Novos auriculares da Google convencem no desempenho, mas são só razoáveis a traduzir conversas

Auriculares sem cabo (true wireless) e com uma caixa de transporte que serve ainda para o carregamento, os Google Pixel Buds A Series são compatíveis com dispositivos Android e iOS, embora estejam otimizados para o uso com os primeiros. Novidade: devido à boa integração com o assistente de voz Google Assistant, fazem traduções (aceitáveis) de vários idiomas em tempo real.

Os auriculares da Google, cujo preço começa nos 70 euros, convencem igualmente pelo som, pela qualidade dos materiais e pela boa fixação às orelhas. Mas, a partir de 63 euros, há uma proposta bem mais interessante: os Samsung Galaxy Buds FE, também já testados pela DECO PROteste. Além de contarem com um eficaz sistema de cancelamento ativo de ruído, ausente no equipamento da Google, oferecem construção sólida, conforto no uso e, acima de tudo, som de qualidade superior, ao nível dos melhores auriculares true wireless testados pela organização de consumidores, como os Apple Airpods 3rd Gen e os Bose QuietComfort Earbuds 2, que têm preço bastante mais elevado.

Se não quer gastar tanto, mas pretende um equipamento com redução ativa de ruído, a melhor alternativa são os Xiaomi Redmi Buds 3 Pro. O preço arranca em pouco mais de 30 euros, e, embora o desempenho seja inferior, não deixa de satisfazer em termos globais.

Procura outros modelos? Explore o comparador de auscultadores da DECO PROteste.

Instalação intuitiva em smartphones Android

Quem tem um smartphone Android está em vantagem. Na primeira utilização, ao abrir a caixa, os auriculares da Google são detetados automaticamente, e podem ser adicionados sem instalar nenhuma app. O ajuste das definições típicas, como o nível de graves, o som adaptável e o controlo por toque, neste caso, é executado através do sistema operativo Android.

Os Google Pixel Buds A Series incluem diversas possibilidades de comandos táteis, para reprodução de música e controlo de chamadas telefónicas. A função Google Assistant Voice Control Built-in, por exemplo, apenas exige que se pressione, por breves instantes, a superfície tátil dos auriculares, para ativar o assistente de voz.

Já os utilizadores de iPhones não têm tantas facilidades, e necessitarão de configurar na app – aqui, sim, já necessária – a integração com o Siri.

Tradução razoável em tempo real

Devido à integração descomplicada com o Google Assistant, os Google Pixel Buds A Series podem ser usados, de forma relativamente simples, para fazer traduções de outros idiomas. Como? Basta pressionar o auricular e dizer, por exemplo, help me speak German (“ajuda-me a falar alemão”). Por muito que tenham tentado, os técnicos da DECO PROteste não descobriram, contudo, a expressão em português que desencadeia o tradutor em modo de conversa. Mas, claro, é possível abrir a app no telemóvel e escolher aqui o modo de conversa manualmente. Depois, no telemóvel, é iniciado o Google Translate, já no modo de conversa e com os idiomas pretendidos (português e alemão, no caso).

Todo o trabalho de tradução ocorre no telemóvel – os auscultadores são apenas uma forma de capturar e transmitir o som. A funcionalidade não permite uma conversa minimamente fluida, mas pode ser bastante útil em algumas circunstâncias.

Ao falar em português para o telemóvel, surge o texto traduzido, no exemplo, para alemão, que é de seguida vocalizado. Pressionando, depois, a tecla do microfone no telemóvel, o interlocutor pode falar. O texto aparece em português, e ouve-se a tradução nos auriculares.

A qualidade das traduções é a que conhecemos ao Google Translate. Foram detetadas várias imprecisões, como perguntas representadas enquanto afirmações e com um sentido um pouco diferente. Mas, na grande maioria das situações, é possível acompanhar as ideias dos intervenientes.

Google Pixel Buds A Series com som agradável e natural

A ouvir música, um podcast ou um audiobook, o som agradou ao painel de especialistas da DECO PROteste, que o considerou equilibrado, agradável e natural, mesmo em sessões de audição mais prolongadas. O destaque, porém, vai para a reprodução da parte vocal, realmente nítida. Apenas um reparo: com as definições de origem, as frequências mais baixas parecem ligeiramente atenuadas, sendo, por isso, aconselhável incrementar o nível de graves no menu do equalizador.

O que também convenceu foi a funcionalidade de som adaptável, que ajusta o volume consoante o nível de ruído que circunda o utilizador (por exemplo, aumenta ao passar de uma sala silenciosa para uma rua movimentada). O sistema funciona bastante bem, e será útil para muitas pessoas.

Já a qualidade nas chamadas telefónicas esteve longe de brilhar, contrariando um dos argumentos de venda do fabricante. Em ambientes silenciosos, o microfone captura a voz de forma nítida, mas, num cenário mais ruidoso, é bem menos percetível para quem está do outro lado da linha.

Confortáveis num uso prolongado

Os Google Pixel Buds A Series são leves e confortáveis, mesmo em usos prolongados. Nenhum dos membros do painel de especialistas formulou comentários negativos quanto a este aspeto.

Como é habitual, os auriculares são entregues com três tamanhos de adaptadores de silicone para as orelhas. Ao encontrar o tamanho certo, conte com boa fixação, o que, somado ao peso reduzido e à resistência a salpicos e transpiração, os torna uma opção interessante para a prática desportiva.

Embora estes auscultadores não tenham sistema de cancelamento ativo de ruído, acabam por atenuar o ambiente circundante de forma razoável, precisamente, devido ao encaixe muito eficaz que proporcionam. Porém, o teste mostra que o contrário não é verdade, e que existe alguma libertação do som que está a ser reproduzido, o qual fica percetível para quem está mais próximo.

No uso diário, uma função que pode ser útil é a de localização. Se, por exemplo, um auricular cair enquanto ouve música nos transportes públicos e não conseguir encontrá-lo, pode pedir para que este emita um ruído, que vai aumentando, e que ajuda na localização. Já para aqueles casos em que desconfia que os auriculares não estão próximos, quem sabe perdidos no caminho de casa, é possível aceder à última localização conhecida. Pode consultar, num mapa, o local onde os auriculares estiveram ligados ao telemóvel pela última vez.

Vinte horas de autonomia total

Os testes chegaram a um valor razoável de autonomia a reproduzir música, próximo das cinco horas, mais precisamente, de 281 minutos, uma marca alinhada com a anunciada pelo fabricante.

Numa viagem, ficou sem bateria nos auriculares? Só tem de introduzi-los durante 15 minutos na caixa de transporte, para poder fazer um uso de quase mais duas horas e meia.

Neste tipo de auscultadores, existem três baterias: uma em cada auricular e outra, de maior capacidade, na caixa de transporte. No caso dos Google Pixel Buds A Series, é possível fazer três cargas completas dos auriculares apenas com a bateria da caixa de transporte. Ou seja, se, numa viagem, começar com as baterias totalmente carregadas, pode contar com um total de 20 horas de autonomia, sem necessitar de uma tomada elétrica por perto.