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“Há muitas pobrezas dentro da pobreza energética”

A mais evidente é a privação monetária, mas a pobreza energética não afeta apenas os mais pobres. Grande parte da classe média vive com desconforto térmico em casa. As causas e como inverter este ciclo no novo episódio do podcast POD Pensar.

22 dezembro 2021
POD Pensar DECO PROTESTE

Na generalidade dos países da União Europeia, a maioria das casas estão equipadas com sistemas de aquecimento central. Em Portugal, segundo o Eurostat, apenas cerca de 13% das habitações possuem sistemas deste tipo. Mas Portugal, país de sol e de um clima amigo do corpo, é dos países europeus onde mais frio se passa dentro de casa. Pior: é um dos países da União Europeia com maior excesso de mortalidade no inverno. Estamos perante o paradoxo dos paradoxos? 

Traçámos o diagnóstico do País, apontando também soluções, no quinto episódio do POD Pensar, Ideias para consumir, podcast da DECO PROTESTE.

Para Ana Horta, investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, onde faz parte do grupo de investigação Ambiente, Território e Sociedade e também do Observa - Observatório de Ambiente e Sociedade, o problema antigo radica, em grande parte, no modelo de urbanização acelerada dos anos 80 do século passado. A grande procura de habitação nas cidades e nas suas periferias levou à construção de um edificado de fraca qualidade, sobretudo no que às questões térmicas diz respeito.

Essa falta de qualidade resultou, ao nível cultural, numa espécie de primado da conservação do calor corporal, em casa, em vez do aquecimento do ambiente. "Há uma cultura de desvalorização do frio", critica Ana Horta.

Segundo João Pedro Gouveia, doutorado em alterações climáticas e políticas de desenvolvimento sustentável, e investigador em clima e energia na NOVA School of Science and Technology, a quem chegam relatos de “crianças em Portugal que vão de robe para a escola”, por causa do frio, dois a três milhões de portugueses estarão em situação de pobreza energética. São mais dos que vivem abaixo ou no limiar da pobreza. Um número muito mais elevado, 80% ou 90% dos portugueses, vivem com desconforto térmico nas suas casas.

O problema é multidimensional, sustenta o investigador: há a componente do rendimento familiar, mais alto ou mais baixo, o preço da energia, o nível de eficiência energética das habitações e os equipamentos utilizados pelas pessoas para se aquecerem.

Aquecedores portáteis em casa gastam 400 euros por ano

Os aparelhos individuais e portáteis, como os termoventiladores, são dos mais frequentes (70% dos portugueses possuem-nos), mas também dos mais ineficientes, avança Pedro Silva, analista de mercado da DECO PROTESTE, especialista no setor energético. “A média é de 1,6 aparelhos deste tipo por casa”, afirma. O peso destes equipamentos na fatura de eletricidade por ano pode chegar aos 400 euros. 

Melhorar a eficiência energética das casas

Idealmente, os aparelhos de aquecimento portáteis devem ser usados pontualmente, não em contínuo. O consumo, quando estão ligados horas a fio (comum em casas sem alternativas mais eficientes de aquecimento), aponta Pedro Silva, é muito elevado, na ordem dos 2000 watts, e pouco eficiente. “É como pôr água a correr num balde furado.”

Há formas de ter uma casa mais eficiente em termos energéticos. Mas é preciso fazer contas ao investimento inicial e ao ganho futuro.

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