrogénios vaginais, formulados sob a forma de comprimidos vaginais, óvulos, cremes, gel e anéis vaginais. Utilizam-se em caso de sintomas persistentes, se os produtos de venda livre forem ineficazes e não existirem contraindicações.  

Medidas não-farmacológicas

Devem evitar-se banhos de imersão com espumas e o uso de sabonetes e loções perfumadas que possam ser irritantes e secar ainda mais a pele.

Quando falar com o médico

A secura vaginal, por norma, não é sinal de uma condição médica grave, mas pode impactar bastante a qualidade de vida e os relacionamentos das mulheres afetadas.

É fundamental procurar cuidado médico sempre que a secura vaginal interfira com as atividades diárias, afete a vida sexual e/ou o relacionamento com o parceiro, não melhore com as opções de venda livre, exista um agravamento dos sintomas experienciados e surja acompanhada de outros sinais e sintomas ginecológicos, como corrimento anómalo, sangramento vaginal após relação sexual ou entre menstruações.  

Conversar com um profissional de saúde sobre a secura vaginal pode parecer constrangedor, mas é importante. Não se esqueça de que este é um problema comum e que existem várias opções de tratamento disponíveis e eficazes. Use algumas dicas para tornar a conversa mais fácil.

  • Faça uma lista do que deseja discutir.
  • Comece por abordar as perguntas mais importantes ou difíceis primeiro.
  • Anote o que o médico disser.
  • Peça esclarecimentos adicionais se não entender algo.
  • Se os exames ginecológicos forem mais difíceis de realizar do que o habitual, fale com o médico sobre os seus sintomas e peça orientações adicionais.

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