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Sífilis: o que é, sintomas e tratamento

O diagnóstico da sífilis é simples e a doença é curável, mas pode provocar complicações graves se não for tratada a tempo. Saiba quais são os sintomas e como se pode proteger.

18 abril 2024
Tubo com sangue para análise à sífilis

iStock

Entre 2021 e 2022, os casos de sífilis notificados em Portugal aumentaram de 1144 para 1534. Os dados do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) mostram que Portugal se encontra na sexta posição, entre os 29 países analisados, com mais casos de sífilis.

O que é a sífilis e como se transmite?

A sífilis é uma infeção causada por uma bactéria (Treponema pallidum).

A infeção transmite-se principalmente por relações sexuais desprotegidas (quer se trate de sexo vaginal, anal ou oral). A bactéria espalha-se a partir de úlcera (uma “ferida”) da pessoa infetada, para a pele ou mucosas da área genital, boca ou ânus da pessoa não infetada.

Além disso, uma mulher grávida pode transmitir a doença ao feto, o que pode resultar em aborto, parto prematuro ou doença grave do recém-nascido (sífilis congénita).

Quais os sintomas?

Muitas pessoas com sífilis não apresentam sintomas. Contudo, se não for tratada, a infeção pode durar muitos anos.

A evolução da doença divide-se em quatro fases.

  1. Sífilis primária. O primeiro sintoma é uma úlcera que pode surgir entre três dias a três meses após o contacto com a pessoa infetada (a média ronda os 21 dias). Esta úlcera não é dolorosa e pode aparecer dentro do corpo, pelo que a pessoa pode não reparar que ficou infetada. Esta úlcera, geralmente, localiza-se no pénis, na vulva, na vagina, no ânus ou nos lábios ou língua. Cicatriza em semanas, mesmo que a pessoa não se trate. A infeção permanece no organismo e pode ser transmitida aos parceiros sexuais. Sem tratamento não há cura, e a doença irá progredir para a próxima fase.
  2. Sífilis secundária. Entre algumas semanas e alguns meses depois do aparecimento da úlcera, podem surgir lesões na pele. Estas podem localizar-se em todo o corpo ou só em algumas partes, mas surgem quase sempre nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Além destas lesões, as pessoas infetadas podem queixar-se de febre, fadiga, queda de cabelo, rouquidão e gânglios aumentados. Estes sintomas, geralmente, duram algumas semanas e depois desaparecem, mesmo sem tratamento.
  3. Sífilis latente. Nesta fase (que pode demorar anos), a pessoa não tem sintomas e a sífilis já não é contagiosa. Se não for tratada, a doença irá progredir para a sua última fase.
  4. Sífilis tardia ou terciária. Nesta fase da doença pode existir envolvimento visceral e de múltiplos órgãos (coração, cérebro, etc.), incluindo lesões vasculares e neurológicas graves.

Se tiver sintomas, deve procurar o seu médico assistente. À partida, o médico irá propor a realização de testes de diagnóstico e efetuar um plano de tratamento ou referenciá-lo para uma consulta especializada.

Se não apresentar sintomas, mas tiver havido contacto sexual com alguém diagnosticado ou com suspeita de sífilis, deve procurar ajuda médica para fazer rastreios e, caso necessário, receber tratamento.

O que pode acontecer se a sífilis não for tratada?

Uma pessoa infetada que não foi tratada pode transmitir a doença a outras pessoas durante as duas primeiras fases da doença, que duram geralmente um a dois anos. Nas fases tardias (e com mais de dois anos de duração), a sífilis, embora não seja contagiosa, pode causar problemas de saúde graves, como problemas cardíacos ou neurológicos.

Além disso, a sífilis aumenta em aproximadamente duas vezes o risco de contrair a infeção pelo VIH, assim como de outras infeções sexualmente transmissíveis, como gonorreia, clamídia, herpes genital, entre outras.

Como se faz o diagnóstico e como se trata esta infeção?

Para diagnosticar a sífilis, o médico utiliza, habitualmente em conjunto, três métodos:

  • reconhecer os sinais e sintomas;
  • exames laboratoriais (análises de sangue);
  • identificação da bactéria ao microscópio.

A sífilis é tratada com antibiótico (em geral injeções de penicilina), e a dose depende da situação da pessoa e da fase da doença em que esta se encontra.

As pessoas que são tratadas para a sífilis devem abster-se de relações sexuais durante o período indicado pelo médico e devem informar os parceiros sexuais para que estes possam fazer rastreios e, caso seja necessário, receber também tratamento adequado.

É importante não esquecer que o período de contágio é longo (mais ou menos dois anos), pelo que devem ser referenciados os parceiros sexuais anteriores e não apenas os atuais.

Após o tratamento, o doente deve comparecer às consultas de controlo, pois é necessário repetir as análises para avaliação da resposta da infeção à terapêutica.

Importa também ter em conta que, se já teve sífilis, pode voltar a ter a infeção. A existência de novos contactos sexuais com portadores de infeção ativa pode originar uma segunda infeção. Por isso, é importante manter uma atividade sexual consciente e com uso de medidas de proteção individual de forma a minimizar os riscos de um novo contágio.

Como prevenir a sífilis?

Não existem até à data vacinas que protejam contra esta doença. O uso de contracetivos orais não tem qualquer utilidade na prevenção da sífilis, e a forma mais eficaz de prevenir a infeção é a prática de relações sexuais seguras. Use sempre preservativo.

Além disso, deve ter em atenção que a prática de atividade sexual com múltiplos parceiros, sob o efeito de álcool ou drogas ou sem uso de medidas de proteção são fatores de risco que aumentam muito a probabilidade de contágio desta doença, assim como de outras doenças sexualmente transmissíveis.

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