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MG4 Electric: carro elétrico da China de boa qualidade desde 27 mil euros

Entre os automóveis elétricos compactos, não há solução melhor, mais barata e tão completa. O MG4 Electric é o carro mais recente da China a chegar a Portugal. Bem equipada e com autonomia razoável, a versão Standard custa 27 mil euros e tem argumentos para mudar a cor das estradas nacionais. Revelou um bom desempenho nas provas de laboratório e impressionou nos 2500 quilómetros de condução.

29 abril 2024
MG4 cor de laranja, na estrada

Hoje, o fabricante automóvel MG não tem quase nada que ver com a tradicional marca inglesa. Os direitos do nome foram para proprietários chineses, que há vários anos se preparam para se tornarem um sério rival de marcas com mais história na Europa. Tentam marcar pontos com carros elétricos, embora o portfólio inclua híbridos plug-in, modelos de combustão pura e, no futuro, um híbrido completo.

Poupe com a seleção de carros elétricos e híbridos plug-in

O MG4 Electric é um dos automóveis compactos da marca, disponível em cinco níveis de desempenho, com tração traseira ou integral e com uma bateria grande para uma autonomia superior a 500 quilómetros. O MG4 Electric foi testado na versão Luxury com bateria de 64 kWh e tração traseira.

Mais barato do que os rivais, o MG4 Electric convence nas provas de estrada. 
Mais barato do que os rivais, o MG4 Electric convence nas provas de estrada.

Com bateria de 51 kWh, tração traseira e jantes de 17 polegadas, a versão MG4 Standard começa nos 27 057 euros. Com a bateria de 64 kWh e maior autonomia, a versão Comfort arranca nos 32 407 euros. A versão Luxury eleva a fatura para 34 407 euros. Distingue-se por incluir o aileron traseiro duplo, bomba de calor, câmara com vista 360º e jantes de 18 polegadas. Com uma bateria superior de 77 kWh, a versão MG4 Luxury Long Range custa 37 907 euros. A MG disponibiliza ainda a versão XPower com tração integral, dois motores elétricos e potência combinada de 435 cavalos: dispara a fatura para 39 mil euros.

Prós do MG4 Electric Luxury

  • Condução muito confortável.
  • Direção rápida e bom desempenho global.
  • Equipamento de série amplo e completo.
  • Autonomia útil elevada e velocidade de carregamento.

Contras do MG4 Electric Luxury

  • Ar condicionado automático com falhas e sem saídas de ar atrás.
  • Alguns sistemas de apoio mal ajustados.
  • Qualidade medíocre de alguns materiais.
  • Bagageira com capacidade abaixo do segmento.
MG4 Electric com bons argumentos para ser um campeão de vendas. 
MG4 Electric com bons argumentos para ser um campeão de vendas.

O MG4 revela desempenho mais do que adequado, um chassi bastante confortável e uma boa autonomia real de 390 quilómetros, desde que não abuse da velocidade.

A MG não acertou o sistema automático de controlo de temperatura durante mais de um ano. Alguns assistentes, como o reconhecimento de sinais de trânsito, o sistema de alerta de saída de faixa ou o controlo de cruzeiro adaptativo também não convencem – alguns não funcionam ou ganham vida própria, o que pode ser perigoso. Mantêm o condutor alerta, mas a MG deve fazer melhorias urgentes. 

O preço de base é muito atrativo, mas espera-se um equipamento com um funcionamento impecável. Entre os rivais, destacam-se Renault Mégane E-Tech Electric, Opel Astra Eletric, Volkswagen ID.3, Cupra Born, Hyundai Kauai Electric, KIA Niro EV e Peugeot e-308.

No teste, o MG4 Luxury consome, em média, 18,3 kWh por cada 100 quilómetros. 
No teste, o MG4 Luxury consome, em média, 18,3 kWh por cada 100 quilómetros.

MG4 com utilização diária sem qualquer stresse

O MG4 exibe bons acabamentos e peças bem encaixadas. O interior agrada pela simplicidade e pelo design limpo e organizado, mas não esconde alguns materiais de menor qualidade. A parte superior do painel mostra um acabamento fino com superfícies macias.

O construtor chinês fez um trabalho exemplar a revestir a parte inferior da carroçaria, otimizada do ponto de vista aerodinâmico e bem protegida. Já o capô é levantado com dificuldade e fixado com uma haste (os amortecedores seriam muito mais práticos). Sob o capô, não há espaço de armazenamento. A MG não aproveita todo o potencial de um carro 100% elétrico.

Os 4,29 metros de comprimento e 2,05 metros de largura (incluindo espelhos laterais) e o prático diâmetro de viragem medido de 10,9 metros fazem do MG4 um carro adequado para enfrentar a cidade. O equipamento de série inclui apenas um cabo de carregamento do tipo 2 para wallbox ou postos de carregamento da rede.

Carregar a bateria de 10% a 80% em 26 minutos em postos rápidos

A bateria de 64 kWh da versão Luxury do MG4 demora 30 horas a carregar em tomada de 230 V. Com uma wallbox adequada, precisa de seis horas e meia (a 11 kW) a nove horas e meia (a 7,2 kW) com corrente alternada. Em corrente contínua é muito mais rápido: em apenas 26 minutos carrega a bateria de 10% a 80% se utilizar um posto com 150 kW de potência.

Com a bateria completa, o MG4 tem autonomia para viajar uns bons 390 quilómetros, uma marca notável. Só pode alcançar este valor com um estilo de condução moderado. Se a proporção em autoestrada for superior ou a temperatura for mais fria, a autonomia é muito reduzida. Autonomias de 400 quilómetros também são possíveis se conduzir fora da cidade (até 100 km/h) e sem ar condicionado.

MG4 consome 13,7 kWh em cidade

Nos testes de consumo ao MG4 Luxury, foi calculado um gasto médio de energia de 18,3 kWh por cada 100 quilómetros. Nos percursos pela cidade, o MG4 brilha ao consumir apenas 13,7 kWh; fora das zonas urbanas gasta 19,6 kWh e em autoestrada marca 21,3 kWh/100 quilómetros.

Operações com apoio de dois ecrãs

A roda central para selecionar a direção, na posição neutra ou de estacionamento, é fácil de usar e intuitiva. O sistema é ativado de modo automático assim que entra no carro e pressiona o pedal do travão. Um botão clássico para iniciar seria uma escolha mais prática.

O painel de instrumentos é um monitor de 7 polegadas à frente do volante com todas as informações sem qualquer exibição analógica. À primeira vista é sobrecarregado, mas exibe dados úteis. O ecrã tátil central de 10,25 polegadas é dedicado ao sistema de infoentretenimento. No MG4 ainda vai encontrar botões físicos autónomos para o volume e outras funções.

Por vezes, o sistema multimédia responde com lentidão. A estrutura dos menus é confusa, e algumas funções não são imediatas. Vai precisar de algum tempo até se habituar. Ao nível multimédia, a MG começou por anunciar atualizações over-the-air, mas na verdade os consumidores precisam de ir à oficina para obter atualizações de software.

A MG pode simplificar as operações e melhorar a visibilidade. 
A MG pode simplificar as operações e melhorar a visibilidade. 

Espaçoso e com interior agradável

O espaço à frente é bom, mas não tão generoso como o de alguns rivais. Motivo: os bancos dianteiros têm um ajuste longitudinal menos amplo. Ainda assim, não faltará espaço de pernas para utilizadores com até 1,90 metros. Em altura tem espaço suficiente para ocupantes até 2,10 metros de altura.

A marca privilegiou o espaço atrás, onde não falta largura adequada na perfeição para dois passageiros lado a lado. No banco central, não há grandes razões de queixa.

Três factos que impressionam no MG4

A suspensão do MG4 conta apenas com uma configuração com amortecedores convencionais. O resultado é bastante aceitável em áreas urbanas, mas em estradas piores qualquer pequena lomba, buraco ou tampa de esgoto afundada são mais notados.

1. Diversão ao volante

A suspensão responde melhor à medida que a velocidade aumenta. Os solavancos são bem absorvidos e os movimentos permanecem dentro do limite confortável. Em autoestrada, faz longas distâncias de forma descontraída. No geral, o MG4 oferece uma configuração de suspensão adequada.

A versão testada conta com uma potência equivalente de 204 cavalos. Apesar do elevado peso do carro (1,7 toneladas), o desempenho do motor é mais do que suficiente. Impõe-se em ritmos mais elevados. As manobras de ultrapassagem são rápidas, com a aceleração de 60 km/h a 100 km/h em 4,8 segundos e de 80 km/h a 120 km/h em 5,1 segundos. A velocidade máxima do MG4 está limitada a 160 km/h.

O arranque dá nas vistas, o motor distribui a potência de modo uniforme e só diminui em rotações altas na autoestrada. O MG4 tem quatro níveis de recuperação que pode definir através do menu de infoentretenimento ou de um botão no volante. O nível mais alto quase permite a condução só com um pedal.

2. Condução exemplar

Os engenheiros fizeram um ótimo trabalho no ajuste do chassi e da direção do MG4. Permanece seguro na estrada e não treme em curvas fechadas ou manobras evasivas. A estabilidade da direção é impecável. Graças à tração traseira, quase não há patinagem das rodas ao acelerar e, se houver, o controle de tração resolve.

Com bom desempenho a desviar-se de obstáculos em velocidade, o MG4 é fácil de controlar e responde bem aos comandos de direção. Sobrevira ligeiramente de início, mas contém-se em tempo útil. A dinâmica de condução do MG4 convence, e a ligeira tendência para sobrevirar e o uso posterior do ESP resultam numa traseira algo "solta", que permite uma condução divertida, sem beliscar a segurança do carro. Apesar do peso, o MG4 é bastante dinâmico, proporciona uma boa sensação de controlo e permite fazer pequenas correções de direção.

3. Excelente a travar

A adaptação à travagem é rápida. A resposta dos travões é boa e adequada para o uso diário. Quando moderada, é controlada pelo motor elétrico, que funciona como gerador. Se tiver de imobilizar o MG4 o mais rápido possível a partir de uma velocidade de 100 km/h, o carro precisará, em média, de 33,9 metros, um resultado muito bom.

Três pontos a melhorar no MG4

O MG4 é um automóvel seguro, mas pode melhorar algumas tecnologias. Com cinco estrelas nos testes de colisão do Euro NCAP, o MG4 não poupou em segurança. Mas o funcionamento pode ser otimizado. Por exemplo, o reconhecimento de sinais de trânsito não funcionou em grande parte do teste e, por vezes, o painel não mostrava a velocidade-limite ou exibia limites de forma arbitrária. O controlo de cruzeiro adaptativo também acusou algumas inconsistências, acelerando demasiado tarde após mudar de faixa. O alerta de saída de faixa intervém de forma muito rígida, exercendo uma força considerável no volante.

1. Falta visibilidade traseira

A visibilidade é muito limitada pelos pilares demasiado largos atrás e pelos apoios de cabeça traseiros não retráteis. Ainda assim, as extremidades do carro são fáceis de calcular, um pouco melhor atrás do que à frente, onde o condutor não consegue ver os limites do carro.

O condutor tem uma boa visão do trânsito para a frente e para os lados. É apenas difícil ver na diagonal para trás. A visibilidade nos retrovisores laterais também pode ser melhorada.

2. A bagageira satisfaz, mas pode precisar de mais

A porta da mala é fácil de abrir e fechar, mas não tem comando elétrico. Na mala, mediu-se uma capacidade útil real de 250 litros de carga. Caso utilize o espaço de arrumação até ao tejadilho, o volume aumenta para 340 litros. Depois de rebater os bancos traseiros, passa a contar 1060 litros de carga. Por baixo do piso da mala, tem espaço adicional para armazenar 55 litros.

3. Climatização automática com falhas

A MG instalou um sistema de ar condicionado automático de zona única. Pode regular a intensidade em três níveis, mas o ventilador já é muito potente no intermediário. A pré-seleção de 21°C leva a um arrefecimento intenso do interior, independentemente das temperaturas dentro e fora do carro. O interior só é aquecido numa pré-seleção entre 26ºC e 28°C. É depois necessário reajustar a pré-seleção, porque as saídas de ar estão muito quentes ou muito frias. O problema é conhecido e discutido em vários fóruns.

As saídas de ar no painel não permitem controlar a direção e a intensidade do fluxo de ar de modo separado – a marca comprometeu aqui a funcionalidade. O banco traseiro não tem qualquer saída de ar, nem as encontra em baixo ou entre os bancos da frente.

 

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