Seguros de saúde dão pouco valor ao bem-estar mental
Apesar de uma ligeira melhoria, a cobertura de cuidados de saúde mental continua limitada. Apenas a Asisa, a MGEN e a Multicare disponibilizam apólices sem restrições no número de consultas de psiquiatria, até esgotar o capital anual de ambulatório. A psicologia está menos representada.
- Especialista
- Sandra Justino
- Herausgeber
- Fátima Ramos
Durante muito tempo, a saúde mental foi considerada o parente pobre do Serviço Nacional de Saúde (SNS) – ou o mais pobre, já que não se lhe conhecem ricos –, devido ao fraco investimento nela feito. Nos últimos anos, a situação melhorou ligeiramente, mas continua muito longe de satisfazer as necessidades dos portugueses. Face ao panorama, a tendência será pensar que setor privado cobre as falhas e que seguradoras acompanham, com produtos robustos nesta área. Nada mais errado. A DECO PROTESTE estuda seguros de saúde há quase três décadas e desde sempre alertou para a escassez de coberturas ao nível da saúde mental. Com a pandemia, sobretudo, houve algum incremento, mas a maioria das apólices continua em pobreza franciscana.
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Saúde mental: poucas consultas e internamentos
A psiquiatria é a especialidade mais frequentemente coberta pelos seguros de saúde. Contudo, apenas a Multicare, a MGEN e a Asisa comparticipam consultas de psiquiatria, sem limite, até esgotar o capital anual de ambulatório. A Multicare Proteção Vital, a apólice mais completa (e a mais cara), não restringe o número de consultas, tanto daquela especialidade, como de psicologia e de psicanálise, até ao limite de capital da cobertura de ambulatório – noutros produtos, a seguradora impõe um sublimite de 300 euros para a saúde mental. A MGEN e a Asisa, a partir da sexta sessão individual de psiquiatria, e da 12.ª de grupo, exigem um relatório médico a comprovar a necessidade.
Na psicologia, as consultas online da OK! teleseguros e da KeepWells, sem custo associado, são a grande novidade. Não são ideais para acompanhar todos os doentes, até porque exigem equipamentos informáticos e uma boa cobertura de internet, mas podem ajudar em muitas situações, sobretudo, quando não há outro tipo de apoio.
O internamento por doenças do foro psiquiátrico surge nas apólices de apenas seis seguradoras. O mais frequente é comparticiparem, no máximo, 15 dias de internamento por ano. No caso da Multicare, não há limite de tempo, mas de capital: 7500 ou 5500 euros, consoante a apólice.
O que disponibilizam as seguradoras
Mais barato na rede convencionada
Além das coberturas específicas para saúde mental, a maioria das apólices permite o acesso a profissionais da rede convencionada da seguradora. Na NSeguros, está contemplado apenas o acesso a profissionais da rede. Por norma, o valor a pagar depende do acordo entre cada um dos psiquiatras ou psicólogos e a respetiva seguradora. Convém, por isso, consultar a lista de profissionais e respetivos preços. Se, em grandes centros, se conseguem encontrar profissionais convencionados com alguma facilidade, nas zonas mais pequenas e do Interior, pode ser necessário percorrer dezenas de quilómetros. A DECO PROTESTE procurou psicólogos e psiquiatras nas redes Advancecare, Multicare, Future Healthcare e Allianz nos concelhos de Mértola, Abrantes e Freixo de Espada à Cinta e apenas encontrou um psicólogo na rede Médis, em Abrantes. De resto, apenas será possível fazer consulta através de videochamada.
De salientar ainda que algumas seguradoras especificam a assistência de psiquiatria e/ou psicologia para doentes oncológicos. A Allianz e a Tranquilidade referem-na na cobertura de oncologia. A primeira não lhe atribui limites particulares, enquanto a segunda indica seis consultas. A Médis inclui cinco, sendo que, a partir daqui, o paciente paga 10 euros.
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