Suplementos alimentares de imunidade têm aditivos e doses em excesso
Sabia que também os suplementos contêm aditivos? E que alguns vitamínicos fornecem doses acima do valor diário de referência? Se seguir uma alimentação variada e equilibrada, a suplementação não é necessária. Conheça, ainda, as exigências da DECO PROteste em relação aos suplementos à base de plantas.
- Especialista
- Sofia Mendonça
- Editor
- Rita Santos Ferreira e Alda Mota
![Taça com comprimidos naturais](https://www.deco.proteste.pt/-/media/edideco/images/home/alimentacao/produtos-alimentares/news/2023/suplementos%20imunidade/suplementos-imunidade.jpg?rev=307bd322-6bf4-4f10-a139-4514f27c2c35&mw=660&hash=2EFF4514BB49040D21881FA8DE126846)
As principais preocupações associadas à utilização de suplementos são a segurança e a qualidade. O aumento da procura de suplementos deve-se, em grande parte, à preocupação dos consumidores com a saúde e o bem-estar, à maior facilidade de acesso a estes produtos e à perceção de que podem ter o mesmo objetivo que os medicamentos, mas com menor risco de efeitos secundários, pois têm, por exemplo, plantas na sua composição. Mas ser aparentemente natural não equivale a ser seguro.
A DECO PROteste procurou no mercado suplementos alimentares com alegações referentes à imunidade e analisou a sua rotulagem. Consultou a lista de ingredientes, bem como as quantidades que continham de vitaminas e minerais. Depois, comparou, quando aplicável, com a dose diária de referência e o limite superior de ingestão tolerável indicado pela EFSA — o valor mais alto de ingestão diária continuada que, aparentemente, não tem nenhum efeito adverso para a saúde. A DECO PROteste apresenta, assim, exemplos de suplementos com plantas, probióticos e outras substâncias, com aditivos duvidosos e com quantidades de vitaminas e minerais acima das doses diárias de referência e, quando possível, perto ou acima do limite máximo de ingestão tolerável da EFSA.
Falta legislação nas plantas
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Assim, a falta de legislação sobre alegações de saúde e nutrição nos suplementos alimentares à base de plantas e outras substâncias é prejudicial e induz os consumidores em erro.
Há aditivos nos suplementos
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A DECO PROteste analisou a lista de ingredientes de alguns suplementos e encontrou vários exemplos com aditivos duvidosos: óxidos e hidróxidos de ferro (E 172), dióxido de titânio (E 171), dióxido de silício (E 551), silicato de magnésio (E 553a) e edulcorantes, tais como aspartame (E 951) e acessulfame K (E 950).
Desta forma, ao comprarmos suplementos alimentares, nem sempre temos em conta que estes produtos também contêm aditivos. Se alguns aditivos não representam risco para a saúde, há outros que não são recomendados. Leia sempre a lista de ingredientes e evite suplementos que contenham aditivos duvidosos. À semelhança do que se aconselha para os alimentos, opte por suplementos com menor quantidade de aditivos.
Vitamina D em doses excessivas
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Em Portugal, as doses diárias de referência para esta vitamina são de 5 microgramas, tendo em conta a legislação de informação ao consumidor. No entanto, existem vários suplementos à base de vitamina D com diferentes teores. A DECO PROteste encontrou no mercado suplementos que fornecem quantidades de vitamina D muito superiores aos valores de referência, e até ligeiramente acima dos limites superiores toleráveis de ingestão definidos pela EFSA: 100 microgramas.
Os exemplos recolhidos são meramente ilustrativos, podendo haver outras marcas com doses semelhantes ou até menores. Mas o que é certo é que a DECO PROteste encontrou suplementos que contêm, numa dose, quantidades que atingem ou ultrapassam o limite máximo de ingestão tolerável diário definido pela EFSA.
Mesma quantidade, mas tomas diferentes
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Não se compreende que alguns fabricantes preconizem diferentes formas de toma para suplementos com as mesmas quantidades de nutrientes.
Não há limites para a vitamina C
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No mercado, a DECO PROteste encontrou suplementos de vitamina C com 1000 miligramas, ou seja, 15 vezes mais do que a dose diária de referência.
Desta forma, em pacientes com histórico de cálculos renais ou com insuficiência renal ou, ainda, em doentes que foram submetidos a quimioterapia, os suplementos de vitamina C podem ter efeitos nefastos. Antes de tomar qualquer suplemento, deve consultar o médico.
Para que servem os suplementos e quais os riscos associados?
Uma alimentação saudável, em situações normais, fornece todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento e à manutenção da saúde. Por exemplo, se comer uma laranja ou dois quivis, consegue atingir a dose diária de referência de vitamina C. Para prevenir a deficiência de vitamina D, apanhe luz solar duas vezes por semana, entre cinco e 30 minutos, expondo, de preferência, os braços e as pernas. Já 100 gramas de carne de vaca magra cozida garantem 87% do zinco necessário ao organismo. Porém, há grupos da população (grávidas e idosos) para os quais o recurso a suplementos alimentares, por indicação médica, se pode justificar.
O consumo destes produtos não é isento de riscos. Se ultrapassadas as doses recomendadas, em vez de benéficos, podem tornar-se nefastos. Por outro lado, frequentemente, contêm substâncias para as quais não existem estudos científicos robustos que comprovem efeitos quanto à imunidade. Além disso, dependendo dos produtos, a toma simultânea de suplementos com medicamentos, ou até de diferentes suplementos, pode causar sobredosagem ou interações potencialmente perigosas.
Saiba que existem alternativas à toma de suplementos alimentares para manter o bom funcionamento do sistema imunitário: fazer uma alimentação variada e equilibrada, praticar exercício físico, dormir o suficiente e evitar comportamentos de risco, como fumar e ingerir álcool em excesso. Os suplementos alimentares não são medicamentos. Mesmo assim, pelas razões indicadas, não os tome sem consultar um profissional de saúde, e leia sempre a lista de ingredientes.
Os suplementos são géneros alimentícios que se destinam a complementar a dieta normal. São fontes concentradas de nutrientes ou de outras substâncias (produtos à base de plantas ou própolis, por exemplo), comercializadas de forma doseada (cápsulas, pastilhas, comprimidos, etc.), em unidades reduzidas (25 g/ml). Não podem alegar propriedades como prevenir ou tratar doenças — função que cabe aos medicamentos. Mas podem ser vendidos em farmácias, e em parafarmácias ou supermercados, por exemplo.
Quanto a alegações de saúde sobre imunidade, principalmente sobre o contributo para o normal funcionamento do sistema imunitário, saiba que é possível utilizá-las nestes suplementos. Porém, apenas as alegações para algumas vitaminas e minerais estão autorizadas pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). Já a avaliação das alegações referentes a plantas encontra-se suspensa.
Consumidores exigem mais proteção
Os suplementos só têm de indicar as substâncias que os compõem, as quantidades e a toma diária recomendada. Porém, deveriam incluir informação acerca de possíveis efeitos secundários, nomeadamente quando consumidos em combinação com medicamentos, alimentos ou outros suplementos. Não há razão para não informarem os consumidores, tal como acontece com os medicamentos. Nem que, para isso, seja necessário outro enquadramento, com vista a garantir a mesma proteção aos consumidores.
Caso sofra alguma reação adversa, deve notificar a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), através do formulário para esse efeito, disponível no site. Deveria ser também criado um sistema de monitorização e comunicação dos efeitos secundários dos suplementos alimentares ao nível europeu. Mais informação tornará o uso dos suplementos mais seguro para os cidadãos da União Europeia.
Uma das grandes lacunas legais é a que se refere aos suplementos à base de plantas e outras substâncias. Não há alegações de saúde autorizadas, e a avaliação encontra-se suspensa há mais de dez anos. É indiscutível a necessidade de desbloquear o processo de avaliação das alegações de saúde referentes a estas substâncias.
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