Telemóveis: reconhecimento facial é seguro?
Um simples olhar do utilizador para o ecrã é suficiente para desbloquear smartphones com reconhecimento facial. Um teste a 165 aparelhos provou que nem todos são de confiança.
- Especialista
- João Miguens e Sérgio Teixeira
- Editor
- Isabel Vasconcelos
![Telemóvel a fazer reconhecimento facial](https://www.deco.proteste.pt/-/media/edideco/images/home/tecnologia/telemoveis/news/2024/reconhecimento%20facial%20telemovel/reconhecimento-facial-telemovel.jpg?rev=84f146e2-3dec-474b-bc1b-fe5dd5e94622&mw=660&hash=9418AEFB1DF0D04CF29A867ACACBCC25)
Por uma questão de segurança, os smartphones não devem estar desbloqueados, sob pena de qualquer pessoa que agarre no aparelho conseguir aceder à informação que dele consta. Para bloquear o equipamento, pode optar entre um código numérico (PIN), um padrão, uma palavra-passe ou dados biométricos: impressão digital ou reconhecimento facial.
Ver seleção de telemóveis com reconhecimento facial seguro
Desbloquear o telemóvel apenas ao olhar para ele leva muitos utilizadores a optar pelo reconhecimento facial. Mas será seguro? A DECO PROteste analisou 165 modelos com reconhecimento facial, e 42 foram desbloqueados com uma simples fotografia. Neste grupo, encontram-se tanto aparelhos baratos como alguns topo de gama.
Duas tecnologias diferentes
Reconhecimento facial, desbloqueio facial ou face ID é a função que permite desbloquear o telemóvel, iniciar sessão em aplicações ou autenticar compras com um simples olhar. Trata-se de uma tecnologia de autenticação biométrica que, como a impressão digital e a leitura da íris, usa características físicas únicas dos utilizadores para os identificar e conceder acesso. Prática de usar, está presente em muitos modelos.
A tecnologia usada para o reconhecimento facial não é igual em todos os telemóveis. Os que optam pela tecnologia 2D (bidimensional) criam uma imagem plana do rosto e mapeiam "pontos nodais", como o tamanho e formato dos olhos, nariz ou maçãs do rosto. São utilizados uma câmara e um emissor de infravermelhos para captar a imagem do utilizador e armazená-la como referência. Para desbloquear, o dispositivo analisa o rosto e compara-o com a imagem 2D armazenada. Já outros aparelhos usam tecnologia 3D (tridimensional). Esta faz uma digitalização de profundidade por infravermelhos, que, ao projetar dezenas de milhares de pontos, cria uma imagem em 3D do rosto do utilizador. Quanto maior for o número de pontos, mais seguro é o sistema.
O reconhecimento facial feito por sensores de imagem 2D é um pouco mais rápido do que o 3D, mas é menos seguro. Afinal, pode ser enganado por uma fotografia impressa ou um vídeo, como prova o teste.
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Para testar a segurança do reconhecimento facial, a DECO PROteste registou um rosto em 165 smartphones com a funcionalidade, e usou uma fotografia 2D, em vez do utilizador em carne e osso, para verificar se desbloqueava o aparelho. Acabou por acontecer com 42 modelos (25%), com maior ou menor dificuldade. Este grupo, com alguns aparelhos de preço elevado, é composto por marcas como Xiaomi, com 17 modelos; Oppo, com oito; Realme, Oneplus e Nokia, com três aparelhos cada; Poco e Samsung, com dois modelos cada; e um modelo para Motorola, Vivo, Honor e Fairphone.
A quantidade de telemóveis que reprovaram no teste é preocupante. Num mundo em que os sistemas de segurança cada vez mais dependem da biometria e do reconhecimento facial, as tecnologias dos modelos em causa já não estão à altura da tarefa.
Opte por outras soluções
Se tem algum dos 42 equipamentos que falharam, use outra solução para desbloquear o equipamento. Um código numérico (PIN) com, pelo menos, seis dígitos, uma palavra-passe que inclua uma combinação de diferentes tipos de carateres ou o reconhecimento por impressão digital são mais seguros.
Convém proteger as aplicações com informações sensíveis, como o homebanking. Para tal, é importante terminar sempre a sessão quando não forem usadas e optar por PIN, palavra-passe ou bloqueio biométrico seguro, para as abrir. Trata-se de um nível adicional de segurança que acautela falhas de segurança.