Xiaomi lança auscultadores interessantes, mas preço ainda pode cair

Sucessores dos Redmi Buds 3 Pro, que foram distinguidos com o título de Escolha Acertada, os Redmi Buds 4 Pro, da Xiaomi, merecem um olhar atento. Destacam-se, desde logo, três características:

• a compatibilidade com o protocolo Bluetooth 5.3, que permite o emparelhamento com dois equipamentos em simultâneo;
• o sistema de redução ativa de ruído adaptativo, em regra, reservado a equipamentos topo de gama;
• e os diafragmas duplos, que promovem a separação entre as tonalidades agudas e as médias e graves.

Mas será que são realmente eficazes?

A DECO PROTESTE levou o novo equipamento da Xiaomi ao laboratório, e descobriu uma qualidade que, não sendo das mais elevadas do teste, está em bom nível, com som equilibrado, construção robusta e algumas funcionalidades práticas. A interessante relação entre os resultados alcançados e um preço que começa nos 65 euros justificam a recomendação de compra. Mas existem modelos que garantem igual desempenho, a um valor semelhante ou até mais baixo – é o caso dos seus antecessores, os Redmi Buds 3 Pro, e dos Oneplus Buds Z2. Por isso, se o preço dos Xiaomi cair, uma vez que são recentes no mercado, tornar-se-ão ainda mais vantajosos.

Veja todos os resultados do teste deste e de outros equipamentos no comparador de auscultadores da DECO PROTESTE.

Leves e confortáveis para uso prolongado

Disponíveis em duas cores, preta ou branca, os Xiaomi Redmi Buds 4 Pro transmitem qualidade e solidez, comentário extensível à caixa de transporte, que também serve para o carregamento, graças a uma bateria com ligação USB-C. A caixa inclui o típico botão de emparelhamento por bluetooth, junto à porta USB-C. Na app Xiaomi Earbuds, a instalar no telemóvel, é possível consultar a carga da bateria da caixa e a autonomia de cada um dos auriculares.

Irá reparar, contudo, que retirar os auscultadores da caixa é mais complicado do que o normal. As razões estão na força que os prende e no respetivo formato, que dificultam um pouco a tarefa. Se tiver as mãos suadas, então, prepare-se para uma autêntica luta...

A utilização no dia-a-dia é muito confortável, em linha com o que já sucedia com a antecessora versão 3. Realmente leves e confortáveis para um uso prolongado, permitem um encaixe e uma fixação nas orelhas que podem ser considerados razoáveis, o que os torna uma opção para a prática desportiva (por exemplo, corrida). Pode escolher entre vários tamanhos de adaptadores para as orelhas.

Emparelhamento com dois equipamentos é muito prático

A inclusão do Bluetooth 5.3, além de reduzir o consumo, permite a ligação a dois dispositivos em simultâneo. Imagine que está no escritório ou em teletrabalho. Com esta solução, pode ligar os auscultadores ao computador e ao telemóvel ao mesmo tempo.

A alternância entre equipamentos faz-se de forma automática, sem que o utilizador tenha de intervir. Por exemplo, está a ouvir música no telemóvel e surge uma videochamada no computador. Ao atender, a ligação é comutada para o computador, ficando a música imediatamente em pausa.

Cancelamento ativo de ruído adaptativo apenas razoável

Outro destaque destes auscultadores é o sistema de cancelamento ativo de ruído adaptativo. Como o nome sugere, permite a adaptação automática, e em tempo real, da intensidade do cancelamento do ruído. O aparelho escolhe entre três níveis de redução, a partir da análise da frequência e da intensidade do som circundante.

Trata-se, normalmente, de uma funcionalidade reservada a auscultadores de topo, aqui aplicada num dispositivo de preço bem mais moderado. Dito isto, a DECO PROTESTE concluiu que é somente razoável para as diferentes frequências circundantes, identificando algumas situações em que o ajuste automático não funciona assim tão bem.

Som equilibrado, mas abaixo dos melhores

Apesar das funcionalidades com que os fabricantes procuram seduzir, a qualidade do som é o que realmente importa num equipamento de áudio. Como referido, estes Xiaomi contêm, em cada auricular, dois diafragmas separados: um para as tonalidades agudas e outro para a restante gama de frequências (médias e graves). São ainda compatíveis com formatos de áudio de alta resolução, como o LDAC. Tudo somado, percebe-se que foi dispensada atenção à qualidade do som.

O laboratório confirmou isso mesmo. Ainda assim, os Xiaomi Redmi Buds 4 Pro estão alguns furos abaixo dos melhores auscultadores true wireless do teste, como os Apple Airpods 3rd Gen ou os Bose QuiteComfort Earbuds 2. Mas, claro, existe uma diferença de preço assinalável entre estes equipamentos: os da Apple arrancam nos 179 euros e os da Bose, nos 258 euros. Ainda assim, tendo em conta o preço a começar nos 65 euros, o som proporcionado pelos Xiaomi é bastante interessante. Vamos aos detalhes.

A parte vocal é bem definida, clara e percetível. O som está bem equilibrado, embora vários membros do painel de utilizadores, a que a DECO PROTESTE recorre em testes de áudio, tenham identificado uma certa ausência de graves, mais evidente na reprodução de música rock. Notaram ainda alguma falta de impacto, que, contudo, não prejudica a impressão geral deixada pelo som, definido como agradável.

Por sua vez, a funcionalidade de som imersivo, reservada a filmes ou a apps de música compatíveis, não convenceu inteiramente os técnicos da DECO PROTESTE. Ainda assim, reconhecem que pode ser uma possibilidade interessante, para usar de vez em quando.

O que também agradou, sem deslumbrar, foi a qualidade do microfone. Nas chamadas telefónicas (ou videoconferências) em ambiente silencioso, a voz é capturada de forma muito nítida. Mas, num local mais barulhento, são também capturados ruídos parasitas, o que, por vezes, confere à voz uma aparência robotizada. Podem ainda surgir distorções e flutuações do nível do som. Apesar de tudo, com alguns compromissos, é possível efetuar chamadas de áudio em locais mais ruidosos.

Autonomia de cinco horas a reproduzir música

A autonomia é apenas razoável. O tempo de carga também é mais lento do que noutros aparelhos. A reproduzir música, a bateria aguenta cerca de cinco horas. Mas há um extra: a bateria integrada na caixa de transporte permite fazer três cargas completas. Ou seja, conseguem-se mais de 15 horas de reprodução de música, com o cancelamento de ruído ligado.

Após 15 minutos de carga, a autonomia é um pouco superior a três horas, o que é satisfatório. Já para carregar completamente a caixa de transporte, prepare-se para umas duas horas e meia de espera.